As restrições que cada vez mais se farão sentir nas cidades sobre a circulação de viaturas a gasóleo farão com que três tipos de transportes se tornem tendencialmente elétricos: autocarros, veículos citadinos e viaturas comerciais para entrega de mercadorias em centros urbanos.
Vários construtores estão a lançar furgões eletrificados. Temos a Renault com o seu Master Z.E., mas também temos a Nissan com o e-NV200, a VW com a e-Crafter, a Ford com a Transit Custom Híbrida Plug-in, a Mercedes com o eVito e o Grupo PSA (Citroën, Peugeot e Opel) também a trabalhar nesse sentido.
O Renault Master Z.E. está alinhado com este desígnio.
O Welectric teve oportunidade de o conduzir, inclusivamente, levando-o até a um dos seus “habitats naturais” de trabalho, como é o caso do MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa), a cujos responsáveis, de resto, agradecemos as facilidades concedidas para efetuarmos as fotos.
A quem se destina?
O Renault Master Z.E. é um furgão elétrico que se adequa à realização de entregas em perímetro urbano e especialmente, dada a sua autonomia anunciada de 120 km reais, para atividades na ótica da “Last Mile Delivery”.
Sabia que…
… a apresentação internacional à imprensa do Master Z.E. aconteceu em Portugal, nos concelhos de Oeiras e Sintra, em março de 2018?
Ou seja, considerando as distâncias que consegue fazer com um carregamento, este modelo, que possui baterias de 33 kWh, não será tão indicado para realizar estafetas longas entre subúrbios e o centro da cidade, mas antes mais talhado a cumprir serviço de entregas dentro do perímetro urbano.
Nessa linha, se utilizar outra viatura comercial para ir buscar mercadoria (no MARL, por exemplo) e depois usar o Master elétrico para todas as deslocações de distribuição subsequentes na malha urbana, os 120 km de autonomia dão-lhe folga para a sua atividade. Até porque – e com o nosso contacto verificámos isso – a regeneração da energia numa circulação em cidade permite melhorar a autonomia e relativizar o que pode ser, aparentemente, uma limitação.
Ainda assim, num cenário mais desafiante para o Master Z.E. em que um comerciante precise de ir uma vez por dia ao MARL (que fica a cerca de 20 km de Lisboa), gastando, assim, 40 km de autonomia nas viagens de ida e volta, ficará com 80 km para as suas rotas de distribuição diárias.
A melhor quota de mercado de sempre da Renault, em Portugal, nos veículos comerciais foi em 2018, com 21,4%.
Para algumas empresas isso chegará. Para essas firmas, a opção por esta versão elétrica do Master é atrativa, até pelos benefícios fiscais que as viaturas de locomoção elétrica proporcionam às empresas.
A existência de postos de carregamento nos locais em que a viatura abastece (e o MARL está a trabalhar no desenvolvimento de projetos desse âmbito) permitirá melhorar a autonomia deste género de veículos.
E a transportar mercadorias, a autonomia vai ao ar?
Obviamente que quanto mais mercadoria transportar, mais a autonomia fica prejudicada. Todavia, de acordo com a Renault, a versão base L1H1 a 90 km/h e a puxar 1100 kg de carga tem, ainda assim uma autonomia de 105 km.
Quando tempo leva a carregar?
Os tempos de carregamento é que não são convidativos. Numa situação em que estejamos secos e tenhamos de “abastecer” até aos 100%, teremos um tempo de carga de quase 6 horas se usarmos um carregador rápido de 43 kW ou um posto público de 22 kW. Para carregar em casa (2,3 kW/10A) teríamos de arranjar mais de 17 horas… Para uma empresa, a montagem de uma WallBox de cerca de 7 kW deve ser um investimento a considerar, já que garante em apenas 6 horas a totalidade da carga.
Os gráficos que lhe mostramos, exibem o tempo de carregamento para ir de 0% até 100%, 95%, 90%, 85%, 80%, 70%, 50%, 30% e 15%.
Em matéria de propostas de viaturas comerciais, a Renault possui o Kangoo Z.E. e este Master Z.E.
As baterias roubam espaço?
Em termos de capacidade de acomodar mercadorias, o Master Z.E. carrega até 1,1 toneladas, mantendo, desta forma, inalterado o volume de carga quando comparamos com a versão a gasóleo, um aspeto a realçar pois as baterias (que estão no local onde é costume estar o motor de combustão) não roubam capacidade de carga.
O motor está à altura das exigências?
O motor elétrico do Master Z.E. é o R75, debitando 76 cv (57 kW). Não obstante termos conduzido o veículo com o compartimento da carga vazio, deu-nos a impressão de que não deslustrará na rotina de trabalho quando carregado.
Com uma velocidade máxima de 100 km/h, o Master Z.E. pode rolar apenas até aos 80 km/h com o modo Eco ativado, algo que pode ser benéfico, pois esta funcionalidade permite economizar 10% de energia, sendo perfeitamente ajustável para o tipo de eixos viários em que este comercial Renault preferecialmente andará. Quando se necessita de um pouco mais de “motor” para uma ultrapassagem, basta soltar o botão “Eco”. A transmissão, de apenas uma velocidade, mostrou-se suave na utilização.
Há só uma versão?
Como é habitual, os furgões têm sempre diversas configuações para se adaptarem às necessidades de transporte de cada empresa. E o Master Z.E. mantém esse perfil, estando disponível em três comprimentos e duas alturas, num total de seis versões (incluindo as Plancher Cabina), com volume útil de oito a 13 metros cúbicos.
Estas são algumas das configurações possíveis e suas respetivas dimensões:
E quanto custa?
O modelo com a configuração L1H1 que conduzimos fica para as empresas a partir de 59.680 euros. Na realidade, o PVP é de 73.406,40 euros mas a dedutibilidade integral dos 13.726,40 euros do IVA fazem baixar, na prática, o seu valor quando o fim é profissional. Este preço inclui a compra de baterias.
O Welectric agradece ao MARL as facilidades concedidas para a realização da sessão fotográfica.