Mais de um milhão de pessoas e 100 ONGs ambientais por toda a Europa estão a pedir à União Europeia que aposte na recuperação económica, lançando o maior plano de investimento verde alguma vez visto, financiado pelo aumento do orçamento e pelo instrumento de recuperação do bloco.

Este apelo ocorre quando a Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, se prepara para apresentar e votar o orçamento europeu.

27 de maio
Data em que a Comissão Europeia vai apresentar as suas propostas do orçamento plurianual da União Europeia para 2021-2027

 

Em Portugal, 110 organizações e entidades assinaram o Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável em Portugal, pedindo uma recuperação económica que assegure uma sociedade mais justa, mais eficiente no consumo de recursos e mais resiliente

A Associação Natureza Portugal | World Wide Found (ANP|WWF) é a entidade promotora do Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável em Portugal. Ângela Morgado, diretora executiva da ANP|WWF, reforça que “este é o momento da verdade na Europa. Queremos que a Comissão proponha o maior plano de estímulo verde que o mundo já viu. Esta é a única maneira de manter a Europa unida e de emergir mais forte, mais saudável e mais verde dessa crise”.

“Queremos que a Comissão proponha o maior plano de estímulo verde que o mundo já viu” – Ângela Morgado (ANP | WWF)

Até ao momento, mais de 1,2 milhão de pessoas por todo o mundo uniram-se a campanhas, assinando o pedido para uma recuperação justa, ousada e verde na Europa.

Paralelamente, a coligação de organizações ambientais “Green 10” organizou um apelo, no qual pede aos legisladores que planeiem uma recuperação verde, saudável e justa, com um fundo que invista centenas de biliões de euros em reformas de residências, ampliando a energia renovável, restaurando habitats naturais, aumentando o transporte público e trabalhando para uma mobilidade com zero emissões, e incrementando a agricultura ecológica.

Wendel Trio, diretor da Rede de Ação Climática (CAN) Europa, afirma que “a crise do COVID-19 ensina-nos que prevenir é melhor do que remediar. Atuar para evitar as alterações climáticas é a melhor forma de tirar a Europa e o mundo desta crise económica, e de proteger os cidadãos e as economias de futuras perturbações. Uma política climática ambiciosa é uma garantia de que o pacote de estímulo trará mais valor pelo seu dinheiro. Para o próximo orçamento europeu, isso significa não apoiar combustíveis fósseis e sim planos que sirvam a transição para a neutralidade climática”.

Bem-estar das pessoas no centro da resposta à crise

Os grupos ambientais enfatizaram que todos os planos de recuperação devem colocar o bem-estar das pessoas no centro da resposta à crise.

Também defendem que devem ser garantidos benefícios sociais e proteção dos direitos dos trabalhadores por meio de uma “transição justa para todos”.

As ONGs e os seus signatários são apologistas de que quaisquer investimentos e estímulos devem estar condicionados ao alinhamento das empresas com objetivos sociais, ambientais e climáticos específicos.

“A UE deve melhorar as salvaguardas ambientais do próximo orçamento, dedicando pelo menos 50% ao clima e ao ambiente e excluindo todos os subsídios aos combustíveis fósseis”, refere a ANP | WWF.

 

“Hora dos decisores colocarem o dinheiro por detrás das palavras”

Ester Asin, diretora do Gabinete de Políticas Europeias da WWF, disse: “Ouvimos muitos elogios prestados a uma ‘recuperação verde’ ultimamente, mas agora é hora de os decisores colocarem o dinheiro por detrás das palavras. A crise atual é uma lembrança de como a saúde humana e planetária estão intimamente ligadas – somente juntas as pessoas e a natureza podem prosperar. Uma recuperação verde significa restaurar a natureza, proteger o nosso ambiente e acelerar a transição para uma economia resiliente e neutra em carbono. Os eurodeputados devem liderar o caminho”.

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