Os “Inovatecos”, a equipa do Instituto Superior Técnico que participou na “Innovathon Ocean Edition 2019”, venceu a maratona tecnológica de 24 horas, que foi organizada pelo CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto e pela plataforma Global Compact das Nações Unidas.

O projeto mais votado pretende resolver o problema do plástico que vai para os oceanos, ou seja, em vez de “atacar” o plástico que já lá se encontra, vai procurar prevenir o plástico que vai para o oceano.

“Desenvolvemos um sistema para ‘gamificar’ e premiar todos os consumidores pelas suas escolhas sustentáveis. Cada vez que fizermos uma compra sustentável – em vez do produto com embalagem de plástico, optarmos pelo papel, por exemplo – vamos ganhar pontos. Esses pontos trazem benefícios. Beneficiamos tanto o consumidor, como a própria superfície comercial, pois incentivam o consumo de bens sustentáveis, fidelizando o cliente e, no final todos ganham”, explicou o porta-voz da equipa, Gil Coelho.

Este jovem estudante adiantou ainda que o objetivo, quando se processa uma compra num supermercado, a fatura é associada à “app”, credita o número de “Oceanos”, a moeda virtual proposta pelos “Inovatecos”.

Gil Coelho complementa a explicação: “Se adquiro três escovas de dentes em bambu e o seu valor representa, por exemplo, 7 ‘Oeanos’, vou poder aferir quantos quilos de plástico poupei e quantos animais marinhos salvei e trocar esses ‘Oceanos’ por cupões, promoções, ou doar dinheiro à minha fundação preferida”.

Outras duas ideias em realce

Outras duas ideias trazidas pelos estudantes universitários presentes e que se destacaram nesta iniciativa por serem respostas à sustentabilidade dos mares são de uma plataforma sobre espécies marinhas com fins científicos (proposta dos biólogos da “Ocean Keeper’s”) ou até de uma aquacultura em parques eólicos offshore (proposta dos “Storm Breakers”).
Estas foram, assim, as três ideias vencedoras entre as 20 apresentadas por mais de uma centena de estudantes universitários na primeira maratona tecnológica para os oceanos.

As três equipas têm agora 12 meses para desenvolver, testar as suas ideias e transformá-las em protótipos no CEiiA.

Para os promotores da iniciativa, o CEiiA e o Global Compact das Nações Unidas, uma parceria entre o centro de engenharia e desenvolvimento de produto e o braço da ONU que incentiva as empresas no mundo a adotarem políticas sustentáveis e socialmente responsáveis, este Innovathon atravessou o que consideram fundamental: salvar os oceanos e envolver as novas gerações.

“É determinante envolver as gerações mais novas”

“Os oceanos apresentam enormes desafios tecnológicos e está tudo por fazer. É determinante envolver as gerações mais novas neste processo, não só no pensamento necessário sobre a problemática dos oceanos, mas também na ação, pois o futuro não se reivindica, constrói-se e isso faz-se desde os bancos da escola”, afirma José Rui Felizardo, CEO do CEiiA no encerramento da maratona.

No final da maratona, que ainda teve como parceiros a Câmara de Cascais, a Galp e a Nova, poucas áreas ficaram fora das análises dos estudantes e do objetivo de Desenvolvimento Sustentável (número 14 das Nações Unidas), de proteger a vida marinha. Entre as ideias trabalhadas em pleno areal de Carcavelos, Cascais, foram focados o turismo, a navegação, a ciência, o lixo marinho, de plástico e das praias, a conservação das espécies, a educação, a aquacultura, a eólica offshore, entre outras.

Sabia que…
… em setembro próximo, também a cidade espanhola de Málaga vai replicar a iniciativa?

“A ideia é alargar esta iniciativa a outros países, como o Brasil e Espanha ainda este ano. Pretendemos alargar ainda esta iniciativa a outros ODS, como o ODS 11 dedicado às cidades e comunidades inteligentes”, afirma Gualter Crisóstomo, diretor de Sustentabilidade do CEiiA.

“Este trabalho foi fantástico, não só no ‘fazer acontecer’, mas também por criar pensamento em torno deste desígnio”, frisou José Rui Felizardo para quem “o importante não é captar patrocinadores, mas trazê-los para uma nova cultura, ou seja, não é o estar no orçamento de ‘marketing’ mas passar a estar no seu ADN”.

Universidades participantes

Por este primeiro Innovathon passaram estudantes desde a Universidade do Minho (UM) até à escocesa Heriot-Watt de Edimburgo, passando pelo Instituto Superior de Artes e Design (ESAD), Universidade da Beira Interior (UBI), Instituto Superior de Tecnologias Avançadas (ISTEC), Faculdades de Engenharia (FEUP) e de Ciências (FCUP) da Universidade do Porto, Insituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), Instituto Superior Técnico (IST), Nova SBE e Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-Nova), Universidade dos Açores (UAçores), Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA), Universidade do Algarve (UAlgarve), Coimbra Business School (CBSISCAC) e Universidade de Aveiro (UA). Os participantes foram estudantes dos 1º ao 5º anos de licenciaturas, com exceção dos alunos da Universidade Heriot-Watt, que são mestrandos em engenharia do petróleo.

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