A Mitsubishi está a lançar no mercado nacional o Eclipse Cross PHEV, variante híbrida Plug-in de 55 km de autonomia em modo elétrico do SUV de segmento C da marca japonesa.
Trata-se de uma importante novidade, já que se trata de um modelo que irá permitir à marca apresentar uma proposta PHEV num segmento (SUV de segmento C) que valeu, em Portugal, no ano passado 36% do mercado dos SUV PHEV.
O 2º PHEV da Mitsubishi depois do Outlander PHEV
Este novo SUV de tração integral permanente representa uma lufada de ar fresco para um construtor que foi pioneiro quando introduziu o conceito PHEV no Outlander (em 2014), mas que acabou por perder o comboio para a concorrência no que aos Plug-in diz respeito. Com os PHEV mais na moda do que nunca, o Eclipse Cross PHEV pode agora ter uma projeção comercial mais acelerada do que teve o Outlander PHEV (vendeu mais de 1900 unidades em Portugal).
O que caracteriza este novo PHEV?
O Eclipse Cross PHEV apresenta como principais componentes:
Motor elétrico dianteiro: 82 cv / 137 Nm
Motor elétrico traseiro: 95 cv / 195 Nm
Motor a gasolina: 2,4 litros (ciclo de Atkinson) / 98 cv / 211 Nm
Gerador: 72 kW
Bateria de tração: iões de lítio (300 V / 13,8 kWh / 80 células
Que diferenças tem para o Outlander PHEV?
A tecnologia do Eclipse Cross PHEV é decalcada do Outlander PHEV, com a diferença de que o bloco a combustão de 2,4 litros no Eclipse Cross tem menos potência (98 cv) do que a do Outlander (135 cv). Tudo o resto é igual.
Poderíamos ser levados a pensar que este facto tiraria algum brilho à solução híbrida recarregável do Eclipse Cross PHEV, numa altura em que a Mitsubishi prepara no Japão uma nova geração PHEV a estrear no próximo Outlander sobre a qual há rumores de que venha a entregar autonomias em modo 100% elétrico perto de 100 km, algo que seria assinalável para um PHEV de quase duas toneladas, caso do Outlander.
Na gama de SUV da Mitsubishi, o Eclipse fica posicionado entre o ASX e o Outlander.
Contudo, considerando a eficiência da solução concebida pela Mitsubishi (ver artigo aqui) e a fiabilidade que tem demonstrado (ao ponto das 1900 unidades vendidas em Portugal não terem, até à data, qualquer incidência técnica, de acordo com o construtor), esta tecnologia implantada no SUV de segmento C da Mitsubishi é uma mais-valia. E deixa espaço para que o futuro Outlander PHEV venha a ter argumentos mais fortes para esgrimir num segmento mais exigente, como é o dos SUV de segmento D.
O centro de gravidade do Eclipse Cross PHEV é 30 mm mais baixo que o do seu “irmão” Eclipse Cross com motor de combustão e 10 mm mais baixo que o do Outlander PHEV, com uma distribuição do peso de 55% à frente e 45% atrás, beneficiando diretamente a estabilidade e a facilidade de condução – que não teriam sido possíveis sem uma afinação do chassis, tendo sido a sua zona inferior reforçada de modo a suportar o peso da bateria de tração.
E ao volante: como se porta o Eclipse PHEV?
Num breve contacto que tivemos com o Eclipse Cross PHEV, por ocasião da apresentação nacional à imprensa do modelo, comprovámos que a tecnologia Plug-in da Mitsubishi é mesmo uma das mais bem conseguidas fórmulas PHEV do mercado.
O Eclipse Cross PHEV é muito suave no trabalhar e, sendo um híbrido, quase passa por um 100% elétrico – isso é aquilo que mais valorizamos nele.
Durante a condução, a propulsão do veículo é assegurada principalmente pelos dois motores elétricos, suplementados pelo bloco de 2,4 litros pronto a intervir quando as condições de condução e/ou o estado de carga o exigem. Por esse motivo, a marca nipónica até apresenta este seu modelo como um elétrico com extensor de autonomia.
