A cimeira informal dos países “Amigos da Coesão” que tem lugar hoje, sábado, 1 de fevereiro, em Beja, e que tem presenças confirmadas de 13 chefes de Governo e de Estado, além dos comissários europeus do Orçamento, Johannes Hahn, e da coesão e reforma, Elisa Ferreira, “é uma oportunidade fundamental para interligar os critérios e montantes dos fundos europeus a critérios de sustentabilidade e de objetivos de neutralidade carbónica, os quais a Comissão Europeia ainda recentemente deu notoriedade através do Pacto Ecológico Europeu anunciado em dezembro de 2019”, sublinham os ecologistas da associação Zero.

Esta cimeira terá lugar numa altura em que se mantém o impasse em torno das negociações sobre o orçamento da União Europeia para 2021-2027, devendo ser também, por isso, defende Francisco Ferreira, presidente da Zero, uma forma de pressão, nomeadamente de países progressistas, como Portugal, para convencer alguns países muito renitentes a objetivos climáticos mais ambiciosos, como sejam os casos da Polónia, República Checa, Bulgária e Hungria.

A cimeira reúne 17 países – a maioria dos Estados-membros – e dois comissários europeus. Além do português António Costa, está confirmada a presença do Presidente de Chipre e de mais 11 primeiros-ministros, entre os quais o da Croácia, Andrej Plenkovi, país que detém agora a presidência da União Europeia. Em Beja também vão estar ainda os primeiros-ministros da República Checa, Eslováquia, Espanha, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Malta, Polónia e Roménia.

No momento de emergência climática em que nos encontramos, a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável considera que é fundamental que a aplicação dos fundos europeus no próximo período 2021 e 2027 seja sujeita a uma avaliação prévia do seu impacto em termos de neutralidade carbónica e de sustentabilidade e que a sua atribuição esteja sujeita a compromissos indispensáveis de preservação ambiental e climática.

“Não é aceitável que se perca mais tempo, pelo que no âmbito das discussões sobre a alocação de fundos para o próximo quadro comunitário de apoio, é fundamental que uma parte significativa desses fundos – mais de 25% do orçamento da União Europeia – seja alocada para promover uma economia de muito baixo carbono”, diz Francisco Ferreira.

A Zero considera assim que todos os fundos, para além do Fundo para uma Transição Justa, devem traduzir-se em montantes e numa direção clara e inequívoca para a implementação das rápidas mudanças necessárias para um investimento que não contrarie os grandes objetivos políticos entretanto traçados relativamente ao clima.

“Esta é uma oportunidade que a União Europeia não pode perder de concretizar medidas que permitam mitigar ou, pelo menos, minimizar os impactos que as alterações climáticas (que já estão a acontecer) representam para a qualidade de vida na Europa e no mundo”, conclui o dirigente ambientalista.

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