Johnny Reis
Johnny Reis
Investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) da Universidade de Aveiro (UA). Presidente do Colégio de Engenharia do Ambiente da Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET)

Com elevado potencial de crescimento, a utilização de microsensores para alimentar bases de dados robustas e confiáveis (big data), aliadas a bases de dados de cenários pré-simulados e tecnologias de informação, permite a identificação e compreensão das condições atuais e futuras de episódios críticos de poluição atmosférica.

A Macrorevolução dos Microsensores

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O ar limpo é considerado um requisito básico para a saúde e bem-estar humano, estando consignado no 11º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. É o recurso natural mais importante do nosso planeta porque sem ele o ser humano não sobrevive mais do que três minutos.

Tal importância verifica-se quando associamos a poluição do ar a uma em cada oito mortes prematuras em todo o mundo e à perda de anos de vida com qualidade, devido às doenças respiratórias e cardiovasculares, sendo as crianças e os idosos a população vulnerável mais exposta a este risco.

A deterioração das condições ambientais associadas à má qualidade do ar levou a comunidade científica a repensar os sistemas de monitorização da qualidade do ar existentes, constituídos por uma rede de monitorização ad doc, compostas por equipamentos com elevados custos de manutenção e operacionalidade, limitadas em número de estações. 

Para melhorar a capacidade de monitorização para fins científicos, legislativos, sensibilização dos cidadãos e capacidade de resposta das autoridades, é necessário complementar as metodologias existentes com alternativas flexíveis e acessíveis, que permitam aumentar a cobertura espacial, a identificação de fontes de poluição, bem como melhorar a compreensão dos impactos sobre a saúde, disponibilizando informação à população e, consequentemente, protegendo a sua saúde.

Ferramentas inovadoras precisam-se

Neste contexto, o uso de microsensores surge como uma ferramenta inovadora para a monitorização da qualidade do ar, em contexto de Smart City. 

As redes de microsensores de baixo custo são uma nova tecnologia para uso em pesquisas e aplicações operacionais. Elas oferecem o potencial de aumentar gradualmente a resolução espacial da monitorização, fornecendo validação localizada de modelos e estimativas mais precisas de exposição, particularmente em locais que não possuem estações de monitorização de referência.

Embora se conheçam limitações na fiabilidade dos dados obtidos, que podem resultar das limitações nas gamas de medição, na sensibilidade e na seletividade aos poluentes e nos tempos de resposta, a evolução na qualidade dos microsensores e a possibilidade de calibração da informação medida, tem demonstrado um elevado potencial. Destaca-se o recurso a ferramentas de processamento e integração de dados como algoritmos de inteligência artificial (redes neuronais artificiais), data-fusion ou data assimilation, que permitem obter dados mais consistentes, fiáveis e informação mais útil para os cidadãos e autoridades em geral. 

Com elevado potencial de crescimento, a utilização de microsensores para alimentar bases de dados robustas e confiáveis (big data), aliadas a bases de dados de cenários pré-simulados e tecnologias de informação, permite a identificação e compreensão das condições atuais e futuras de episódios críticos de poluição atmosférica. Deste modo, será possível dar respostas rápidas e direcionadas para a gestão de qualidade do ar local, evitando a exposição da população a níveis de poluição nocivos e, ao mesmo tempo, permitir o desenvolvimento de ferramentas inovadora de suporte à tomada de decisão.

O seu baixo custo, o seu rápido crescimento e evolução, a sua grande capacidade de adaptação e a sua versatilidade face às novas tecnologias de comunicação mostram, claramente, que está a acontecer uma Macrorevolução dos Microsensores numa Smart City perto de si…

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