Os fenómenos extremos resultantes das alterações climáticas, como furacões, inundações e incêndios, a par de sismos serão certamente um dos grandes desafios do setor segurador no século XXI.
“Os incêndios de grandes dimensões do passado ano, com devastadoras consequências em termos de vidas humanas perdidas e danos de vulto em habitações, comércios e indústrias e, naturalmente, no meio ambiente, colocaram no topo das prioridades nacionais a necessidade de melhorar a prevenção e a atuação perante os desastres naturais”, entende José Alvarez Quintero, da Fidelidade.
A opinião é de José Manuel Alvarez Quintero, vice-presidente do conselho de administração da Fidelidade, companhia de seguros que tem participado em grupos de trabalho destinados a ajudar a definir as políticas de prevenção e mitigação adequadas, em face deste tipo de fenómenos.
Sismos, um risco elevado
De resto, segundo José Alvarez Quintero, nestas análises que têm sido efetuadas aos principais riscos aos que a sociedade portuguesa está exposta, há um especialmente crítico: o dos tremores de terra.
De acordo com este responsável da Fidelidade, “constata-se o elevado número de riscos sem cobertura. Na cidade de Lisboa, a segunda cidade de Europa mais exposta ao risco sísmico a seguir de Istambul, só 11% dos edifícios da carteira da Fidelidade têm esta cobertura”.
Gap entre valores seguros e seguráveis
Outro ponto sensível, que Quintero realça, é o do fosso entre os valores seguros e os seguráveis: “Lamentavelmente não são apenas os riscos sísmicos que não têm a proteção adequada. Nos incêndios de junho e outubro da zona centro do país do ano passado ficou à vista o gap entre os riscos seguráveis e os riscos seguros. Se os valores pagos pelas seguradoras atingiram os 300 milhões de euros, cálculos realizados com a amostra da Fidelidade permitem estimar em mais de 600 milhões de euros os danos reais. Esta diferença é explicada pela insuficiência dos capitais seguros (infra seguro), pela inexistência de seguro para alguns bens (por exemplo, os bens confiados de terceiros) ou de coberturas apropriadas (por exemplo, a ausência de coberturas de perdas de exploração na grande maioria das empresas atingidas pelos incêndios e/ou de máquinas)”, diz este responsável.