A Porsche vai disponibilizar a partir do outono uma edição limitada a 992 unidades do 911 Targa 4S Heritage Design Edition. Trata-se do primeiro de quatro modelos de coleção que o emblema de Estugarda apresentará, nascidos a partir da estratégia “Heritage Design”.
Embora seja um puro gasolina com um biturbo de 450 cv, trata-se de uma versão que celebra o passado da marca, invocando o design dos veículos das décadas de 1950 e 1960.
Essa evocação da herança da marca levou-nos também a embarcar numa viagem ao passado do construtor mais precisamente às suas origens… elétricas.
Isto porque se o futuro do fabricante de Estugarda está apontado para a eletricidade (de que o Taycan é exemplo), o passado da marca foi moldado igualmente na eletricidade.
A marca alemã Porsche foi fundada em 1931 por Ferdinand Porsche. Todavia, já antes o génio do “senhor Ferdinand” dava provas, com trabalhos de engenharia feitos para outras empresas.
Antes mesmo do elétrico Lohner-Porsche com quatro motores elétricos se mostrar na Exposição Mundial de Paris, em 1900 (e também antes do primeiro híbrido ser desenvolvido, em 1900, e cujo protótipo “Semper Vivus” – Sempre Vivo – estaria em destaque no Salão do Automóvel de Paris, de 1901), o jovem talentoso Ferdinand produziu, quando tinha 23 anos de idade, um elétrico como o seu veículo nº1.
É o que está nesta imagem que reproduzimos aqui:

Sabia que…
… Ludwig Lohner encomendou a carruagem elétrica a Porsche por ter chegado à conclusão que a era das carruagens puxadas a cavalo estava no fim?
Tratava-se de uma carruagem elétrica, feita em 1898: o P1 (de “Porsche número 1″) ou Egger-Lohner (dado que o veículo foi idealizado para um carroçador detido por Ludwig Lohner, filho de Jacob Lohner).
A viatura, uma espécie de carruagem sem cavalos, também é conhecida por Egger-Lohner C.2 Phaeton.
A autêntica relíquia ainda é relativamente pouco conhecida, na medida em que esteve cerca de 111 anos incógnita até ser encontrada, em 2013, num celeiro na Áustria.
A peça hoje está bem preservada no museu da Porsche.

Esta carruagem elétrica, de 1350 kg de peso, tinha a sua bateria, de 450 kg de peso e composta por 44 células, montada no eixo traseiro.
A bateria, de marca Tudor, dispunha de 80 Amperes (80 A) e 110 Volts (110 V) e este era o emblema que nela constava:
A carroçaria era feita maioritariamente em madeira e os pneus Dunlop estavam “emoldurados” em aros de madeira, tal como os comuns coches, puxados por cavalos.
A parte superior da carroçaria não resistiu ao passar do tempo, pelo que a Porsche recriou-a para efeitos de exposição, inserindo-lhe os painéis de acrílico azulados que a fotografia abaixo documenta.
O motor elétrico em forma octogonal do P1 assinalava 3 cv (2.2 kW) a um regime de 350 rpm, podendo oferecer no pico, em “overboost”, uma potência de 5 cv (3.7 kW). Estava montado atrás, suspenso por amortecedores.
Com uma caixa de velocidade com 12 relações, o veículo rolava a 25 km/h, podendo em certas situações atingir 34 km/h.
O veículo possuía uma autonomia para 80 km e demorava uma semana para carregar!
Uma história curiosa à volta deste primeiro Porsche elétrico é que Ferdinand Porsche chegou a entrar numa corrida de 40 km de extensão, em Berlim, com o P1, na qual haveria de conquistar a medalha de ouro. O P1 venceu com um tempo 18 minutos melhor do que o segundo carro a cruzar a meta! No tráfego urbano foi também o veículo com menor consumo de energia.

Outro apontamento: em 1899, o P1 ganhou um primeiro prémio para carros elétricos no salão automóvel internacional em Berlim.
Este veículo tem ainda a particularidade da sua chave de ignição estar à esquerda, uma imagem de marca dos automóveis Porsche.
Considerando que os protótipos iniciais dos carroçadores eram destruídos ou reciclados para forjar as novas e subsequentes versões, a existência atual deste P1 é, realmente, um achado histórico.
Partilhamos, mais abaixo, este vídeo disponibilizado pelo museu da Porsche, com uma visita acessível no computador ou smartphone (na companhia de um guia a falar em português, do Brasil) a alguns dos ícones do fabricante.
A viagem ao museu da marca tem a peculiaridade de começar com um elétrico (o mencionado P1) e terminar com um elétrico, o protótipo do Taycan.