Como pesquisador da área de Inteligência Artificial (IA) acredito que, apesar dos grandes avanços que temos tido nas últimas décadas (e são de fato notáveis), ainda estamos muito longe daquela inteligência de máquina, vista em filmes, que põe em risco toda a raça humana por meio de robôs assassinos e que nos querem escravizar.
Nesta área, ficção e realidade acabam se misturando e muita desinformação acaba sendo gerada e propagada, gerando pânico ou expectativas exageradas.
É verdade que a IA vem modificando a forma como nós lidamos com as tecnologias, por exemplo, por meio dos assistentes virtuais que realizam várias atividades legais com um simples comando no celular.
Também é verdade que alguns empregos sofrem ameaças devido aos robôs que conseguem realizar diversas tarefas. Também sabemos que já existem máquinas que são capazes de realizar diagnósticos de doenças com desempenho igual ou superior àquele dos humanos.
Caminhamos na direção de desenvolver uma tecnologia que avance rapidamente e possa transformar indústrias inteiras nas próximas décadas, com profundas implicações para a maneira como vivemos e trabalhamos. Tudo isso é verdade. Tudo isso é visível. Mas como dizia aquele personagem, o Chapolin Colorado: “Palma, palma, não priemos cânico!” [“Calma calma não criemos pânico!”].
Até mesmo por minha formação (Ciência da Computação), adoro tudo o que esteja relacionado com as novidades tecnológicas, principalmente ligadas à IA. Mas o que eu percebo é que muitas empresas olhem para a Inteligência Artificial muito mais como marketing, como uma ação de publicidade do que efetivamente como algo que necessitem e que possam resolver os seus problemas.
Inteligência Artificial nos negócios de uma empresa deve ser efetiva e não baseada na moda. Na medida em que as coisas vão avançando mesmo as empresas menores poderão beneficiar das técnicas de IA, podendo economizar dinheiro e tornarem-se mais produtivas. Mas tudo tem o seu tempo. A IA tem-se desenvolvido, mas ela (por enquanto) não é para todos.
O foco sobre o que queremos e sobre o que precisamos é muito importante. Talvez, estejamos muito preocupados em criar uma IA tão boa quanto à inteligência humana enquanto na realidade precisamos de algo que possa apoiar e melhorar a vida das pessoas.
Ter uma escova de dentes que, de maneira inteligente, cuida da sua saúde bucal pode ser algo bem legal, porém mais interessante ainda é ter um robô capaz de fazer exames.
Um exemplo nessa linha é o projeto da empresa DeepMind para automatizar o diagnóstico de exames oftalmológicos o que, potencialmente, amplia as possibilidades de tratamento mais rápido para milhões de pacientes.
A Inteligência Artificial é muito interessante, principalmente, quando trocamos o medo dos robôs assassinos pela esperança da descoberta da cura de doenças pelas máquinas.