A Holanda vai criar um parque de energia solar no alto-mar para fornecimento de energia.
A Oceans of Energy, consórcio de seis empresas holandesas que tem também projetos ao nível do aproveitamento de energia das marés, é a mentora do investimento, prevendo montar em pleno mar uma estrutura flutuante de 2500 metros quadrados de painéis solares em 2021.
O projeto terá uma fase piloto (para a qual o Governo holandês através da Netherlands Enterprise Agency contribui com 1,2 milhões de euros de financiamento) neste verão com a instalação de painéis fotovoltaicos numa extensão de 30 metros quadrados assentes numa espécie de jangada.
O teste-piloto será controlado pela Universidade de Utrecht e irá testar equipamentos, impacto ambiental, capacidade de produção de energia e funcionamento do sistema mediante as condições climatéricas existentes.
O protótipo em alto-mar será localizado a cerca de 15 km da costa da cidade holandesa de Scheveningen, Haia, numa zona de testes no Mar do Norte.
Sendo a energia eólica, gerada pelos moinhos de vento, um dos símbolos desta nação que também ganhou território ao mar, este inovador projeto solar holandês tem a particularidade de ir também aproveitar as infraestruturas eólicas existentes no Mar do Norte. Desta forma, os painéis solares serão ancorados entre as turbinas eólicas já existentes e conectados aos mesmos cabos.
O projeto holandês já levou a vizinha Bélgica a admitir pensar fazer algo similar no Mar do Norte.
Wilfried van Sark, da Universidade de Utrecht, está envolvido no projeto, referindo três vantagens da montagem de painéis fotovoltaicos sobre a água em vez de ser em terra: “Elimina o problema da falta de terra; no mar há mais sol; e há o benefício adicional de um sistema de arrefecimento para os painéis, que aumenta a produção de energia em até 15%”.
De acordo com Allard van Hoeken, autor do projeto e o fundador da Oceans of Energy, a energia solar em alto-mar pode, inclusive, vir a tornar-se mais barata do que a obtida por fontes de energia eólica.
Os cientistas da Universidade de Utrecht estimam, por seu lado, que a energia solar poderia potencialmente cobrir até 75% do fornecimento total de energia na Holanda.
“O que vamos instalar em três anos é especial e nunca foi feito antes”, aponta van Hoeken que explica que já houve experiências semelhantes em lagos ou mares interiores [no ano passado a empresa chinesa Sungrow abriu uma fábrica solar flutuante, mas não se situava no mar, mas sim num lago formado numa antiga mina de carvão], nunca no mar, “porque isso é muito difícil. Estamos, afinal de contas, a lidar com ondas enormes e outras forças destrutivas da natureza. Com o conhecimento e a experiência das várias entidades envolvidas estamos convencidos que teremos sucesso””, declara o rosto principal da Oceans of Energy.