Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, João Pedro Matos Fernandes considerou que quem adquirir um carro a gasóleo é muito provável que daqui a quatro ou cinco anos não tenha um valor na sua troca. As declarações colocaram o ministro do Ambiente e Transição Energética debaixo do fogo de vendedores de automóveis (novos e usados), revendedores de combustível e deixaram apreensivos consumidores relativamente à sua escolha por uma viatura Diesel.
No Welectric, procurámos fazer um “fact check” das verdades por detrás de tudo o que se disse, quer do lado do ministério do Ambiente, quer do lado das – e foram inúmeras – vozes críticas das declarações do governante.
Os Diesel vão deixar de poder ser comprados?
A indústria automóvel está apostada na redução de emissões dos veículos. E o lançamento de modelos elétricos faz parte dessa estratégia, com 40% dos novos modelos que se preveem que sejam lançados até 2021, a terem já uma qualquer opção de motorização parcial ou integral elétrica. Ou seja, haverá cada vez mais veículos novos elétricos e híbridos (Plug-in ou não) disponíveis nos stands.
Reação da Associação Automóvel de Portugal (ACAP)
O ministro “deveria ter tido em consideração que a indústria automóvel é a principal indústria exportadora em Portugal e que o setor automóvel é o principal contribuinte líquido do Estado, ao ser responsável por mais de 25% do total das receitas fiscais”. A ACAP lamenta que o governante “não tenha ponderado o impacto das suas palavras na atividade das empresas do sector automóvel”.
A penetração do Diesel entre os automóveis novos já está em declínio e essa tendência vai prosseguir. Dentro de pouco tempo poderá não ser a escolha maioritária em Portugal. Os consumidores já estão a responder a esta mudança de paradigma no transporte individual, optando por EV (148% de crescimento em Potugal, em 2018) e híbridos a gasolina (subida de 54% das vendas, entre nós, no ano passado).
Há marcas, inclusive, que já fizeram saber (caso da Smart e da Volvo) que deixarão de ter modelos novos alimentados com motores de combustão ou, especificamente, com motores Diesel. A Toyota já não produz veículos de passageiros a gasóleo.
A própria VW adiantou que em 2026 deixará de produzir veículos movidos a combustíveis fósseis (gasolina e gasóleo). E 2026 é daqui a sete anos…
Faço um mau negócio ao comprar um carro a gasóleo?
Atualmente, a compra de um veículo a gasóleo pode ainda fazer sentido, tal como faz sentido a aquisição de um automóvel a gasolina ou de um híbrido ou de um elétrico. Tudo depende do tipo de utilização dado ao carro e da necessidade que aquele meio de transporte pretende suprir. Cada caso é um caso. Para condutores que façam muitos quilómetros anualmente, o Diesel é seguramente a considerar.
Reação do Automóvel Club de Portugal (ACP)
O ACP apelida de alarmistas as palavras do ministro do Ambiente, considerando que o discurso de João Pedro Matos Fernandes revela uma “ignorância sobre a matéria”. O ACP quer saber se as opiniões do ministro são partilhadas pelos seus pares de Governo e pergunta como pretende o Executivo assegurar a rede elétrica e a produção de eletricidade para um consumo massivo e “sustentar as necessidades de mobilidade pública e privada”. O que é que o ministro “pretende fazer ao parque automóvel superior a 5 milhões de viaturas a combustão atualmente em circulação” é a questão lançada pelo ACP.
O que acontece já atualmente é que há muitas pessoas que optam pelo Diesel, sem que, todavia, isso se justifique. Vão atrás da ideias feitas (e dos menores consumos de combustível e do menor preço do combustível face à gasolina), ignorando o facto de um automóvel a gasóleo ser mais caro do que um idêntico a gasolina (por vezes mais de cinco mil euros) e mais dispendioso de manter.
Para muitos condutores que estão agora a sair do stands com um Diesel, essa escolha hoje já não faz sentido, sendo mais sensata uma opção por um modelo a gasolina ou híbrida. Ou, simplesmente, pode ainda fazer sentido nem sequer adquirir um automóvel, mas antes avançar por uma modalidade de utilização (estilo “renting”).
