A aposta no ecodesign permitiria à indústria farmacêutica reduzir até cinco vezes os impactes ambientais do ciclo de vida das embalagens de medicamentos, indicam os primeiros resultados de um estudo em curso na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Intitulado “Avaliação de Ciclo de Vida e Ecodesign de Embalagens de Medicamentos”, o projeto visa avaliar os impactes ambientais de ciclo de vida deste tipo de embalagens, com o objetivo de sensibilizar a indústria farmacêutica para a importância de introduzir o ecodesign, que incorpora os aspetos ambientais no design dos produtos.
Ecodesign como solução
Para tal, a equipa liderada por Fausto Freire, do Centro para a Ecologia Industrial da FCTUC, tem vindo a avaliar diferentes tipos de embalagens farmacêuticas – blister, frasco e saqueta, com diferentes combinações de materiais – para identificar quais são os pontos críticos e propor as melhores alternativas de ecodesign.
Há potencial para reduzir
até cinco vezes os impactes ambientais associados ao
ciclo de vida das embalagens
Dos vários exemplares já analisados, observou-se “uma variação significativa de volume das embalagens comercializadas em Portugal para o mesmo medicamento e elementos supérfluos como excesso de material. Ao avaliarmos o ciclo de vida e o ecodesign, verificámos que há potencial para reduzir até cinco vezes os impactes ambientais associados ao ciclo de vida das embalagens”, refere Fausto Freire, docente do Departamento de Engenharia Mecânica da FCTUC que é também coordenador do Centro para a Ecologia Industrial com particular enfoque no desenvolvimento de modelos de ciclo de vida aplicados a sistemas energéticos e industriais, resíduos, edifícios e transportes.
“Se a indústria farmacêutica apostar na melhoria do desempenho ambiental do ciclo de vida das embalagens de medicamentos, nomeadamente na redução de volume e materiais utilizados nas embalagens, nos processos de produção, transporte, e valorização de resíduos, terá também benefícios económicos” – Fausto Freire (Universidade Coimbra)
O estudo, que deverá estar concluído no próximo ano, é financiado pela Valormed, Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos e enquadra-se no âmbito do seu Plano de Investigação & Desenvolvimento 2016-2020.
Para o diretor-geral da entidade gestora, Luís Figueiredo, “apesar da indústria farmacêutica ter tido sempre grandes preocupações para com as questões ambientais, concretamente em relação ao tipo de materiais utilizados no fabrico dos seus produtos, muito terá ainda a fazer no que respeita a este assunto”.
A avaliação do ciclo de vida e ecodesign permite calcular o desempenho ambiental de um produto, desde a extração de matérias-primas, produção e utilização de bens e serviços até à gestão dos resíduos daí resultantes, promovendo um equilíbrio entre as necessidades ecológicas e económicas, através da conceção adequada dos produtos, e uma Economia Circular.