O Welectric foi ao Salão de Paris conhecer de perto o novo Tesla Model 3, que deverá ser lançado na Europa e em Portugal durante o primeiro semestre de 2019.
Para já, ainda não foram anunciados os preços oficiais, mas pudemos ficar a conhecer todos os detalhes daquele que já é o modelo mais vendido da marca americana.
Sob os holofotes de Paris
A Tesla marca presença no salão de Paris com um “stand” onde a grande estrela é o Model 3, que ainda não está à venda no mercado europeu, mas já faz sucesso nos EUA. Para ficar a conhecer todos os detalhes do “ponta de lança” da marca americana de carros elétricos, a Tesla convidou um grupo restrito de jornalistas, do qual a Welectric fez parte, para conhecer todos os detalhes do novo automóvel, explicados por uma colaboradora da marca.
O ambiente de um salão não é o melhor para avaliar um automóvel; à luz do dia e na rua é sempre diferente. Mas a ocasião era imperdível.
Significativo é o facto de a Tesla estar no mesmo pavilhão do Salão de Paris de algumas das marcas de maior prestígio na Europa. A primeira impressão é claramente a das dimensões mais contidas do que as do Model S (menos 284 mm de comprimento) com o qual partilha a mesma linguagem de estilo, sobretudo na silhueta.
Grelha e bagageira
A grelha dianteira foi completamente abolida, pois um carro elétrico não precisa dela e a silhueta é a de um coupé/berlina de quatro portas.
A tampa da mala não é uma quinta porta, mas tem uma articulação em pantógrafo, para ser mais fácil de alcançar por utilizadores mais baixos.
Por falar em bagageira, o Model 3 tem duas, uma dianteira, semelhante à de um Porsche 911 e uma atrás bem maior, perfazendo um total de 542 litros. Há um compartimento extra sob o piso e o acesso é largo e baixo. A carroçaria anuncia um Cx de 0,23, graças as linhas muito fluídas.
Vidros sem aros
Os vidros das portas não têm aros, como acontece nas berlinas/coupé europeias, por exemplo no Audi A5 e BMW Série 4. E os puxadores das portas estão embutidos, sendo preciso pressionar um dos extremos, para o outro sair e então puxar para abrir. Uma solução encontrada em alguns carros clássicos e também no Nissan GT-R.
As jantes seguem o estilo “turbina” com diâmetros que vão das 18 às 20 polegadas.
Assistência à condução AutoPilot
As câmaras de vídeo para o auxílio à condução AutoPilot, estão colocados no topo do para-brisas (três), atrás das rodas da frente num pequeno triângulo cromado e embutidos nos pilares “B” do tejadilho.
No total, há oito câmaras, um radar e doze sensores ultrasónicos. A Tesla afirma que o “hardware” necessário para que o Model 3 faça condução autónoma, está todo instalado. Assim que as leis o permitam, a marca enviará atualizações de “software” via Internet, diretamente para o carro, para que isso seja possível e sem que o proprietário tenha que pagar mais alguma coisa.
A Tesla anuncia que o Model 3 foi testado pelo norte-americano NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration), que o considerou o mais seguro de todos os automóveis testados por este organismo, em caso de acidente, seguido pelo Model S e pelo Model X.
Interior desconcertante
O interior é um pouco desconcertante, quando comparado com a maioria dos modelos europeus deste segmento, como por exemplo o do novíssimo BMW Série 3, que foi apresentado em estreia mundial neste mesmo salão de Paris.
Em frente do condutor não há instrumentos, no tablier não há grelhas de climatização e na consola não há botões. Aliás, a Tesla afirma que apenas existe um botão físico no habitáculo, que é o dos “quatro piscas” colocado no tejadilho, junto ao retrovisor.
Na verdade, há dois roletes nos braços superiores do volante e duas hastes na coluna de direção, a da direita é a que comanda a transmissão.
