O potencial de aproveitamento dos óleos alimentares usados continua a ir pelo cano abaixo. Segundo dados da Prio, cruzando as quantidades de óleos alimentares produzidos em Portugal versus a quantidade de óleos alimentares usados recolhidos e encaminhados corretamente, apenas cerca de um décimo deste resíduo é aproveitado.

Isto significa que dos cerca de 110 milhões de litros de óleos alimentares que, em Portugal, são vendidos, em média, por ano, 90% é despejado na sarjeta ou lançado nas canalizações domésticas.

Este tipo de prática negligente acarreta consequências negativas do ponto de vista ambiental e económico.

Poluição ambiental

Em termos ambientais, um litro de óleo alimentar usado polui um milhão de litros de água, pelo que com um encaminhamento correto deste resíduo evita que os cursos de água sejam afetados.

“Um litro de óleo é suficiente para poluir cerca de um milhão de litros de água, pelo que o esgoto nunca deve ser o destino a dar ao óleo alimentar usado, até porque podem danificar estas infraestruturas e potenciar o aparecimento de pragas. Por outro lado, poderão danificar os sistemas de tratamento das águas residuais (ETAR’s), uma vez que a gordura se acumula nos filtros, obstruindo-os e fazendo com que não funcionem devidamente, prejudicando o processo de tratamento das águas”, salientam os ambientalistas da a Quercus.

Fatura económica

Em termos económicos, um maior aproveitamento dos óleos das nossas cozinhas permitiria reduzir a fatura energética e melhorar a balança comercial do país, pois possibilitaria diminuir as importações de produtos petrolíferos.

Atualmente, em Portugal, 7% da composição de todos os combustíveis é biológica. Mas para alcançarmos as netas impostas pela União Europeia, precisamos de importar quase três quartos da matéria-prima. Com o aproveitamento dos óleos alimentares usados, este esforço que o país faz poderia, assim, ser atenuado.

“Cada litro de óleo que é recuperado é um litro que vai alimentar toda uma fileira de recuperação e de revitalização daquilo que é, no fundo, um resíduo”, refere Emanuel Proença, Administrador Executivo do Grupo Prio que lembra que quando alguém entrega uma garrafa de óleo alimentar usado para ser corretamente tratada “está a ajudar a instalação ou o local de venda ou o local onde o óleão que recebe os óleos se encontra; está a ajudar quem faz o processo de recolha e de desembalamento”, além do seu tratamento propriamente dito.

Fábrica da Prio aproveita resíduo

Com 1.000 litros de óleo alimentar usado são produzidos cerca de 950 litros de biodiesel, um biocombustível amigo do ambiente.

A Prio possui uma fábrica na zona de Aveiro que trata os óleos alimentares usados que recolhe e faz a sua transformação em biodiesel.

Por dia, em média, à fábrica da Prio entram 300 toneladas de óleos alimentares usados, saindo praticamente outras 300 toneladas de biodiesel (o Prio Top Level), para os postos de combustível.

Recolha de óleo

Para a empresa, uma meta que seria considerada positiva face aos atuais 10% de aproveitamento seria se se conseguisse recolher cerca de 30% dos referidos 110 milhões de litros de óleo alimentar vendidos em Portugal.

Para que os óleos alimentares usados sejam corretamente encaminhados, os consumidores dispõem de pontos de coletores específicos (nalguns casos junto dos restantes ecopontos), tendo a própria Prio instalado os seus pontos de recolha, de cor azul.

Para saber os postos Prio onde se localizam os óleões, clique na imagem que disponibilizamos aqui em baixo:

 

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