A Vespa Elettrica – a primeira scooter elétrica da icónica Vespa – chega a Portugal no final do ano. De acordo com informações obtidas pelo Welectric, os interessados e clientes da marca têm abordado os vendedores acerca do modelo, mas, de momento, ainda nada mais se sabe de concreto para o mercado nacional, a não ser que se estima que comece a ser vendida no final do ano. Mas, sublinha-se, é uma estimativa que pode ser ajustada nas próximas semanas.

O preço é desconhecido, mas tomando por base a indicação do construtor, de que o seu PVP será alinhado para cima face às gamas topo de gama atualmente oferecidas, poderemos vir a ter um valor na casa dos 10 mil euros (tomando como referência a Vespa 946 125 RED).

Algo que também está em aberto é a possibilidade dos primeiros exemplares serem comercializados como uma série especial numerada. É também um tópico que, mais próximo do arranque das vendas, se perceberá.

A expectativa em relação à chegada da Vespa Elettrica é grande junto da imensa legião de fãs da marca. Também por cá. Afinal, estamos perante um símbolo de mobilidade e um ícone de design (a Vespa, da Piaggio) que quando surgiu (em 1946) revolucionou o modo da sociedade ocidental e dos cidadãos das cidades se deslocarem e que agora adere à propulsão do futuro, a elétrica.

Grande entusiasmo entre os fãs da Vespa

Conversámos com Filipe Primitivo, presidente do Vespa Clube de Portugal (VCP), para perceber como vê um apaixonado da marca a chegada de um produto tão diferente.

Filipe Primitivo, que é dono de três Vespa (de 1954, de 1964 e de 2010) e que passou de “pendura [quando era mais novo] a utilizador”, entende que a Elettrica é a forma da Vespa evoluir e oferecer uma proposta com uma motorização elétrica que outras marcas já apresentam.

No entanto, para este fã da Vespa, este novo modelo será mais do que um mero motociclo elétrico: “Quem tem uma Vespa, não vende; compra outra. A Vespa é como um brinde que se tem na prateleira. Muitas pessoas colecionam diferentes versões da Vespa, pelo que a Elettrica pode funcionar como outro modelo para ter por parte de alguns proprietários”, aponta Filipe Primitivo que refere que existem membros do VCP que assim que sai um modelo novo, adquirem-no. “Temos quatro elementos no clube que têm cerca de vinte Vespa”.

Vespa nova para alguns clientes

Para o presidente do VCP, a larga maioria dos clientes da marca começou por comprar um modelo antigo, acabando depois por avançar para uma Vespa nova ou mais nova. Nesta lógica, é plausível pressupor que a Elettrica pode ser essa “Vespa nova” para alguns clientes. “No VCP haverá, por certo, quem a comprará”, afirma.

Filipe Primitivo assume, porém, que para alguns clientes da marca, a Elettrica funcionará como uma segunda Vespa.

“O modelo está a despertar muita curiosidade, apesar de não haver muita informação oficial”, afirma Primitivo que antevê êxito comercial para a Elettrica até pela forma como o construtor está a gerir este processo: “A Piaggio mostrou o concept [há dois anos] e isso tem levado a que entre os clientes a ideia de uma Vespa elétrica venha amadurecendo. Assim, quando a moto vier, terá o seu mercado”.

Nicho de mercado de início

Ainda assim, o responsável do VCP considera que, pelo posicionamento mais elevado de preço que esta viatura terá, a sua expressão em termos de volume de vendas será limitada: “Começará por ser um nicho de mercado”, perspetiva Filipe Primitivo.

Enquanto utilizador, Filipe Primitivo refere que está desejoso de experimentar a Elettrica (“quero ver e testar esta evolução”, diz o presidente do VCP), ainda que como comprador considera que a autonomia oferecida possa não o entusiasmar. Filipe Primitivo explica: “Não sou dos que compra uma Vespa para ter na prateleira e não usar. Eu dou muito uso às minhas Vespa, fazendo todos os anos milhares de quilómetros em viagens por toda a Europa, em Vespa. Desde 2008, quando participei no encontro mundial de Vespa na Sicília, Itália, que utilizo as minhas Vespa para viajar para outros países. Já fui até à Alemanha, Holanda, Luxemburgo, França, Itália, Croácia, Noruega em Vespa. A Elettrica, à partida, não me permitiria isso”.

Apresentação pública

Dois anos depois de ter mostrado o concept da Vespa Elettrica, a Piaggio avança para a produção, agendando para o salão de Milão a grande apresentação público do modelo, o EICMA 2018 (Milan Motorcycle Show), de 7 a 12 de novembro.
O fabrico da Vespa Elettrica far-se-á, a partir de setembro, na fábrica italiana de Pontedera (Pisa), a mesma onde foi construída a Vespa original há 72 anos.

Potência de 2 kW que pode chegar a 4 kW

A Vespa Elettrica terá uma performance semelhante a uma scooter 50 cc. A moto terá um motor DC com uma potência contínua de 2 kW (2.7 cv) que pode ter picos de 4 kW (5.4 cv). O binário é de 200 Nm.

A bateria de lítio está desenhada para garantir 100 km de autonomia (o sistema de regeneração de energia ajudará a aproveitar a energia nas desacelerações e travagens), podendo ser carregada em quatro horas. Está apta a receber mil ciclos de carga, os quais, de acordo com o fabricante, representam 10 anos de utilização para um condutor comum ou entre 50 mil a 70 mil quilómetros em situações reais de utilização.

Elettrica X, extensor de autonomia

A Elettrica terá ainda uma versão X que proporcionará 200 km de autonomia, contudo essa variante será híbrida (ou se se preferir, elétrica com extensor de autonomia), dispondo de um pequeno motor a gasolina que fará com que a autonomia 100% elétrica passe de 50 km para os referidos 200 km (o motor elétrica entra em ação quando a bateria se esgota).

Não há informações acerca da velocidade máxima, mas deverá haver um modo “Eco” de otimização da bateria que imporá um limite de 30 km/h.

Quanto ao espaço para arrumações, apesar das baterias, o condutor deverá conseguir arrumar o seu capacete. O painel de instrumentos de 4,3” é digital, adaptando automaticamente às variações de luminosidade exteriores.

E depois da Elettrica? Inovação vai continuar

A Piaggio afirma que “a Vespa Elettrica representa apenas o primeiro passo do Grupo Piaggio em direção a novos horizontes de interconectividade inteligente entre veículos e pessoas”.

Explica o fabricante que “a Vespa Elettrica estará preparada para adotar, num futuro próximo, soluções atualmente em desenvolvimento para o ‘Gita’, o robot que está a ser construído em Boston pela Piaggio Fast Forward (que entrará em produção no início de 2019), como sistemas de inteligência artificial com comportamentos sensíveis e adaptativos a cada input do condutor. Esses sistemas reconhecerão a presença de pessoas e de veículos nas proximidades, contribuindo para a capacidade do condutor de antecipar possíveis riscos, sinais de trãnsito e oferecer rotas alternativas, além de fornecer mapeamentos instantâneos que ajudarão a melhorar a segurança e a eficiência do tráfego citadino”.

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