Monitor central de 15’’
Tal como nos outros Tesla, tudo se comanda através de um monitor central de grandes dimensões. Ao contrário dos Model S e X, que usam um monitor vertical de 17”, o Model 3 tem um monitor horizontal de 15”. Todas as funções de navegação e conetividade estão concentradas neste monitor tátil que, por ser grande, não precisa de ter os botões táteis uns em cima dos outros. Mas também são comandadas neste monitor funções mais inesperadas, como, por exemplo, a regulação do volante: é preciso escolher esta função no monitor, para depois usar o rolete da esquerda para ajustar o volante.
A climatização é feita através de uma fresta que percorre toda a largura do tablier, sendo possível regular a sua intensidade e direção através do monitor tátil. Para os lugares de trás, há duas saídas de ventilação convencionais, de aspeto vulgar, entre os bancos da frente.
Posição de condução boa
Ainda nos lugares da frente, a posição de condução pareceu boa, com o volante e pedais corretamente posicionados face aos bancos. Há espaço mais do que suficiente para condutores mais altos e a consola central possui duas enormes tampas que dão acesso a porta-objetos com capacidade fora do comum. O mesmo se pode dizer do apoio de braços central.
Habitabilidade atrás
Passando para os lugares de trás, a entrada requer alguma atenção devido à linha descendente do tejadilho, mas a altura disponível é correta, tal como a largura, apesar de o banco estar moldado para dois ocupantes. Ainda assim, o facto de o piso ser plano, sem túnel central, facilita bastante a “arrumação” dos pés. A distância para as costas dos bancos da frente é generosa.
Sensação de qualidade, apesar de alguns reparos
Tanto quanto foi possível ver, numa apreciação que durou apenas alguns minutos, podemos dizer que a sensação de qualidade a bordo é boa, sem estar ao nível do que fazem os modelos do mesmo segmento das marcas premium alemãs.
É verdade que a maioria dos plásticos tem um toque macio, mas há alguns que não têm. A régua de madeira que atravessa o tablier não tem um aspeto muito apelativo e, sobretudo, há detalhes de montagem que desiludem. Por exemplo, o acabamento do forro do tejadilho por cima das portas traseiras não tem um remate convincente. Algumas das borrachas vedantes das portas não apresentam uma montagem perfeita, a pele que forra os bancos tem um tato artificial e os plásticos dos pilares também podiam ser melhores.
Sistema elétrico para sair
Para voltar a sair do Model 3, não há uma alavanca para puxar, basta premir um botão que o sistema elétrico faz o resto. O fechar de porta é manual e emite um som razoavelmente convincente. O Model 3 não tem uma chave, abrir e fechar as portas faz-se com um cartão ou através de uma aplicação de smartphone.
Motorizações e autonomias
Quanto a motorizações, transmissões e baterias, a Tesla não revela tudo. Para já, diz que há duas baterias, uma Standard com 346 km de autonomia (ciclo EPA) e outra “Long Range” com 499 km de autonomia.
Esta segunda bateria pode estar associada a um único motor, que transmite potência às rodas traseiras, anunciando os 0-100 km/h em 5,4 segundos e 225 km/h de velocidade máxima. Ou então associada a dois motores elétricos, um por eixo, portanto com tração às quatro rodas, capaz de fazer os 0-100 km/h em 4,8 segundos e atingir os 233 km/h.
Por fim, há uma versão Performance, que acelera até aos 100 km/h em 3,7 segundos e chega aos 250 km/h. Só que a Tesla não anunciou a potência para nenhuma das versões.
As informações não oficiais que existem dizem que as potências das três versões com bateria “Long Range” são de 202 kW (274 cv), 258 kW (350 cv) e 340 kW (462 cv).
Os pesos foram anunciados e variam entre os 1726 e os 1847 kg, consoante a combinação bateria/número de motores.
Para que a apreciação do Model 3 fique devidamente enquadrada, será preciso saber a que preço o modelo será vendido em Portugal. A Tesla só o vai anunciar mais perto da data de lançamento, que ainda não foi revelada, mas será impossível ficar sequer perto dos 35.000 dólares que custa a versão base nos EUA.
Simplesmente o melhor carro qualidade/preço da actualidade.
Este sim devia ser considerado para o prémio de melhor carro do ano.