No futuro, este tipo de raciocínio será ainda mais preponderante na escolha do tipo de motorização a eleger. E ao efetuar este raciocínio e ao pesar os prós e contras, o consumidor tenderá a concluir, cada vez mais, que o automóvel Diesel pode não ser a solução que melhor se adapta a si.
O meu Diesel não vai valer nada daqui a uns anos?
Os carros a gasóleo irão continuar a ter o seu mercado e a serem transacionados. O que previsivelmente sucederá é que junto de clientes que necessitem do veículo para entrar nos núcleos urbanos, em cujas artérias, entretanto, a circulação automóvel tenha sido vedada, o interesse (logo, o valor comercial) por um Diesel diminui. Será factual.
No entanto e apesar da velocidade a que as imposições ambientais venham a ser impostas nos municípios, essa situação num cenário a dez anos não afetará a maioria dos automobilistas que continuarão a poder usar (e a preferir) um Diesel. Num cenário a duas décadas, a realidade deve ser diferente.
Os Diesel vão acabar numa década?
Associação ambientalista Zero
A Zero refere que a perspetiva do ministro do Ambiente está “em completa consonância com a perspetiva que temos em relação à evolução da tecnologia automóvel no futuro próximo. Muitas cidades europeias ponderam banir os veículos a gasóleo ou estabelecer zonas com zero emissões e também há perspetiva de se vir a banir os motores a combustão nas próximas décadas”, aponta a Zero que acrescenta a existência de estudos que indicam que “em três anos os benefícios à aquisição de elétricos não serão necessários porque estes veículos terão maior autonomia e serão mais baratos que os veículos a gasolina e a gasóleo”.
Não. Continuará a haver veículos a gasóleo a circular e a serem transacionados. Nalguns casos, de algumas marcas, os negócios serão, no entanto, apenas de viaturas em segunda-mão, na medida em que irão deixar de produzir veículos novos a gasóleo.
O mercado de usados Diesel continuará e ainda por mais tempo. Segundo um estudo da T&E (Federação Europeia dos Transportes e Ambiente), o fim da comercialização dos carros a gasóleo e gasolina terá de acontecer no início da década de 2030 para que se possa cumprir com uma meta de descabornização total até 2050.
Haverá um fim repentino?
O abandono do Diesel não será repentino. Mais: há construtores (caso da Mercedes-Benz) que estão atualmente a apostar em viaturas híbridas que combinam motores a gasóleo com motores elétricos.
Estamos a falar de motores económicos e muito mais amigos do ambiente aos quais Bruxelas dá o seu aval, já que obedecem aos exigentes padrões de emissões impostos. E não irão terminar de um dia para o outro.
Reação da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA)
A ANECRA entende que “tecer considerações que limitem a ação do mercado, é, no mínimo, inadmissível, vindo de um responsável político a quem, caberia apontar soluções e não ter a ousadia de optar pela premunição de qual será, daqui a quatro ou cinco anos, o valor residual dos veículos automóveis a gasóleo, que agora são adquiridos ou já estão em circulação”.
A indústria automóvel move milhares de milhões de euros e dá emprego a milhares de trabalhadores, pelo que a própria indústria, enquadrada pela regulação de mercado, enveredará por uma transição gradual que satisfaça fábricas, vendedores, reparadores e consumidores. E nessa transição gradual, os motores Diesel mais recentes e menos poluentes continuarão a substituir os veículos Diesel mais antigos e poluentes. Mas essa transição gradual significará sobretudo que teremos cada vez mais elétricos em detrimento dos motores de combustão.
O fim dos Diesel vai generalizar-se?
Não. Nas grandes cidades que implementem medidas de restrição de circulação aos automóveis equipados de motores de combustão os automóveis Diesel perderão competitividade.
Quem necessite de entrar num centro urbano, deixará tendencialmente e de forma progressiva de utilizar um carro a gasóleo.
