A eletrificação não tem permitido apenas lançar modelos com uma pegada de carbono mais ligeira. Tem também sido uma forma dos construtores oferecerem mais potência e tração suplementar aos seus veículos que ainda contam com os préstimos de blocos térmicos, caso dos híbridos.
A Volvo é um desses casos, cujos híbridos Plug-in se caracterizam pela sua elevada potência, ao mesmo tempo que conseguem baixas emissões aproveitando as virtudes da eletrificação.
No caso do S60 T8 AWD híbrido plug-in, esta berlina sueca já se apresentava aos consumidores bastante musculada, com 390 cv de potência total (pela conjugação dos motores a gasolina e elétrico de 303 + 87 cv, respetivamente), que lhe permitiam uma aceleração de 0-100 km/h em 4,6 segundos.
O S60 T8 Polestar Engineered é o Volvo de produção com a maior aceleração de todos os tempos.
Aproveitando a sua divisão de performance Polestar, o fabricante quis apimentar ainda mais o S60, criando uma variante Polestar Engineered que dota o veículo de uma preparação mais desportiva.
O S60 T8 AWD Polestar Engineered é o topo da gama S60, debitando 405 cv, fornecidos pela soma de um mais otimizado motor a gasolina de quatro cilindros de 1969 cc com 318 cv e de um motor elétrico para o eixo traseiro com 87 cv.
Em que se traduz esta receita Polestar Engineered?
Relativamente ao mais civilizado S60 T8 de 390 cv, este S60 T8 com 405 cv é, efetivamente, mais irreverente. Não tanto pelos extras 15 cv (vindos do motor a gasolina e não do motor elétrico), mas sobretudo por todo o pacote de engenharia que esta variante traz, que se traduz, além da maior potência, nos vários componentes Polestar que lhe foram montados, na afinação da carroçaria e em todo o enfoque dinâmico que foi inculcado no modelo.
E o andamento?
O desempenho entusiasma, dado que o S60 Polestar Engineered chega dos 0 aos 100 km/h em 4,4 segundos, tornando-se no Volvo de produção com maior aceleração de todos os tempos. O toque do acelerador provoca uma reação na propulsão, embora não haja de pronto aquela sensação de costas coladas ao banco.
Para tornar o ritmo de aceleração mais frenético foram efetuadas mexidas no software da transmissão automática de oito velocidades, de modo a proporcionar passagens de caixa mais rápidas.
Ao contrário, por exemplo do 508 Peugeot Sport Engineered (PSE) que é visualmente mais distinguível do seu homólogo 508 convencional, este S60 Polestar Engineered é bastante mais discreto do que o standard S60 T8.
► Os outros Polestar Engineered na gama 60
Toda a gama 60 da Volvo tem variantes Polestar Engineered. Para além do S60, aqui em teste, também o XC60 e o V60 dispõem destas versões mais dinâmicas e potentes.
O Welectric já experimentou as três.
O S60 Polestar Engineered tem um valor de venda a partir de €68.692. O V60 Polestar Engineered tem um preço desde €70.291.
Volvo V60 T8 Polestar Engineered
Volvo V60 T8 Polestar Engineered
O XC60 Polestar Engineered tem um preço de venda ao público desde €85.959.
XC60 T8 Polestar Engineered
XC60 T8 Polestar Engineered
Discreto, mas diferente
Ainda assim, há elementos que saltam à vista no S60 Polestar Engineered, designadamente as pinças de travão (com 6 pistões) Brembo em dourado, os discos de 371 mm perfurados e ventilados, as jantes de liga leve (que eram de 20’’ na unidade que tivemos para ensaio, embora as de série sejam de 19’’) e a insígnia Polestar Engineered na grelha e na traseira.
Quando se abre o capot sobressai a barra anti aproximação para aumentar a rigidez do chassis do veículo ao nível do vão do motor e os amortecedores ajustáveis da Öhlins.
Regulação manual dos amortecedores
Nesta como nas outras versões Polestar Engineered da Volvo (também disponíveis no V60 e no XC60), a regulação da carga dos amortecedores Öhlins é manual – algo romântico para os “petrolheads”, mas pouco prático para o comum dos utilizadores. Se os botões de ajuste dianteiros são acessíveis (embora obriguem a levantar o capot), os traseiros escondem-se por trás das rodas posteriores. Mais: para afinar a suspensão traseira, o veículo tem de ser levantado por um macaco para se alcançar os botões de ajuste traseiros…
Há um total de 22 posições de ajuste para cada botão de regulação. Quanto mais próximo de 0 estiver o botão de ajuste, mais rígido será o amortecimento.
Boa rigidez estrutural
Quando as curvas se sucedem, percebe-se que a rigidez estrutural é boa, com os 4761 mm de comprimento do S60 a parecerem tornar-se mais pequenos, dada a agilidade que o veículo demonstra.
Sendo uma versão de performance, a suspensão com que rolámos no modelo foi a configuração recomendada de fábrica (que é firme), o que penaliza o conforto quando as rodas pisam asfaltos mais irregulares, mas evita que o condutor seja surpreendido pelo comportamento da viatura.
A direção é suave, mas precisa e as passagens de caixa eficazes tornam a condução prazerosa.
Quatro modos de condução
Este S60 T8 Polestar Engineered dispõe de quatro modos de condução selecionáveis no comando rotativo Drive Mode: Constant AWD (tração integral), Pure (condução 100% elétrica), Hybrid (para um uso no dia-a-dia) e Polestar Engineered (com a total potência do modelo ao serviço do automobilista).
Em modo elétrico, o S60 é muito competente: silencioso, suave e rápido se desejarmos.
Boa capacidade de regeneração
Depois de esgotarmos a autonomia elétrica (que nos deu para cerca de 40 km), passámos a rolar maioritariamente com o bloco a gasolina, embora ocasionalmente tenhamos regressado ao modo Pure, graças à regeneração conseguida.
Algo que, efetivamente, apreciámos foi a capacidade do modelo ir recuperar energia para as baterias, quando se desacelera ou trava (mesmo sem rolarmos em “B”, o modo em que a regeneração é mais forte). Por vezes, sem darmos conta já estamos, de novo, com mais uns quantos quilómetros de autonomia 100% elétrica para podermos circular de forma ambientalmente mais respeitadora.
As baterias são de 11,6 kWh e encontram-se posicionadas entre os bancos dianteiros.
Em termos de consumo global, chegámos ao final do nosso contacto com uma média de 6,9 l/100 km/h. Se o condutor fizer uso recorrente do carregamento elétrico, esta média cai.
E no interior?
No interior, a sobriedade tipicamente Volvo ganha uns pozinhos de emoção com alguns apontamentos num amarelo (a lembrar a bandeira sueca), como é o caso dos cintos de segurança.
Os bancos têm um molde de estilo desportivo que faz encaixar bem os seus ocupantes. O teto de abrir panorâmico (um opcional) melhora a personalidade do modelo.
Apreciação final
Este S60 Polestar Engineered é um modelo a que se fica rendido. Contudo, se não for daqueles que sonha acordado com circuitos, como Nürburgring ou Silverstone, o facto é que, por menos seis mil euros, consegue quase todas as mesmas prestações se optar pelo S60 R-Design T8: é também Plug-in e a muita potência disponibilizada (390 cv; embora inferior em 15 cv à do Polestar) vem embalada com design desportivo. Essa será a solução mais equilibrada. Ainda assim, se não dispensar toda a atitude mais aguerrida que o chassis e soluções Öhlins proporcionam, o S60 Polestar Engineered está à sua espera no stand!