A União Europeia compilou os dados das emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) dos diferentes Estados-membros, comparando os níveis registados em 1990 com os de 2016 e os estimados para 2030.
O dióxido de carbono é de longe o maior responsável, com 73% das emissões ponderadas pelo seu efeito sobre o aquecimento global. Em segundo lugar vem o metano, com cerca de 20% e em terceiro o óxido nitroso com 5%.
Se em termos globais, nos 28 países da União Europeia se nota um decréscimo (de 22%), em Portugal houve, ao invés, um incremento de emissões quando comparamos estes dois anos: 1990 vs. 2016.
O nível de emissões de GEE em Portugal passou de 61,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) em 1990 (ano tomado como referência pelo Protocolo de Quioto e ano em que começaram a ser contabilizadas de forma sistemática as emissões de GEE) para 71,2 milhões de toneladas de CO2 em 2016, ou seja um acréscimo de 15%.
A informação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) corrobora a tendência, ainda que os valores não sejam rigorosamente iguais: “De acordo com a mais recente atualização do Inventário Nacional de Emissões de 2018 (relativo ao ano 2016), as emissões de GEE, sem contabilização das emissões de alteração do uso do solo e florestas, são estimadas em cerca de 67,8 Mt CO2e, representando um aumento de 13,1% face a 1990 e um decréscimo de 2,6% relativamente a 2015”.
Emissões acompanharam ciclo económico
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) é a entidade responsável pela realização anual dos inventários nacionais de emissões de poluentes atmosféricos.
Eis a explicação e o enquadramento da APA: “Após o rápido crescimento verificado durante a década de 90, as emissões nacionais registaram um abrandamento no início dos anos 2000, verificando-se nos anos mais recentes, em especial após 2005, um decréscimo das emissões nacionais. Estas tendências refletem em grande medida a evolução da economia portuguesa que se caraterizou por um forte crescimento associado ao aumento da procura de energia e da mobilidade na década de 1990, seguindo-se uma situação de estagnação e recessão verificada com especial incidência no período 2009-2013.
Portugal assumiu o objetivo de ser neutro em carbono em 2050
O decréscimo da intensidade de emissões parece no entanto estagnar após 2010, situação que está em parte relacionada com uma maior utilização de carvão pelas centrais térmicas nos últimos anos, em resultado dos baixos preços deste combustível e das licenças de emissão de CO2.
Não obstante o aumento deste indicador em 2015, em 2016 verificou-se uma diminuição do mesmo, situação que foi influenciada pelas condições particularmente favoráveis à produção elétrica de origem hídrica e eólica, com a consequente redução das emissões”.
Por setor de atividade
Por setor de atividade, em Portugal, estes são os setores que mais contribuem para os GEE:
O setor da energia, incluindo transportes, mantém-se em 2016 como o principal responsável pelas emissões de gases com efeito de estufa, representando cerca de 70% das emissões nacionais, e apresentando um decréscimo de 2,5% face a 2015. Neste setor, a produção de energia e os transportes são as fontes mais importantes representando respetivamente cerca de 26% e 25% do total das emissões nacionais.
No caminho da descarbonização
Apesar de neste contraponto entre 1990 vs. 2016, os GEE em Portugal serem superiores, olhando numa perspetiva macro, os responsáveis do Governo acreditam que, logo na década de 2020-2030 ocorra uma significativa mitigação de emissões poluentes, no sentido da descarbonização da economia nacional.
Nesse sentido, os responsáveis governamentais estimam que a trajetória de redução de emissões em Portugal atinja reduções de 85% a 90% em 2050 comparado com os níveis de 2005.
O compromisso internacional do país é de que a redução das suas emissões GEE seja tal que o balanço entre as emissões e as remoções da atmosfera (pela floresta, por exemplo) seja nulo em 2050, a chamada “neutralidade carbónica”.