A ADENE – Agência Nacional de Energia, pretende lançar até ao final do ano a Certificação Energética de frotas. A ideia é criar para as frotas das empresas uma etiqueta ecológica, à semelhança do que hoje existe para os edifícios com a sua Certificação Energética.

De acordo com Paulo Calau, diretor da divisão de Auditoria Energética Indústria na ADENE, o intuito com este Sistema de Etiquetagem Energética de Frotas (SEEF) é trazer para o universo dos veículos “o espírito da ISO 50001”, sobre sistemas de gestão de energia.

O SEEF consiste num sistema voluntário de certificação que permite a qualquer organização que usufrui de uma frota de veículos rodoviários determinar o seu nível de desempenho energético em termos operacionais.

Paulo Calau sublinha que as crescentes exigências de eficiência e de sustentabilidade que se colocam na sociedade impõem uma nova política de gestão de frotas. Para as empresas e organizações, o caminho passa, por isso, inevitavelmente pela criação de uma imagem verde das frotas, assente na “promoção de veículos elétricos e na promoção de comportamentos ao volante mais eficientes por parte dos condutores”.

Num Fórum sobre Mobilidade Inteligente organizado pela Nissan em Lisboa, Paulo Calau explicou que a certificação das frotas incluirá medidas de melhoria sugeridas, podendo constituir ainda uma oportunidade de negócio até para seguradoras, dado que com uma utilização mais eficiente dos veículos advirá uma menor probabilidade de ocorrência de sinistros de viação.

A certificação energética de frotas pode ainda, no entender do responsável pela divisão de Auditoria Energética Indústria na ADENE, abrir campo à implementação de um curso de gestão de frotas que forme técnicos especializados nesta temática.

Os trabalhos com vista à concretização do projeto estão em curso, tendo a ADENE utilizado já algumas empresas como piloto para afinar esta Certificação.

“O modelo foi traçado e está agora a ser afinado”, diz Paulo Calau (Adene).

Nesta fase, a ADENE, associação de direito privado, sem fins lucrativos e de Utilidade Pública, que tem como missão o desenvolvimento de atividades de interesse público na área da energia, do uso eficiente da água e da eficiência energética na mobilidade, tem trabalhado com a ALD Automotive.

Assim, na 1ª fase do projeto, em termos de ligeiros de passageiros, foram usadas como “cobaias” as empresas Altran, Samsung, McDonalds e Siemens. Em termos de transportes públicos de passageiros foram estudadas as empresas Transportes Sul do Tejo e a AVIC Transportes (do Minho).

A nível de frotas mistas a colaboração foi feita com os municípios de Santarém, Viana do Castelo e Setúbal e os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Almada.

Estado também vai estar envolvido
A ADENE está igualmente a fazer o projeto piloto com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) com o intuito de, a partir daqui, poder também chegar à frota do Estado e das empresas estatais para que estas possam também servir de exemplo.

Paulo Calau clarifica, todavia, que ter automóveis elétricos na frota não é um fator determinístico para a obtenção de uma boa avaliação em termos de certificação energética: “As frotas mal geridas serão penalizadas, mesmo que uma empresa tenha ao seu serviço veículos elétricos. Ou seja, a gestão dos recursos conta e muito”, refere este responsável.

Outra ideia lançada por Paulo Calau é de que, nalguns casos, pode chegar-se à conclusão de que “a eficiência energética nos transportes pode significar uma não mobilidade. Ou seja, o recurso ao teletrabalho quando for adequado é a melhor forma de mobilidade”.

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