Havendo carga, o Eclipse pode funcionar em “Modo EV” até uma velocidade até 135 km/h. Acima desta velocidade, entra em ação o “Modo híbrido Paralelo” com o motor de combustão a propulsionar as rodas dianteiras e o motor elétrico dianteiro a auxiliar o motor de combustão, ficando o motor elétrico traseiro encarregue de mover as rodas traseiras de forma permanente.
De resto, um dado interessante é que o eixo posterior é sempre propulsionado pelo motor elétrico traseiro, pelo que há sempre uma reserva de 13% na bateria de tração para garantir energia para essa alimentação.
89 dias sempre em modo EV
Segundo o fabricante, o sistema é tão intrinsecamente elétrico que a sua programação permite 89 dias de condução exclusivamente em modo elétrico. No 90º dia, acende-se uma luz de aviso no painel de instrumentos enquanto o motor a gasolina é automaticamente iniciado, com o objetivo de proteger o sistema de injeção de combustível.
Ainda assim, embora o “Modo EV” seja sempre o predefinido para o arranque, a anunciada autonomia em modo elétrico de 55 km nunca é (ou dificilmente será) sequencial – em vez disso, o sistema PHEV alterna constantemente entre condução e carregamento, principalmente na condução no modo “Save”. O “Modo Híbrido Paralelo” ativa-se acima dos 65 km/h quando o nível das baterias é baixo.
6 níveis de regeneração aproximam-no de um EV
Em termos do aproveitamento da energia nas desacelerações para realimentar a bateria de 13,8 kWh (alojada sob o piso e entre os eixos), o Eclipse Cross PHEV é mais parecido com um EV do que um convencional PHEV, já que possui atrás do volante patilhas de travagem regenerativa (à esquerda do volante para aumentar a travagem; à direita do volante para diminuir o efeito da desaceleração).
Ao todo, são seis os níveis disponíveis de travagem regenerativa (de B0 a B5) – nos PHEV não é habitual haver tantos patamares de travagem; a solução permite que, em inúmeras situações e fazendo uso de uma condução defensiva, quase se consiga dispensar o pedal do travão, o que permite que este componente fique mais defendido e sofra um menor desgaste.
Comando “Save”
Para além da possibilidade de ativar o carregamento através do motor a gasolina (como os demais PHEV, no “Modo Charge”), este Eclipse Cross Plug-in possui um comando “Save” que permite reservar a carga da bateria para utilização posterior, quando, por exemplo, se pensa vir a entrar numa área de zero emissões.
Algo que apreciámos foi o facto de, mesmo em Modo Híbrido em Série (com o automóvel propulsionado pelos motores elétricos e o motor de combustão a funcionar para, através do gerador, carregar a bateria de tração durante a condução), o sistema estar programado para regressar ao modo EV tão rapidamente quanto possível. e isso acontece, de facto, de forma bastante suave.
As transições entre os vários modos de condução são pouco percetíveis, o que torna linear a aceleração, mesmo quando se pisa o acelerador com mais ímpeto. As passagens de caixa são uniformes, fruto de uma transmissão com uma relação única.
A gestão automática dos modos de condução permite ao Eclipse Cross PHEV anunciar um consumo médio de 2,0 l/100km e emissões de CO2 de 46 g/km em ciclo combinado (WLTP).
Quanto tempo demoram as baterias a carregar?
Ligado à corrente, o Eclipse Cross PHEV leva aproximadamente quatro horas a carregar (CA 230V 16 A) ou cerca de 6 horas (CA 230V 10 A).
Num carregamento rápido DC 300 V (protocolo CHAdeMO), serão precisos cerca de 25 a 30 minutos para conseguir 80% de carga (19,7 kW).
Aproveitando o processo de transição do Eclipse Cross para o Eclipse Cross PHEV, a Mitsubishi procedeu a melhorias na bateria de tração, quer ao nível do aquecimento (sistema de aquecimento para climas frios, abaixo dos -20°C) e da refrigeração (arrefecimento da bateria durante o carregamento normal, para além da função de arrefecimento para carregamento rápido já disponibilizada no Outlander PHEV), mas também ao nível da manutenção (nova tampa de acesso à bateria auxiliar).
