O tão popular consumo de cafés de cápsula vai passar a poder ser mais amigo do ambiente. O Grupo Nabeiro – Delta Cafés vai lançar nesta segunda metade do ano aquelas que serão as primeiras cápsulas de café integralmente orgânicas e biodegradáveis do mercado.

A nova cápsula de café Delta Q, 100% orgânica e biodegradável, foi desenvolvida pelo Centro de Inovação do Grupo Nabeiro, a Diverge, em conjunto com parceiros externos e Centros de Investigação nacionais. Vai ser produzida pela GLN, empresa do grupo Gestmin, de Manuel Champalimaud.

As inéditas cápsulas são feitas de BioPBS, ou seja, de um material de base biológica e vegetal, uma mistura de milho, cana-de-açúcar e mandioca, matérias-primas naturais que substituem o plástico e o alumínio, até aqui empregues.

90 dias de validade

De acordo com Rui Miguel Nabeiro, as cápsulas terão, porém, uma validade de somente 90 dias.

Para o diretor executivo da Delta Cafés, essa limitação é vista como o inevitável “’trade-off’ de ter produtos que vêm da natureza e serem fabricados de um composto que não tem o plástico e, portanto, não conservam da mesma maneira. Teremos de montar uma cadeia logística como se tratasse de um produto perecível”.

A cápsula biodegradável tem
0% plásticos,
0% micro-plásticos
e 0% alumínio.

As cápsulas biodegradáveis serão comercializadas com um “blend” novo, com café de origem biológica (chamado Delta Q eQo), cuja embalagem será igualmente feita com papel reciclado, com certificação FSC (que assegura que o produto provém de uma floresta gerida de forma sustentável) e impressa com tintas biológicas.

O Grupo Nabeiro – Delta Cafés apresentou publicamente esta quarta-feira a estratégia global de sustentabilidade da empresa, na Estufa Fria, em Lisboa.

Este primeiro blend da marca com a cápsula 100% orgânica Delta Q eQo terá, igualmente, uma tripla certificação de sustentabilidade:

  • Certificação Rainforest Alliance (que atesta que o trabalho vai no sentido de conservar a biodiversidade e garantir meios de subsistência sustentáveis através da transformação de práticas de uso do solo, práticas comerciais e comportamento do consumidor;
  • Certificação UTZ (representa uma agricultura sustentável e de melhores oportunidades para agricultores, as suas famílias e o Planeta);
  • e Certificação Biológica (que valida que o método de produção biológico combina as melhores práticas ambientais com a finalidade de contribuírem para um aumento de biodiversidade e a preservação dos recursos naturais).

Identificação pode ser plantada
O “badge” de identificação que a Delta Cafés distribuiu pelos convidados na apresentação da sua estratégia de sustentabilidade era também ele feito de materiais totalmente biodegradáveie e com sementes incorporadas. Pode ser colocado na terra, para semear plantas futuras.

Na estreia, esta cápsula biodegradável será apenas comercializada com este novo café “eco”: “O nosso fornecedor [GLN, n.d.r.] ainda não consegue ter a capacidade produtiva em massa que permita escalar para todos os ‘blends’”, refere Rui Miguel Nabeiro que acrescenta que a disseminação deste género de cápsulas a mais lotes de café ficará dependente da lei da oferta e da procura: “Teremos de ver se o consumidor gosta e quer comprar, mas estaremos preparados para ter a quantidade suficiente para a procura que houver”.

Sabia que…
… o investimento em inovação por parte da Delta Cafés já vale entre 6 a 7% da faturação da empresa?

O preço para estas novas cápsulas não foi revelado, mas os responsáveis da Delta afirmam que terá um custo superior.

2025: objetivo mais ambicioso

Depois de ter trabalhado neste novo produto durante os últimos dois anos e meio, o desafio a que a Delta Cafés se propõe é continuar a pesquisar, juntamente com a Universidade do Minho, com o intuito de encontrar mais materiais “eco”, e até com melhores propriedades, que permitam chegar também a cápsulas biodegradáveis.

A meta do Grupo Nabeiro é que, em 2025, a totalidade de todas as cápsulas de café enchidas em Campo Maior sejam biodegradáveis.

“O caminho de sustentabilidade é prioritário para o Grupo e para todas as suas marcas” – Rui Miguel Nabeiro, Administrador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés

Na apresentação da estratégia de sustentabilidade do Grupo Nabeiro, o Ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, destacou o facto de o Grupo Nabeiro demonstrar que é possível “conciliar o modelo de negócio com um modelo de sustentabilidade”.

“Um compromisso fundamental”

O Primeiro-Ministro também marcou presença, enaltecendo aquilo que considera ser um exemplo para a economia e sociedade que é a Delta Cafés.

António Costa sublinhou que “o futuro da terra trata-se hoje. O compromisso com a sustentabilidade é fundamental para que a Terra nos possa continuar a responder. E do investimento no conhecimento resulta a inovação. Foi isso que permitiu a produção desta nova cápsula. É um exemplo de um compromisso com o futuro”.

Primeiro-Ministro, António Costa, com Rui Nabeiro, na apresentação da estratégia de sustentabilidade do grupo Delta Cafés (Foto: Paulo Vaz Henriques)
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