A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a desenvolver um projeto em que se estuda a interação entre robots e pessoas idosas para a prestação de apoio nas suas necessidades do dia-a-dia.
No âmbito do trabalho foi criado um sistema robótico para auxílio a idosos no cumprimento dos regimes de medicação a que estejam sujeitos.
Nos testes já realizados com sucesso, o robot usa o seu sistema de locomoção para se movimentar até ao idoso e, através técnicas de visão por computador, deteta a embalagem do medicamento e identifica a pessoa que o deve tomar no horário correto.
Este trabalho desenvolvido por uma equipa de investigadores da Escola de Ciências e Tecnologia e da Escola Superior de Saúde da UTAD deu origem a uma dissertação de Mestrado em Engenharia Informática apresentada pelo estudante Leonel Agostinho Costa Crisóstomo, sob a orientação do professor Vítor Filipe.
O estudo leva em atenção uma realidade que cada vez mais preocupa as sociedades modernas e Portugal especialmente, onde as projeções indicam que, no ano de 2060, existirão três idosos para apenas um jovem, numa esperança média de vida de 81 anos.
Neste quadro, reconhecem os investigadores, “o crescimento exponencial da população idosa e correspondente diminuição de população jovem ativa nos países desenvolvidos, está a conduzir à falta de mão-de-obra especializada para prestar os cuidados necessários aos idosos”.
Alternativa aos cuidados de saúde
Os avanços registados no campo da robótica permitam que “os robots surjam como uma alternativa para preencher a lacuna existente entre a necessidade e o fornecimento de cuidados de saúde a uma população cada vez mais envelhecida”.
Para a realização deste trabalho, foi desenvolvida uma aplicação suportada por uma base de dados com informações sobre os idosos da residência, os medicamentos que têm prescritos e os respetivos horários de toma.
Reconhecimento facial e de medicamentos
Por sua vez, o robot utilizado nos testes faz a identificação facial dos idosos e o reconhecimento dos medicamentos através de algoritmos de visão por computador que processam as imagens adquiridas pela câmara do mesmo robot.
Para demonstração do conceito foi feito um teste num cenário simples que recria o ambiente de uma habitação com idosos que são assistidos pelo robô na toma de medicamentos.
Ainda no âmbito do projeto foram recentemente colocados em duas instituições de apoio à terceira idade da cidade de Vila Real, dois robots de telepresença para que os familiares possam interagir à distância com o idoso, através destes equipamentos.
Familiares controlam com app
O robot possui uma câmara e os familiares do idoso têm uma aplicação, através da qual conseguem deslocar o robô remotamente até à pessoa com quem pretendem falar. A comunicação é estabelecida através de uma ligação vídeo entre os intervenientes.
A informação recolhida será também usada para perceber qual a aceitação destas novas tecnologias por parte dos idosos e dos familiares.