Quando 2020 começou, esperava-se que o tema do ambiente seria o dominante neste ano bissexto. O assunto esteve, de facto e inevitavelmente, na ordem do dia, porém, há, precisamente, um ano quando se projetava o que poderia ser 2020 ninguém imaginou o que acabaria por trazer na altura esse ano novo com a disseminação à escala global do SARS-CoV-2, novo coronavírus que foi detetado na China, no final de 2019, e que colocou nas bocas do mundo o termo COVID-19, doença que resulta das palavras “Corona”, “Vírus” e “Doença” com indicação do ano em que surgiu (2019).
A pandemia, que matou mais de 1,7 milhões de pessoas no planeta até à data, marcou 2020 e a sociedade foi forçada de forma rápida a defender-se, enveredando por um “novo normal” assente em distanciamento físico entre as pessoas. O mundo quase que parou devido aos confinamentos que foram decretados em todo o globo. Ruas e imagens vazias são imagens que ninguém esquecerá.
Foi, por isso, um ano em que as instituições tiveram de se adaptar para responder às tremendas dificuldades sociais e económicas que o novo coronavírus também trouxe especialmente aos mais vulneráveis e necessitados.
Olhando para o que foi 2020, seguimos o percurso do trabalho da Fundação Calouste Gulbenkian em torno de 20 factos que acompanham os três grandes chavões que marcam este ano que agora se despede: ambiente; pandemia; e causas sociais.
seguimos o percurso do trabalho da Fundação Gulbenkian em torno de 20 factos que acompanham o ano de 2020
Ambiente
A incontornável importância do ambiente levou a Fundação Gulbenkian a criar o Prémio Gulbenkian para a Humanidade, cuja primeira edição decorreu em 2020. A jovem ativista sueca Greta Thunberg foi a agraciada. O Prémio Gulbenkian para a Humanidade será atribuído anualmente no valor de um milhão de euros, pretendendo distinguir pessoas e/ou organizações de todo o mundo cujas contribuições para a mitigação e adaptação às alterações climáticas se destacam pela originalidade, inovação e impacto.
A Fundação Calouste Gulbenkian assinou um protocolo com a RTP para a coprodução de uma série documental chamada “Planeta A”. A série vai percorrer as problemáticas urgentes e emergentes da sustentabilidade global em nove episódios, de 50 minutos cada, sempre a partir de uma perspetiva portuguesa, mas reforçada com enquadramento à escala planetária.
Neste ano, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Oceano Azul organizaram a terceira edição do Blue Bio Value, um programa de aceleração de empresas na área da bioeconomia marinha – ou “azul”. A edição deste ano recebeu o número mais elevado de candidaturas desde o seu lançamento, em 2018: concorreram a esta edição 120 projetos, oriundos de mais de 30 países.
Os recursos hídricos não são ilimitados e a Fundação Calouste Gulbenkian promoveu um estudo, desenvolvido pelo C-Lab – The Consumer Intelligence Lab, no qual se apresentaram recomendações para uma utilização mais eficiente da água em Portugal, colocando os agricultores, os consumidores, a grande distribuição e os media como atores essenciais para um futuro mais sustentável na gestão deste recurso.
Para promover uma economia de baixo carbono e incentivar PMEs e outras organizações a desenvolver modelos de negócio mais sustentáveis e com impacto positivo na sociedade, a Fundação Calouste Gulbenkian financiou a participação dos seus profissionais em programas de formação de executivos na área da sustentabilidade.
Lisboa Capital Verde Europeia 2020 – Ação Climática Lisboa 2030. A esta iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Lisboa, aderiram 200 entidades, com a finalidade de tornar Lisboa uma cidade neutra em carbono até 2050. Aumentar o número de postos de carregamento de veículos elétricos, disponibilizar mais e melhor parqueamento para bicicletas, instalar equipamentos fotovoltaicos para a produção de energia ou promover a neutralidade carbónica dos eventos: eis algumas das medidas subscritas pela Fundação Calouste Gulbenkian, na cerimónia de assinatura deste compromisso.
Pandemia
Tendo em conta a situação de pandemia e o estado de emergência que se viveu em Portugal, por causa da COVID-19, a Fundação Calouste Gulbenkian aprovou a criação de um fundo de emergência, num montante de 5 milhões de euros, que visava contribuir para reforçar a resiliência da sociedade nos principais domínios de intervenção da Fundação.
