Está em curso em Lisboa uma iniciativa piloto com parceiros internacionais na área da Inteligência Artificial e da localização inteligente para a deteção de resíduos.

Este projeto piloto tem como objetivo recolher informações e monitorizar os resíduos depostos nas ruas da cidade – entre os quais beatas, mas também papel, vidro, folhas de árvores, entre outros. A ação na rua decorreu durante os últimos dois dias (25 e 26 de agosto), prosseguindo agora a fase de análise dos dados.

Este projeto está a ser realizado no âmbito da Capital Verde Europeia 2020, em colaboração com a Tabaqueira, uma subsidiária da Philip Morris International (PMI). Conta com a participação de parceiros tecnológicos internacionais – as startups Cortexia e Litterati, para além dos especialistas em análise de dados geográficos da Carto. A ação tem o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.

Este projeto-piloto vai ao encontro de um dos compromissos de Lisboa-Capital Verde Europeia 2020, na área dos resíduos, nomeadamente a promoção da diminuição de resíduos na cidade, o aumento da recolha seletiva, o combate ao uso de plástico descartável e o desperdício alimentar, e a promoção de uma verdadeira economia circular dos materiais.

Ação de levantamento

Durante estes dois dias, um veículo adaptado com tecnologia de ponta e software de IA percorreu algumas ruas da cidade de Lisboa, detetando resíduos e coligindo dados, informação essa que será posteriormente utilizada para monitorização e otimização da limpeza urbana.

A ação foi realizada pela empresa suíca Cortexia que tem desenvolvido a sua atividade na otimização eficiência da higiene urbana, em cidades como Zurique e Genebra.

Veículo adaptado pela Cortexia com tecnologia de IA que fez o levantamento dos resíduos encontrados no chão da cidade de Lisboa

Ao mesmo tempo e com o mesmo fim, a tecnológica Litterati percorreu as ruas de Lisboa fazendo uso da tecnologia que desenvolveu numa aplicação de “crowdsource-cleaning”.

A par do teste à tecnologia e metodologia que está a ser desenvolvida em conjunto por estes parceiros tecnológicos, esta ação procura também sensibilizar e transmitir boas práticas ambientais, promovendo o descarte adequado dos resíduos.

Trata-se de uma iniciativa que arranca em Lisboa com o objetivo de ser também replicada a nível global pela PMI que, em julho deste ano, estabeleceu uma nova meta a nível ambiental – reduzir em 50% os resíduos plásticos dos seus produtos até 2025 (por oposição a 2021).

Como funciona esta tecnologia?

Os diferentes tipos de resíduos são detetados e contabilizados por algoritmos de IA (Deep Learning). O menor resíduo detetado é a beata.

Dependendo da cobertura geográfica que se pretende monitorizar, os sistemas de medição são instalados em diferentes tipos de veículos, desde ligeiros a pesados, passando até por bicicletas.

Os dados (quantidade e tipo de resíduos, sua localização e hora) são automaticamente transmitidos pela a “cloud” (nuvem).

Os veículos estão equipados com câmera e este hardware da Cortexia que processa as imagens diretamente no veículo. Os dados (tipos e quantidades de resíduos, posição e hora) são transmitidos através de tecnologia LTE para a nuvem automaticamente.

Baseado na informação compilada, geram-se mapas de informação geográfica ordenados cronologicamente, por local ou tipo de lixo, bem como gráficos de curvas que podem mostrar a evolução dos resíduos nas ruas ou em certas áreas.

Um aplicativo pode integrar esse levantamento e originar relatórios. De resto, nesta ação nas ruas da capital portuguesa participa igualmente a startup Litterati, que promove e capacita as pessoas a realizarem limpezas nos seus bairros e que tem desenvolvido iniciativas em grandes cidades como Viena e São Francisco.

A Litterati (sedeada na da Califórnia) criou, inclusive, uma aplicação (disponível na Google Play e na Apple Store) que incentiva os cidadãos a apanharem resíduos, partilhando fotos e localizações da limpeza “conquistada”.

Medidas sanitárias e de higiene urbana

Dessa avaliação, podem ser tomadas medidas sanitárias e de higiene urbana, como reforço das equipas de recolha de resíduos em certos locais ou em certos períodos horários ou a elaboração de índices de limpeza que levem as localidades a aspirar ser um exemplo para as restantes comunidades.

Nesse sentido, o sistema pode ser parametrizado para fazer disparar alarmes quando é atingido aquele que é considerado como um nível crítico de lixo.

No vídeo que reproduzimos aqui em baixo mostramos um exemplo de levantamento de resíduos feito na cidade suíça de Carouge pela Cortexia. Os mais pequenos detritos na rua não escapam aos “olhos” inteligentes do software que quantifica o tipo de lixo e a sua quantidade, ao mesmo tempo que o veículo que faz o rastreamento circula pelas vias.

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