Situada a 1050 metros de altitude, Sabugueiro, em Seia, é conhecida como a “Aldeia mais alta de Portugal”. Esta pequena localidade de cerca de 500 habitantes na Serra da Estrela mantêm, no entanto, outro título, o de Aldeia Inteligente de Montanha. Ou seja, se esta povoação nasceu historicamente a partir de um aglomerado de cabanas de pastores que aproveitavam os pastos para as suas ovelhas e cabras, encontra-se na vanguarda, como montra de boas práticas e inovação.
O projeto tem seis anos, tendo resultado de um trabalho da Fundação Vodafone Portugal e da Câmara Municipal de Seia que transformaram o Sabugueiro, na primeira Aldeia Inteligente de Montanha, onde implementaram diversas soluções tecnológicas, ao nível da sustentabilidade ambiental, mobilidade e saúde.
A iniciativa assenta em quatro pilares: monitorização da saúde; telegestão da água; mobilidade; e eficiência energética.
Estas soluções tecnológicas visam contribuir para a melhoria da qualidade de vida da comunidade, “e que possam funcionar como alavanca para a melhoria do desempenho ambiental e desenvolvimento económico deste espaço rural” afirma a Vodafone.
Respeitando os traços da aldeia e da sua envolvente, a Fundação Vodafone e os seus parceiros implementaram tecnologia funcional e utilitária, como pilar de uma sociedade sustentável, em áreas tão diversas como a eficiência energética dos edifícios e domicílios, a mobilidade, a saúde, a iluminação pública e os recursos hídricos do Sabugueiro. No terreno, deu-se a instalação de soluções M2M (Machine to Machine) ou IoT (Internet of Things).
“Este projeto-piloto procura, acima de tudo, valorizar as potencialidades e o aproveitamento socioeconómico das zonas interiores e populações rurais, antecipando o futuro e as necessidades tecnológicas que os cidadãos, cada vez mais, têm ao nível da inovação, criatividade e empreendedorismo. Por norma, estamos habituados a ouvir falar da aplicação deste tipo de tecnologias em grandes espaços urbanos. Mais rara é a sua disponibilização em espaços afastados dos principais centros de decisão, razão pela qual sentimos agora um redobrado orgulho com o programa desenvolvido no Sabugueiro. É um exemplo de sucesso de utilização da tecnologia de ponta ao serviço da Sociedade”, afirma Mário Vaz, Presidente da Fundação Vodafone Portugal.
Para Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal, esta é a prova de que “não há territórios condenados”.
Os habitantes do Sabugueiro beneficiam, deste modo, de equipamento para medição de sinais vitais no domicílio de pessoas mais vulneráveis ligados por Bluetooth a um tablet Android e enviadas para a cloud, tornando-se acessíveis a partir do Centro de Saúde de Seia; de equipamentos em 40 domicílios para medição e controlo de consumos elétricos, tendo sido atribuídos computadores portáteis a jovens carenciados e disponibilizado outros equipamentos e serviços tecnológicos com base na banda larga instalada nesta aldeia.
“O investimento gerou, entre outras transformações, economias de cerca de 20% ao nível da energia doméstica e de cerca de 9% no consumo de energia elétrica na rede pública [graças à instalação de 24 luminárias Valentino da Schréder , que combinam um design tradicional com tecnologia LED com 32 LED e consumo nominal de 53W, com sistema de medição de consumo]; na vertente de recursos hídricos, uma redução nas perdas reais da rede de distribuição de água da freguesia na ordem dos 12%; na área da saúde, a colaboração com os prestadores de cuidados de saúde ao nível da monitorização remota de sinais vitais (nomeadamente glicémia e tensão arterial); a redução dos custos de transporte dos utentes e emissão de carbono nas distâncias percorridas entre o Sabugueiro e o Centro de Saúde, com recurso a um veículo elétrico [um Nissan Leaf] a funcionar numa lógica de Eco Táxi Social; o acesso da população à rede de fibra de última geração da Vodafone como motor de combate à infoexclusão e fator de competitividade económica”, elucida a Vodafone.
O investimento deste projeto ronda os 300 mil euros.
Outros parceiros deste projeto-piloto são a Unidade Local de Saúde da Guarda, a Junta de Freguesia do Sabugueiro, a Associação de Beneficência do Sabugueiro, a Águas do Zêzere e Côa (atual Águas de Lisboa e Vale do Tejo), a Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal e a Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha.
Este projeto foi, de resto, já motivo de um trabalho académico da Universidade da Beira Interior. Na dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Medicina (Ciclo de estudos integrado), o investigador André Saraiva, conclui que, “apesar de todas as limitações, houve uma adesão significativa, com o número de medições realizadas a aumentarem significativamente após o início do programa. Os utentes revelam-se satisfeitos com o feedback que lhes é dado, consideram que houve um impacto positivo no seu estado de saúde e estão motivados a continuar a participar no programa”. Um dado: a idade média dos utilizadores é de 63,88 anos.
Dissertação completa disponível aqui.