A Toyota é uma referência na indústria automóvel em matéria de híbridos, contudo, ainda está nas “boxes” no mundo da propulsão 100% elétrica.
A Toyota já tinha feito saber que pretende que todos os seus modelos serão de alguma forma eletrificados em 2025, mas tem sido até agora muito vaga a explicar em que é que isso se traduz na prática. E, sobretudo, se esse compromisso significa também que teremos Toyota elétricos na Europa (e, por arrasto, no mercado português), para além do Japão e China.
Contudo, os próximos tempos deverão trazer novidades concretas a esse respeito, percebeu o Welectric junto de um dos engenheiros japoneses da Toyota que trabalha no departamento de motorizações elétricas e híbridas, à margem da apresentação internacional da quinta geração do RAV4, que decorreu em Barcelona, esta semana.
A visão da Toyota
Entrevistado pelo Welectric, Yoshinobu Kuroyama, diretor de projeto e testes da divisão EHV (Eletric Hybrid Vehicle) da Toyota, não foi propriamente corajoso a explicitar que a marca japonesa terá elétricos (e que modelos e quando mais precisamente), mas perante a nossa insistência e curiosidade, referiu, com a ajuda de uma tradutora, “que estamos atentos ao que se passa”, acabando por nos transmitir o que é a visão da Toyota na evolução das soluções de propulsão automóveis.
Agarrando numa caneta e num papel, o responsável japonês desenhou um gráfico de linhas composto por dois eixos, um vertical e outro horizontal. O eixo vertical dizia respeito ao tamanho do veículo e o eixo horizontal referia-se à autonomia.
Yoshinobu Kuroyama colocou na parte inicial do gráfico os EV. De seguida, inseriu os PHEV e, por fim, na linha final do gráfico, os Fuel Cell.
Opção elétrica em citadinos
Ou seja, para veículos de pequena dimensão (tipicamente citadinos) a opção elétrica faz todo o sentido para a Toyota. À medida que o tipo de automóvel cresce de tamanho (e, portanto, o seu perfil deixa de ser de carro de cidade para viatura estradista), no entendimento da Toyota a lógica é entrarmos no campo dos PHEV e dos Fuel Cell que satisfazem necessidades de deslocação em trajetos maiores.
O que Yoshinobu Kuroyama deixou implícito – essa foi a nossa interpretação – é que poderemos esperar na Europa por modelos Toyota elétricos no segmento A (estilo o Toyota i-Road ou o iQ EV) e talvez (mas menos provável) no segmento B.
Um segmento C será adequado a uma solução PHEV (caso do Prius Plug-in) e um modelo de segmento D e E poderiam justificar uma aposta a hidrogénio (no caso da Toyota, temos o Mirai).
100 km de autonomia
Embora nos tenha dito que a Toyota ainda está, neste momento, a observar o tipo de autonomia que os clientes dos automóveis elétricos precisam e pretendem para, a partir daí, definir o seu posicionamento e oferta de produto, Kuroyama referiu que, por enquanto, o construtor japonês perspetiva que uma proposta elétrica de um citadino possa oferecer uma autonomia de 100 km. “Se a necessidade de autonomia aumentar, passa a fazer mais sentido um PHEV”, aponta este engenheiro da Toyota.
Esta conversa foi tida num momento em que a Toyota e a Panasonic fecharam um acordo com vista a abertura de fábricas de produção de baterias prismáticas de iões de lítio e baterias de estado sólido, no Japão e na China, para a gama de automóveis híbridos (e ao que tudo indica) elétricos do Grupo Toyota (Toyota e Lexus).
Joint venture com Panasonic
As baterias que saírem destas fábricas terão 50 vezes a capacidade das que hoje são montadas em veículos híbridos, dada a sua maior densidade energética.
Nest joint venture, a Toyota detém 51% e a Panasonic 49%. A aguardar a aprovação das autoridades da concorrência, esta parceria será lançada oficialmente até ao final de 2020.