Neste ano, a Gulbenkian criou ainda uma linha de apoio para apoiar soluções digitais de implementação rápida – plataformas eletrónicas ou aplicações – para a promoção da saúde pública e da mitigação dos efeitos da pandemia pelo novo coronavírus COVID-19 em Portugal.
No âmbito do Fundo de Emergência COVID-19, a Fundação Gulbenkian atribuiu um apoio de 300 mil euros para a criação de um serviço de aconselhamento psicológico na linha SNS 24, focado na gestão de stress e da ansiedade.
Se a pandemia impôs distanciamento físico entre as pessoas, a tecnologia aproximou as pessoas. E num ano marcado pela proliferação de eventos e conferências online, a Gulbenkian organizou três painéis online para debater as implicações da COVID-19 sobre a saúde, economia e política.
Confinados a casa por causa da COVID-19 a partir de abril, os alunos do 1º ao 9º ano de escolaridade passaram a poder assistir através da RTP Memória aos conteúdos escolares das suas disciplinas. A iniciativa foi lançada pelo Ministério da Educação, em colaboração com a RTP, mas teve o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian.
Também a Academia Gulbenkian do Conhecimento de Idanha-a-Nova concretizou um projeto educativo para que um total de 108 alunos dos 3º e 4º anos pudessem continuar a ter contacto com a escola, durante o que restou do ano letivo 2019/2020, em plena pandemia e confinamento.
Fustigados pela suspensão dos espetáculos por causa da pandemia, os agentes do setor da cultura nacional viram a Fundação Calouste Gulbenkian aprovar apoios para as atividades culturais no quadro de um concurso do Fundo de Emergência COVID-19. Os apoios de 1,5 milhões de euros abrangeram mais de 1500 agentes culturais das áreas da música, dança, teatro e artes visuais, sob a forma de uma reposição parcial dos rendimentos perdidos, contribuindo para fazer face a despesas de subsistência.
EDP e Fundação Gulbenkian apoiaram um conjunto de 20 projetos no âmbito da iniciativa Soluções Digitais – COVID19. Um total de 300 entidades, entre universidades, centros de investigação, associações e empresas de base tecnológica, responderam ao apelo. O apoio, assente em 200 mil euros, recaiu em propostas que promovem os cuidados na área da saúde mental (apoio psiquiátrico e de gestão emocional de crianças e jovens confinados) e cuidados de saúde remotos, entre os quais se inclui apoio clínico digital.
Apoio social
A Zero Project Conference 2020 juntou diversos setores da sociedade para partilhar e discutir ideias e conceitos para apoiar a implementação da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. A Fundação Gulbenkian foi a única instituição portuguesa escolhida para participar neste evento anual pelo trabalho desenvolvido junto dos públicos com necessidades educativas especiais.
Após ter doado 100 mil euros para as primeiras ações de ajuda humanitária às vítimas do ciclone Idai, na Beira, Moçambique, em 2019, a Fundação Gulbenkian apoiou, com mais 100 mil euros, um projeto de educação pré-escolar na região. O projeto “Somos Moçambique II” será implementado num dos maiores bairros da Beira, a Manga, com uma população superior a 40 mil pessoas e que apresenta valores inferiores à média moçambicana na aprendizagem, com níveis de literacia de 10% e de conhecimentos de cálculo inferiores a 9,92%.
A Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação “la Caixa” lançaram uma iniciativa conjunta designada “PARTIS & Art for Change”, que prevê o financiamento de projetos artísticos para a inclusão social em Portugal.
Dez startups, que apostam em negócios inovadores para resolver problemas sociais ou ambientais, apresentaram as suas ideias no Demo Day da Maze X, um programa de aceleração da Maze apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.
A iniciativa Hack For Good, a maratona de programação organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, regressou em modo totalmente remoto e através da plataforma de inovação aberta Taikai. A Hack for Good @ Home procurou programadores, engenheiros, designers e estudantes para desenvolverem soluções inovadoras para resolver problemas ligados ao envelhecimento da população.
A Fundação Calouste Gulbenkian e o Alto-Comissariado para as Migrações apoiaram, com um total de 100 mil euros, organizações da sociedade civil que respondam às vulnerabilidades mais prementes das populações imigrantes, refugiadas e de comunidades ciganas existentes, no âmbito da pandemia da COVID-19, em todo o país.