As árvores purificam o ar que respiramos e diminuem a devastação causada pelo aquecimento global, absorvendo cerca de um quarto de todas as emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem.
Nesse aspeto, o estudo enfatiza o papel crítico das florestas tropicais, como as da Amazónia, Congo e Indonésia, como regiões com maior potencial para armazenar carbono adicional gerado no planeta. Mas essa generosidade pode não durar para sempre em face do consumo de combustíveis fósseis e do desflorestação que se verificam.
“Com a deflorestação estamos a perdendo uma ferramenta
tremendamente importante para limitar o aquecimento global”
César Terrer, coordenador do estudo.
“Plantar ou restaurar árvores é como colocar dinheiro no banco”,
Rob Jackson, co-autor do estudo.
César Terrer
Rob Jackson
Cientistas das universidades de Stanford e Autónoma de Barcelona foram analisar se as árvores e plantas podem atingir um ponto de ruptura e não serem capazes de absorver adequadamente a totalidade do dióxido de carbono existente na atmosfera.
Incertezas no ar
Esta equipa internacional de investigadores consideram que há razões para esperar que as árvores continuem a resgatar o dióxido de carbono a taxas generosas pelo menos até ao final do século. No entanto, o estudo publicado em 12 de agosto na revista “Nature Climate Change” adverte que as árvores podem vir a absorver apenas uma fração de dióxido de carbono na atmosfera e a sua capacidade de fazê-lo além do ano 2100 não é clara.
O coordenador do estudo, César Terrer, chama a atenção para o facto de que “controlar os combustíveis fósseis é a melhor maneira de limitar um aquecimento maior”, mas “parar a desflorestação e preservar as florestas para que elas possam crescer mais é a nossa próxima melhor solução”.
Qual o adicional de CO2 que as plantas podem absorver?
O CO2 – o principal gás de efeito estufa que aquece a terra – é alimento para árvores e plantas. Combinado com nutrientes como o nitrogénio e o fósforo, o dióxido de carbono ajuda as árvores a crescer. Todavia, à medida que as concentrações de CO2 aumentam, as árvores precisarão também de quantidades maiores de nitrogénio e de fósforo para equilibrarem a sua “dieta”. A questão com a qual se confronta a Humanidade é qual o adicional de CO2 que as árvores podem absorver, dadas as limitações desses outros nutrientes: isso “é uma incerteza crítica na previsão do aquecimento global”, referem os pesquisadores.
Como os cientistas chegaram às conclusões
Para prever com mais precisão a capacidade de árvores e plantas para sequestrar dióxido de carbono no futuro, os cientistas compilaram dados de todos as experiências de CO2 conduzidas até agora – em pastagens, matagal, plantações e sistemas florestais, entre outras.
Usando métodos estatísticos, aprendizagem de máquina, modelos e dados de satélite, os investigadores quantificaram a quantidade de nutrientes do solo e fatores climáticos que limitam a capacidade das plantas e das árvores de absorver CO2 extra. Foi também mapeado o potencial de CO2 para aumentar a quantidade e o tamanho das plantas no futuro, quando as concentrações atmosféricas deste gás duplicarem.
Os resultados mostram que os níveis de dióxido de carbono esperados até ao final do século devem aumentar a biomassa das plantas em 12%, permitindo que as plantas e árvores armazenem CO2 – uma quantidade equivalente a seis anos de emissões atuais de combustíveis fósseis.