O Papa Francisco recebeu como presente da Conferência dos Bispos Católicos do Japão (CBCJ), um Toyota Mirai movido a hidrogénio adaptado para as suas necessidades de mobilidade.

A entrega da viatura ocorreu no passado dia 7 de outubro, numa cerimónia perto da residência do Papa na Cidade do Vaticano, na qual estiveram presentes um representante da Conferência dos Bispos Católicos do Japão, o embaixador do Japão junto à Santa Sé e uma delegação da Toyota de seis pessoas chefiada pelo português Miguel Fonseca, Vice-presidente Sénior da Toyota Motor Europe, e Mauro Caruccio, CEO da Toyota Motor Itália.

Este automóvel zero emissões especial tem a particularidade de ser um de dois Mirai feitos de propósito pela Toyota e doados à CBCJ para as deslocações do Santo Padre quando esteve em visita papal ao Japão em novembro do ano passado.

Ou seja, depois de há cerca de um ano ter sido transportado neste Mirai, o Papa recebe agora no Vaticano um desses exemplares para poder utilizar.

Um Mirai transformado

Este Mirai papamóvel tem 5,1 metros de comprimento e uma altura (incluindo o teto) de 2,7 metros, permitindo que o Papa fique de pé e seja visível para as pessoas.

A entrega deste veículo ecológico vem ao encontro da defesa ambiental que o Papa Francisco tem procurado dar nas suas intervenções, designadamente a encíclica “Laudato si’”, em 2015.

Este documento consiste num apelo para a humanidade salvaguardar a terra e tudo o que nos rodeia, mudando o nosso estilo de vida para preservar a chamada “casa comum”.

Um Papa ambiental

A propósito deste novo Papamóvel fuel cell, destacamos seis ideias-chave do atual Papa sobre ecologia extraídas a partir da encíclica “Laudato Si'”, expressão que em português significa “Louvado sejas”:

Aquecimento global: consenso científico
“Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático. Nas últimas décadas, este aquecimento foi acompanhado por uma elevação constante do nível do mar, sendo difícil não o relacionar ainda com o aumento de acontecimentos meteorológicos extremos, embora não se possa atribuir uma causa cientificamente determinada a cada fenómeno particular”.

Nobreza de gestos diários a favor do ambiente
“É muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas ações diárias, e é maravilhoso que a educação seja capaz de motivar para elas até dar forma a um estilo de vida. A educação na responsabilidade ambiental pode incentivar vários comportamentos que têm incidência direta e importante no cuidado do meio ambiente, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias… Tudo isto faz parte duma criatividade generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano. Voltar – com base em motivações profundas – a utilizar algo em vez de o desperdiçar rapidamente pode ser um ato de amor que exprime a nossa dignidade”.

Mudança de estilo de vida
“A consciência da gravidade da crise cultural e ecológica precisa de traduzir-se em novos hábitos”

“A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam”.

Responsabilidade social dos consumidores
“Uma mudança nos estilos de vida poderia chegar a exercer uma pressão salutar sobre quantos detêm o poder político, económico e social. Verifica-se isto quando os movimentos de consumidores conseguem que se deixe de adquirir determinados produtos e assim se tornam eficazes na mudança do comportamento das empresas, forçando-as a reconsiderar o impacto ambiental e os modelos de produção. É um facto que, quando os hábitos da sociedade afetam os ganhos das empresas, estas vêem-se pressionadas a mudar a produção. Isto lembra-nos a responsabilidade social dos consumidores”.

Desenvolvimento sustentável
“Um desenvolvimento tecnológico e económico, que não deixa um mundo melhor e uma qualidade de vida integralmente superior, não se pode considerar progresso”.

“Nalguns casos o desenvolvimento sustentável implicará novas modalidades para crescer, noutros casos – face ao crescimento ganancioso e irresponsável, que se verificou ao longo de muitas décadas – devemos pensar também em abrandar um pouco a marcha, pôr alguns limites razoáveis e até mesmo retroceder antes que seja tarde. Sabemos que é insustentável o comportamento daqueles que consomem e destroem cada vez mais, enquanto outros ainda não podem viver de acordo com a sua dignidade humana. Por isso, chegou a hora de aceitar um certo decréscimo do consumo nalgumas partes do mundo, fornecendo recursos para que se possa crescer de forma saudável noutras partes”.

Estudos de impacto ambiental
Um estudo de impacto ambiental não deveria ser posterior à elaboração dum projeto produtivo ou de qualquer política, plano ou programa. Há-de inserir-se desde o princípio e elaborar-se de forma interdisciplinar, transparente e independente de qualquer pressão económica ou política”.

Segunda geração Mirai para breve

O Toyota Mirai foi o primeiro sedan movido a hidrogénio produzido em série, tendo sido lançado em 2014. Este veículo elétrico conta com uma pilha de combustível (Fuel Cell), que junta hidrogénio com o ar, emitindo apenas água limpa pelo escape.
O Mirai é abastecido em apenas 3 minutos e conta com uma autonomia de 500 km.
Depois de, em 2014, ter introduzido o Mirai, a Toyota irá lançar no final deste 2020 a segunda geração do seu veículo movido a hidrogénio. Japão, América do Norte e Europa serão as áreas geográficas a ter em primeiro lugar o veículo.
Sabia que…
… o nome “Mirai” é uma palavra que em japonês significa “futuro”?
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