Reação da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec)
A Anarec diz que “não podemos deixar de considerar as afirmações proferidas injustificadas, infundamentadas e, pior que isso, revelam alguma impreparação para alguém que tem tamanha responsabilidade sobre o setor. A Anarec não ignora, nem pode ignorar, que a transição energética é uma realidade e que deve naturalmente ocorrer, mas de uma forma gradual e faseada, para não prejudicar a economia, as empresas e o país em geral”.
Todavia, fora dos centros urbanos e nos meios rurais, o uso de carros a gasóleo continuará a existir. Quem negoceia viaturas Diesel continuará a ter mercado. No entanto, num espaço de três ou quatro décadas, à medida que os carros a gasóleo vão sendo progressivamente abatidos, a tendência é que sejam substituídos por veículos híbridos ou elétricos. E é importante que tenha noção disso.
Esta mudança de mobilidade terá paralelo numa mudança energética assente numa lógica de mix energético, em que o hidrogénio, a eletricidade e os combustíveis fósseis (estes cada vez menos) coexistirão.
Devo estar assustado?
Não. Deve é estar informado e ter consciência de que por questões ambientais, o que os decisores políticos pretendem é que a mobilidade seja mais eficiente. E nesse espírito, os carros a gasóleo serão a médio prazo impedidos de entrar em certas áreas nas grandes cidades europeias. Dir-se-ia que daqui a duas décadas mais facilmente alguém comprará um elétrico (pela autonomia que entretanto ganhou, pela facilidade de carregamento que passou a estar a si associada e pelo preço que custará) ou um híbrido do que um Diesel. O que o ministro do Ambiente fez foi passar esse alerta, ainda que o efeito tenha sido, em muita gente, o de alarme.
Ainda falta florir um ramo de negócio importantíssimo, que é converter os veículos de combustão interna em eléctricos. Certo?
É uma possibilidade, sim. Mas é preciso agilizar a legislação, ao mesmo tempo em que se estabelece processos de certificação para as empresas habilitadas a fazer estas transformações. Trabalhar com sistemas de alta voltagem exige enorme responsabilidade e cuidados de segurança específicos.
Um o que diz está bonito mas. Já falou com alguém que percebe de electricidade? Segundo se consta a rede eléctrica em Portugal não tem capacidade para aguentar os carros a carregar durante a noite. Os carros eléctricos irão consumir mais energia durante a noite do que aquela que é consumida durante o dia por toda a população. Logo Portugal irá comprar mais energia ao estrangeiro. Por fim a rede eléctrica em Portugal não aguenta terá de ser renovada caso contrário é ver os PT a rebentar.
A Cepsa revelou há alguns dias que o aumento de um milhão de automóveis elétricos em Espanha significaria um aumento do consumo de energia de 0,5%. A produção de energia renovável em Portugal é excedentária no período nocturno. As eólicas continuam a funcionar, bem como as barragens e essa produção não é consumida. Parte é usada para armazenar água nas barragens – a energia eléctrica é usada para bombear água novamente para a represa. Outra parte é oferecida a Espanha ou mesmo perdida. O aumento de veículos elétricos em Portugal teria um impacto positivo nesta questão. Além disso, o aumento… Read more »
O Franco-alemão Rudolf Diesel em 1897 inventou o melhor motor de sempre, e que funcionava a óleo vegetal (não poluente) Os interesses psicóticos da malta do petróleo forçaram as marcas a alterar o funcionamento original do motor para venderem o novo combustível poluente que conhecemos como Gasóleo. Agora vêm outros psicóticos a querer acabar com uma das maiores invenções da historia da humanidade, porque é poluente, em vez de voltar à forma original (óleos não poluentes e mais baratos). Estamos definitivamente a ser governados por doentes mentais.
O Franco-alemão Rudolf Diesel em 1897 inventou o melhor motor de sempre, que funcionava a óleo vegetal (não poluente). Os interesses psicóticos da corja do petróleo forçaram as marcas a alterar o funcionamento original do motor para venderem o novo combustível poluente que conhecemos como Gasóleo. Agora vêm outros psicóticos a querer acabar com uma das maiores invenções da história da humanidade, porque é poluente, em vez de voltar à forma original (óleos não poluentes e mais baratos). Estamos definitivamente a ser governados por doentes mentais. Diesel deve estar às voltas na campa.