Gestão da tração 4WD
O Eclipse Cross PHEV está equipado com um seletor do modo de condução, situado na base da consola central, ao pé do punho da caixa de velocidades.
Através desse botão, o condutor adapta a gestão do S-AWC (Super-All Wheel Control) de forma ideal às diferentes condições de condução.
São, assim, ajustadas as forças de tração e de travagem das quatro rodas, em particular através da regulação da distribuição do binário entre as rodas esquerda e direita, a cinco situações: Normal; Eco; Tarmac (condução desportiva em pavimento seco; o modo Tarmac permite maiores estabilidade e agilidade); Gravel (para estradas não pavimentadas, para uma condução mais estável e suave); e Snow (estrada com neve ou gelo).
Como é o interior?
O habitáculo é tipicamente japonês: simples, mas funcional, montagem a aparentar solidez e na parte superior do tablier os materiais têm um toque suave e robusto. Racionalidade e eficiência, acima de tudo.
Os comandos são ergonómicos e, no painel de instrumentos, o conta-rotações dá lugar a um mostrador específico da versão PHEV, com a indicação do modo de condução e qual a potência em uso do motor de combustão (kW).
Ao centro do tablier, estreia um novo sistema Smartphone-link Display Audio (SDA), com ecrã de 8”. O visor é tátil, ainda que haja também dois botões rotativos para comandos mais diretos (volume do som e sintonização da estação de rádio).
As informações relativas à condução são úteis, todavia, de um modo geral, em termos de layout e tendo presente o que o mercado oferece, o grafismo do ecrã soa a ultrapassado, não havendo navegação integrada no infotainment. Para isso, o condutor terá mesmo de conectar o seu smartphone às portas USB existentes e espelhá-lo no ecrã, usando as funcionalidades de AppleCar Play e Android Auto. Parece-nos um aspeto que, a merecer revisão futuramente, dará ainda mais “pontos” e melhorará a atratividade de um modelo muito competente, com espaço e conforto para cinco pessoas.
A gama à venda
O Eclipse Cross PHEV vai estar disponível em Portugal num único equipamento, eMotion, disponível em cinco cores de carroçaria.
O Eclipse Cross PHEV dotado de Via Verde paga Classe 1 nas portagens das autoestradas e pontes.
A lista de equipamento do veículo engloba itens como faróis dianteiros (incluindo os de nevoeiro) totalmente em LED, jantes de 18” e pneus 225/55, barras de tejadilho, câmara traseira, bancos em pele e Alcantara (os dianteiros são aquecidos), head-up display, volante em pele com comandos áudio e Bluetooth, cruise control e limitador de velocidade, ar condicionado automático bi-zona, sistema SDA de 8”, controlo remoto por smartphone e 7 airbags (condutor, passageiro, cortina, laterais e joelhos).
O Eclipse Cross PHEV conta ainda com diversas tecnologias de segurança (desde mitigação de colisões frontais a alerta de desvio de faixa, passando pelo sistema de máximos automáticos ou de reconhecimento de sinais de trânsito, entre outros).
Benefícios fiscais
Lançado aquando da celebração do centenário da Mitsubishi Motors, em 2017, o Eclipse Cross ganha, assim, com este PHEV uma versão mais ecológica e mais apetecível para os consumidores, especialmente ao nível das empresas pelos benefícios fiscais que os PHEV possuem. De resto, será o cliente empresarial aquele que, em princípio, esmagadoramente irá adquirir a viatura, segundo estima a Mitsubishi.
Mas quanto custa?
O novo Eclipse Cross PHEV chega aos concessionários em junho, estando a versão eMotion disponível desde 46.728€ para particulares.
E para as empresas?
Ao anunciar emissões de 46 g/km e uma autonomia EV de 55 km em WLTP (ciclo urbano), o Eclipse Cross é elegível para os incentivos governamentais em vigor para veículos plug-in, a que se juntam as vantagens ao abrigo da fiscalidade verde.
Neste sentido a Mitsubishi disponibiliza uma campanha para empresas que coloca o Eclipse Cross PHEV nos 32.990€ + IVA e, como tal, no escalão de 10% de tributação autónoma, tornando-o assim uma proposta também apetecível para o cliente empresarial.