Será 2021 um novo super-ano para o ambiente? É a esta questão que a ANP|WWF (Associação Natureza Portugal | World Wide Fund for Nature) procura responder com um “Balanço e Tendências Ambientais”, onde analisa os principais pontos negativos e os pontos positivos do ano que está a terminar (2020), tanto em Portugal como a nível global, fazendo ainda uma antevisão das principais tendências ambientais para 2021.

Pela positiva…

Em retrospetiva ao ano de 2020, esta organização ambientalista destaca pela positiva o lançamento do Programa de Transformação da Paisagem, “essencial para criar resiliência aos fogos e gerar dinamismo económico; pela criação do quadro legal para a cogestão das pescas, que irá dar força ao trabalho da ANP|WWF nesta área; e pelo impacto da consulta pública da Comissão Europeia sobre a desflorestação, que obteve mais de 1 milhão de assinaturas e levou o Parlamento Europeu a votar a favor da adoção de uma nova lei europeia ambiciosa de combate à desflorestação, conversão de outros ecossistemas e violação de direitos humanos”, afirma esta ONG.

… e pela negativa

Em contraponto e pela negativa, a ANP | WWF declara o facto da legislação sobre depósitos minerais continuar a aguardar publicação. “Tudo indica que a mineração em mar profundo foi excluída deste diploma, mas continuamos a temer que seja permitida mineração nas nossas Áreas Protegidas”, acrescenta Catarina Grilo.

À boleia da pandemia, foi ainda adiada a entrada em vigor para o setor da restauração da Diretiva sobre Plásticos de Uso Único, agravando ainda mais a utilização de plásticos descartáveis e a consequente poluição pelos mesmos, denuncia e lamentam os ambientalistas.

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Para Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP|WWF, “2020 começou esperançoso para a natureza e a biodiversidade, com um conjunto de decisões importantes para serem tomadas ao longo do ano que iriam definir a direção futura do panorama ambiental mundial e garantir um compromisso para reverter a perda da natureza. Devido à pandemia da COVID-19, estas ações foram adiadas, atrasando por mais um ano aquilo que é já uma corrida contra o tempo”, acrescentando ainda que “a pandemia veio mostrar a urgência de tomarmos as decisões certas agora em 2021, se queremos preservar a natureza que é o suporte da vida e da saúde humana”.

Catarina Grilo, Diretora de Conservação e Políticas da ANP|WWF, reforçou esta ideia partilhando que “ao longo do ano que passou, assistimos aos efeitos que os confinamentos obrigatórios provocados pela COVID-19 tiveram no ambiente: uma contração brutal da economia mundial e uma ‘folga’, temporária, na tendência de ser cada vez mais cedo a data em que esgotamos anualmente os recursos naturais, um sinal claro da relação entre a atividade humana e a saúde do planeta”.

É possível reverter a perda de biodiversidade global

Para esta ONG, é possível reverter a perda de biodiversidade global, mas é preciso intervir já para garantir um futuro sustentável para a vida selvagem, os ecossistemas e as pessoas. “É por isso que em 2021, o novo super-ano da biodiversidade, a ANP|WWF irá continuar a promover o Novo Acordo Pela Natureza e as Pessoas junto dos cidadãos, empresas e governos, focando-se no papel único que cada um pode desempenhar para reverter a perda de biodiversidade e exigir uma recuperação mais justa e sustentável”, afirma esta organização ambiental.

Olhando para o que 2021 poderá trazer, os ecologistas da ANP afirmam que a próxima Presidência Portuguesa do Conselho Europeu (PPCE), que acontece no 1º semestre de 2021, será determinante para o alcance de metas ambientais positivas para a natureza.

“A adaptação às alterações climáticas continuará a ser um dos temas principais, em linha com a implementação do Pacto Ecológico Europeu, sendo de esperar que temas como a Estratégia para as Florestas, a Lei de produtos ligados à desflorestação e a revisão do regulamento europeu de Controlo das Pescas recaiam sobre a Presidência Portuguesa. Será também durante a PPCE que a maioria dos diálogos para negociação da nova PAC deverão decorrer para se chegar a um acordo definitivo, enquanto em Portugal a elaboração do Plano Estratégico da PAC continua a ser pautada pela falta de transparência e por uma ideia generalizada que será ‘mais do mesmo’”, refere a ANP | WWF.

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