Pese embora o facto de em Portugal estar em curso um investimento sem precedentes na elaboração ou revisão das listas e livros vermelhos para os vertebrados, invertebrados e para a flora, situação que melhorará muito o conhecimento que possuímos os valores naturais existentes, a verdade é que continuamos com limitações para efetuar uma avaliação rigorosa do grau de ameaça que pende sobre as diversas espécies protegidas.
Continuamos também sem uma cartografia dos habitats naturais e seminaturais que possibilite a criação das zonas especiais de conservação, registando-se um atraso de mais de 10 anos na elaboração de Planos de Gestão, o que leva a que não só exista neste momento uma situação de incumprimentos generalizado dos compromissos assumidos pela União Europeia, mas também se faça uma gestão sem suporte científico adequado.
Para além disso, continuamos com uma política pública sem objetivos estabelecidos para a conservação das espécies, onde sobressai a ausência de definição e implementação de planos de ação, o acumular de legislação por publicar, como a que possibilitará atuar de forma mais eficaz ao nível da introdução e no controle das espécies vegetais e animais exóticas invasoras, bem como um plano de investimentos públicos para 2030 que, nos moldes apresentados, trará impactes sobre a biodiversidade, com mais regadio e monoculturas vegetais, criação de obstáculos que impedem a migração das espécies nos rios, exploração de minérios a céu aberto, aumento de tráfego marítimo com aumentos da capacidade portuária, entre outras situações.
A chave para proteger está nos cidadãos
A boa notícia é que a taxa de extinção ainda pode ser reduzida e muitas de nossas espécies em declínio, ameaçadas e em perigo ainda podem se recuperar se trabalharmos de construção de um movimento global de consumidores, eleitores, educadores, líderes religiosos e cientistas que exijam ação imediata.
Todos os seres vivos têm um valor intrínseco e cada um desempenha um papel único na complexa teia da vida. Devemos trabalhar juntos para proteger espécies ameaçadas e ameaçadas de extinção: abelhas, recifes de corais, elefantes, girafas, insetos, baleias e muito mais.
A associação ZERO defende em linha com todas as outras associações de defesa do ambiente neste Dia da Terra de 2019 que é preciso:
- Educar e sensibilizar para a taxa acelerada de extinção de milhões de espécies e as causas e consequências desse fenómeno.
- Alcançar grandes vitórias políticas que protejam grandes grupos de espécies, bem como espécies individuais e os seus habitats.
- Construir e participar num movimento global que abrace a natureza e seus valores.
- Incentivar ações individuais, como a adoção de dieta baseada em vegetais e a interrupção do uso de pesticidas e herbicidas.