A consultora McKinsey analisou as tendências atuais que gravitam em torno da mobilidade, evidenciando quatro áreas que irão marcar os próximos tempos:

  • condução autónoma,
  • conectividade,
  • eletrificação de veículos
  • e mobilidade compartilhada.

Em inglês, a consultora resume estas ideias-chave ao acrónimo ACES, de Autonomous driving, Connectivity, Electrification of vehicles e Shared mobility.

Níveis de disrupção únicos

Para os especialistas da McKinsey, “os níveis de disrupção dos próximos doze anos, provavelmente, irão ultrapassar os que se verificaram nos 50 anos anteriores ou mais”.

No estudo efetuado, a consultora sublinha que estas quatro novas tendências de mobilidade acima descritas irão mesmo determinar “em grande parte os benefícios e os custos para as empresas e para a sociedade”.

Condução autónoma: volume de receita astronómica

Para entender melhor a dimensão e o alcance da oportunidade da condução autónoma, o Centro da McKinsey para a Mobilidade do Futuro modelou mais de 40 casos de transporte, numa mistura global de ambientes urbanos e extraurbanos e perspetivando os seus impactos sob diferentes condições tecnológicas e económicas.

Estes analistas concluíram que a receita global associada aos veículos de condução autónoma em áreas urbanas pode chegar a 1,4 biliões de euros por ano em 2030 – mais de duas vezes a receita combinada de 2017 de Ford, General Motors, Toyota e Volkswagen.

Só nos EUA, os benefícios rondariam qualquer coisa como 700 mil milhões de euros/ano, em 2030.

Estacionamentos subaproveitados serão rentabilizados

Quase um terço destes lucros resultariam da reabilitação de uma boa porção de estacionamentos, entretanto tornados desnecessários, pois os veículos autónomos com os seus serviços de shuttle tornarão prescindíveis muitos dos trajetos dos veículos individuais nas urbes. Esses estacionamentos “devolutos” serão aproveitados para a construção de propriedades comerciais ou residenciais mais rentáveis, aponta o estudo.

Para contextualizar, a McKinsey refere neste estudo que a quantidade de terra ocupada por estacionamentos em Los Angeles é superior a 17 milhões de metros quadrados, o equivalente a quase 1.400 campos de futebol.

Menos tempo em deslocações é dinheiro

Ainda de acordo com este levantamento, cerca de 15% dos referidos proveitos (os mencionados 1,4 biliões de euros por ano) seriam acumulados anualmente pelos trabalhadores na forma de ganhos com os menores tempos que gastariam em deslocações.

Haveria ainda, estima esta consultora, um benefício anual de cerca de metade de 1% (cerca de 3,5 mil milhões de euros) na forma de redução de danos ambientais, já que, com a era dos veículos autónomos, as viaturas mais utilizadas serão as de maior eficiência – as mais poluentes teoricamente irão circular menos nas grandes malhas urbanas.

Estradas mais seguras

Por fim, destaca a McKinsey, mais da metade dos benefícios seriam sociais, dado que a condução autónoma levará a que tenhamos estradas mais seguras, evitando-se, assim, milhões de acidentes (muitos dos quais fatais) causados anualmente por erro humano.

Uma análise para a Alemanha revelou que, até 2040, os veículos autónomos poderiam poupar ao país 1,2 mil milhões de euros por ano, através de custos mais baixos em internamento hospitalar, reabilitação e medicação.

A McKinsey salvaguarda, porém, que haverá setores que poderão enfrentar algumas vicissitudes, tais como a atividade seguradora que poderá passar por algumas dificuldades se as receitas dos prémios diminuírem e novas questões acerca da responsabilidade sobre a condução de veículos surgirem.

Álcool, energia e Estado

Outros impactos que os consultores não afastam passam pela possibilidade do consumo de álcool poder aumentar à medida que os carros se tornarem mais um espaço de vida (dado que as pessoas irão passar a ser conduzidas e deixarão de guiar tanto assiduamente) e do consumo de energia se elevar à medida que os carros autónomos, apesar da sua eficiência, forem conquistando novos clientes e áreas de circulação.

Refere, por fim, a McKinsey que este fenómeno poderia ainda vir a causar alguma mossa a curto prazo nas receitas do Estado, pois um hipotético decréscimo no parque de viaturas circulantes levaria à cobrança de menos imposto sobre veículos.

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