Sílvia Coelho
Sílvia Coelho
Investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) da Universidade de Aveiro (UA)

Os municípios estão bem posicionados para atuarem como convocadores de uma ampla gama de parceiros. As alterações climáticas terão impacto em diversos setores que vão desde a ocupação e uso do solo à habitação, transportes, saúde pública, resíduos sólidos, energia, entre outros.

Como pode um município adaptar-se às alterações climáticas?

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O clima é geralmente definido como o estado do tempo meteorológico médio num determinado local, durante um período de tempo que pode ir desde alguns meses a centenas ou milhares de anos.

A temperatura, precipitação, vento ou pressão atmosférica são algumas das variáveis climáticas que são medidas. A alteração climática, de que muito se fala nos últimos tempos, refere-se a uma mudança no estado médio do clima, ou na variabilidade climática, que persiste por décadas. Assim, a alteração climática pode significar um aumento geral da temperatura média anual, mas também mudanças na frequência, intensidade e duração dos eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, secas, precipitação extrema e cheias.

Estes eventos climáticos extremos têm provocado impactos negativos nos sistemas naturais e humanos, demonstrando a significativa vulnerabilidade e exposição destes sistemas à variabilidade climática. Os incêndios que nos últimos anos têm afetado Portugal, assim como a tempestade Leslie, são alguns exemplos dos impactos das alterações climáticas. Uma vez que estes impactos variam espacialmente, tendo em conta as características específicas de cada região, a resposta aos mesmos deve ser local e coordenada ao nível do município. 

Benefícios de uma abordagem estratégica

A adaptação às alterações climáticas é, por definição, o processo de uma dada região preparar e ajustar proactivamente as alterações climáticas, tanto ao nível dos impactos negativos como das oportunidades que daí podem surgir. Como cada município é um sistema dinâmico que enfrenta impactos climáticos exclusivos, a sua adaptação deve ser específica e ajustada às circunstâncias locais.

O ponto de partida de cada município para uma melhor gestão de risco e aumento da resiliência é a compreensão à exposição a determinado conjunto de impactos e o desenvolvimento de políticas e investimentos responsivos que atendam a essas vulnerabilidades. No entanto, os municípios não podem simplesmente implementar projetos pontuais para reduzir as vulnerabilidades. Um compromisso político forte e ambicioso é certamente necessário, mas a inclusão de fatores institucionais, estratégicos e sociais também é crucial para garantir que a adaptação é eficaz.

A adaptação e resiliência dos municípios requer não só uma tomada de decisão robusta por parte das autoridades locais, mas também uma forte teia de relações institucionais e sociais.

A importância das parcerias

Os municípios estão bem posicionados para atuarem como convocadores de uma ampla gama de parceiros. As alterações climáticas terão impacto em diversos setores que vão desde a ocupação e uso do solo à habitação, transportes, saúde pública, resíduos sólidos, energia, entre outros. Os esforços de adaptação em qualquer um destes setores geralmente envolvem diversas agências governamentais, bem como parcerias amplas que incluem comunidades locais, organizações sem fins lucrativos, instituições académicas e os cidadãos.

A adaptação não é um esforço único, mas um ciclo contínuo de preparação, resposta e revisão. É um processo dinâmico que deve ser revisto ao longo do tempo. Os municípios que forem capazes de integrar a adaptação a um amplo espectro de processos e metas de planeamento existentes, incluindo prioridades na redução dos riscos climáticos e aumento do desenvolvimento sustentável, estarão melhor posicionados para prosperar nesta nova era da mudança climática.

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