Depois de vários anos de pesquisas e testes, a Alstom colocou finalmente em serviço o primeiro comboio a hidrogénio. A locomotiva começou a circular na Baixa Saxónia, Alemanha, tendo começado a transportar passageiros desde o passado domingo para a empresa Eisenbahnen und Verkehrsbetriebe Elbe-Weser (EVB).
Como funciona um veículo a hidrogénio?
Um veículo Fuel Cell tem por base tecnológica uma pilha de combustível, a qual funciona com oxigénio, retirado do ar atmosférico, e hidrogénio, armazenado sob pressão nos depósitos. Da reação entre estes dois elementos, gera-se eletricidade (que é armazenada numa bateria), e vapor de água, que é a única substância emitida pelos gases de escape. Asim, as células de combustível convertem o hidrogénio (H) e o oxigénio (O) em eletricidade (corrente elétrica), eliminando localmente emissões poluentes.
O momento foi assinalado com toda a pompa, com a inauguração a contar com diversas individualidades, entre as quais o ministro da economia e dos transportes da Baixa Saxónia e o ministro dos transportes federal da Alemanha.
O Coradia iLint – o nome da composição – é um modelo que tem os seus tanques de armazenamento de hidrogénio alojados no teto, o que permite a otimização da instalação dos depósitos – tanques maiores conferem mais autonomia.
O Coradia iLint será abastecido numa estação a hidrogénio, na estação de Bremervörde, com o combustível a oferecer uma autonomia de 1000 km, o que dará para uma utilização durante o dia inteiro.
O comboio, que pode atingir 140 km/h, vai ser operado numa linha com 100 km de extensão, unindo Cuxhaven, Bremerhaven, Bremervörde e Buxtehude, substituindo a frota atual que era Diesel.
Até 2021, está previsto que a Alstom forneça mais 14 composições Coradia iLint à empresa LNVG, num investimento de 81 milhões de euros.
Sabia que…
… o hidrogénio praticamente não existe em estado livre na natureza. Contudo, é constituinte de quase todas as coisas que nos rodeiam; água, combustíveis, plantas, animais, entre outros. A sua produção obtém-se separando-o dos outros elementos com os quais se combina, através de processos que consomem energia, designadamente por electrólise e reformação. É a substância mais simples que podemos encontrar no universo, sendo o primeiro elemento da tabela periódica de Mendeliev (Nº atómico 1).
Este comboio é feito em Salzgitter, Alemanha.
Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Noruega, Itália, Canadá e França são algum dos países que já mostraram interesse nesta tecnologia aplicada ao transporte ferroviário.
Segundo as autoridades federais alemãs, este tipo de solução é uma alternativa para linhas não eletrificadas, como uma forma de eliminar as composições a gasóleo.
“Esta é uma revolução para a Alstom e para o futuro da mobilidade. O primeiro comboio de pilha de combustível do mundo está a entrar no serviço regular de passageiros e está pronto para produção em série”, refere Henri Poupart-Lafarge. O CEO da Alstom insiste na ideia: “É uma nova era no transporte ferroviário livre de emissões. É uma inovação que resulta do trabalho de uma equipa franco-alemã, exemplificando uma bem sucedida cooperação transfronteiriça”.
“Este é um forte sinal para a mobilidade do futuro. O hidrogénio é uma alternativa eficiente, de baixas emissões e real ao gasóleo”, afirma Enak Ferlemann, responsável do Governo federal germânico pelo setor dos caminhos de ferro.
Ora aqui está um dos cenários onde o hidrogénio pode fazer sentido. Mas para veículos ligeiros? Não faz sentido nenhum…