A Changing Markets Foundation divulgou recentemente um relatório onde revelou o nome das empresas que mais prejudicam o ambiente ao usarem plástico. Através deste documento, intitulado de “Talking Trash: The Corporate Playbook of False Solutions”, também abordou a forma como estas empresas estão, de forma ativa, a dar passos no sentido de obstruir e enfraquecer soluções legislativas. Soluções essas que foram projetadas com o objetivo de controlar uma crise de resíduos plásticos sem quaisquer precedentes.

Além disso, também foram tecidas duras críticas com base nos compromissos voluntários assumidos pelos maiores produtores de plástico do mundo. Até porque, segundo os críticos, esses compromissos estão a servir de tática para os produtores se desviarem das leis impostas ou, pelo menos, demorarem mais do que o suposto a cumpri-las. Enquanto isso, acrescentam, “governadores e consumidores vão sendo distraídos com ‘promessas vazias’ e ‘falsas soluções’”.

Antes de revelarmos as conclusões tiradas deste estudo, é importante conhecer os moldes em que este foi feito. Nomeadamente porque só foram analisadas as empresas que tomaram a iniciativa de revelar a quantidade de plástico que produzem.

Esmagadora maioria das empresas referidas são americanas

Através deste estudo conseguiu-se concluir que, do top 8 dos maiores produtores de plástico do planeta, cinco são empresas americanas. No primeiro lugar temos a Coca-Cola, com 2,9 milhões de toneladas métricas de embalagens plásticas produzidas anualmente. Ganhou assim o título de “companhia com maior pegada plástica do planeta”.

Com valores a rondarem os 2.3 milhões de toneladas métricas anuais, a Pepsico é a segunda empresa que mais prejudica o ambiente com a quantidade de embalagens plásticas que produz. Também este é um grupo americano. A ocupar a terceira posição da lista temos uma empresa Suíça. A Nestlé, que produz por ano 1.7 milhões de toneladas métricas de embalagens plásticas.

Foram também incluídas neste top-8 outras empresas bastante conhecidas da sociedade em geral. Nomeadamente: a Danone, a P&G, a Unilever, a Colgate-Palmolive e a Mars. A Danone, grupo francês, é responsável por uma produção anual de 820 mil toneladas métricas de embalagens plásticas. No caso da P&G, outra das empresas americanas da lista, passamos para as 714 mil toneladas métricas anuais. A seguir temos uma multinacional co sediada em Roterdão, nos Países Baixos, e em Londres, no Reino Unido. A Unilever, que produz por ano 700 mil toneladas métricas de embalagens plásticas.

Os últimos dois lugares deste top-8 pertencem, mais uma vez, a empresas americanas. Na 7ª posição temos, com uma produção anual de mais de 287 mil toneladas métricas de embalagens plásticas, a Colgate-Palmolive. Já a Mars é a última empresa “denunciada” neste estudo, com a produção anual de plástico mais baixa de todas. Mais especificamente 184 mil toneladas métricas de embalagens feitas à base de plástico.

As estratégias usadas pelas indústrias

No relatório, a Changing Markets Foundation também faz referência à forma como as indústrias americanas têm conseguido, com sucesso, culpar os consumidores e as autoridades pela quantidade de resíduos plástico produzida anualmente. Tudo isto enquanto usam as grandes taxas de reciclagem como desculpa para produzirem ainda mais plástico. Mas será que em território europeu a postura das empresas é diferente?

No nosso continente, as várias indústrias também têm tentado sabotar a Estratégia Europeia para o Plástico. Tal como desrespeitam a diretiva implementada pela União Europeia face aos plásticos de uso único. No entanto, este relatório não expõe apenas a forma como a Europa e os Estados Unidos da América (EUA) estão a lidar com a problemática dos resíduos plásticos.

A Changing Markets Foundation também analisou a postura da Ásia face a esta séria questão. E, desta forma, conseguiu concluir que a China tem protagonizado grandes mudanças políticas. Contudo, estas têm sido “enfraquecidas” pela baixa ação corporativa. Quanto ao Japão, o público alega não ter conhecimento de como é os resíduos plásticos do país são queimados ou sequer exportados.

A América do Sul, especialmente o Uruguai, foram criticados por tentarem influenciar a indústria do bronze. Já em relação a África, a Changing Markets Foundation constatou que o Quénia está a ser sufocado pelos resíduos plásticos. Resíduos esses provenientes de companhias que procuram fazer crescer a sua presença no continente.

O sistema de depósitos de garrafas

Até agora, temos focado este artigo no lado menos bom da postura que as indústrias têm assumido face ao plástico. Mas há também que realçar iniciativas que ajudam a controlar o impacto desta mesma problemática.

Por exemplo, a Alemanha recorre desde 2003 a um sistema de depósito de garrafas altamente eficiente. O país esforça-se assim por contribuir para a diminuição da quantidade de resíduos plásticos existente e impulsionar a reciclagem do mesmo. Além de ter uma metodologia simples associada, ao recorrer a estes sistemas de depósito, a população ainda é recompensada monetariamente.

Depois de depositarem nestes contentores as suas garrafas de plástico ou vidro, as pessoas recebem um recibo que lhes permitirá recuperar algum dinheiro. Atualmente, cada garrafa de vidro oferece um reembolso de 8 cêntimos, enquanto que as de plástico se traduzem na recuperação de 25 cêntimos por unidade.  Apesar de ter tido o efeito colateral de os membros mais desfavorecidos da sociedade terem começado a procurar garrafas vazias no lixo na tentativa de conseguirem dinheiro, este projeto foi muito bem-sucedido na Alemanha. Prova disso é o facto de outros países estarem a tentar replicar esta iniciativa.

Em 2020, cerca de 40 países apostaram no sistema de depósito de garrafas. De entre os quais: a Islândia, o Equador, os Países Baixos, a Croácia e toda a Escandinávia. Nos EUA, esta estratégia foi aplicada apenas em alguns estados. São eles: Califórnia, Havai, Connecticut, Iowa, Nova Iorque, Maine, Massachusetts, Michigan, Oregon e Vermont. O território de Guam também foi adotou esta tática. Assim como grande parte do Canadá, onde o sistema de depósito de garrafas foi igualmente implementado e está resultados satisfatórios até ao momento.

Mais países pretendem adotar esta estratégia?

A Changing Martkets Foundation acrescenta ainda que outros oito países implementaram medidas legislativas no sentido de implementarem os sistemas de depósito de garrafas num futuro próximo. No relatório divulgado pelo grupo também é dado a entender que outros nove países estão atualmente a estudar se será viável ou não implementarem este serviço dentro das suas fronteiras. Saiba quais analisando a imagem abaixo.

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