A portuguesa Smartex.ai é uma start-up que desenvolveu um sistema de Inteligência Artificial capaz de detetar prematuramente defeitos de fabrico no setor têxtil e de reduzir o desperdício desta indústria, contribuindo, assim, para uma maior eficiência de processos e menor pegada ambiental.
A empresa saltou para a ribalta, quase de um momento para o outro, ao triunfar na edição deste ano da muito disputada competição de start-ups da Web Summit, o concurso Pitch.
A lógica do concurso Pitch é fazer uma breve apresentação de uma empresa com apenas três a cinco minutos de duração.
A iniciativa Pitch, promovida pela Siemens, reúne as principais startups em estágio inicial para uma batalha ao vivo no palco: 650 das 1.519 startups que expuseram as suas ideias na Web Summit participaram na competição Pitch durante os três dias da conferência. E das 75 que subiram ao palco principal da Altice Arena, a Smartex.ai esteve entre as três finalistas (ao lado da https://okrasolar.com/Okra Solar e da LiSA/LIVE & Social Commerce Assistant), acabando por bater a concorrência.
As vantagens da solução desenvolvida pela Smartex
A Smartex é uma solução baseada em IA que reduz a produção defeituosa de tecidos de malha para perto de 0%.
A plataforma também melhora a rastreabilidade em toda a cadeia de abastecimento com o objetivo global de evitar desperdícios na fonte.
A sua abordagem do problema dos resíduos na indústria da moda é pela via, não da reciclagem ou da reutilização, mas através de evitar os resíduos têxteis em primeiro lugar.
“A nossa missão é fornecer produtos de excelência com tecnologia de ponta às indústrias tradicionais e, através da inovação contínua, melhorar o funcionamento destas indústrias e, o mais importante, contribuir para uma indústria mais sustentável e transparente”, afirmou António Rocha, CTO e cofundador da Smartex.
Sabia que…
… a indústria da moda é uma das indústrias mais poluentes do mundo, afetando uma infinidade de ecossistemas?
“Nós realmente acreditamos que este pode ser nosso legado, e é isso que move todos na Smartex. Sabemos que o impacto ambiental da Smartex pode ser enorme”, aponta o empreendedor.
A Smartex.ai dá conta de que “mais de 80% dos defeitos têxteis podiam ser evitados durante o processo de costura ou tecelagem” e que a produção defeituosa “representa até 5% de todo o desperdício têxtil, prejudicando as margens brutas das fábricas” do setor.
Mais de 80% dos defeitos têxteis podiam ser evitados durante o processo de costura ou tecelagem, diz a Smartex.
“É uma sensação boa receber o reconhecimento pelo trabalho que a equipa da Smartex vem realizando. Todos têm feito um trabalho extraordinário, sem exceção, e eventos deste tipo fazem bem para a moral da equipa”, afirmou António Rocha. “No entanto, sabemos que o argumento de venda real acontece com os nossos clientes e é aí que nosso foco está.”
O próximo passo da Smartex é consolidar sua posição nos mercados atuais: “Para isso, também é importante desenvolvermos o produto de novas formas, agregando mais valor aos nossos clientes. Há uma grande oportunidade de fornecer valor aos nossos clientes por meio de software e queremos aproveitar isso no próximo ano”.
A Smartex começou a sua vida no Porto, tendo já escritórios em São Francisco (EUA) e Shenzhen (China). Visando a expansão do negócio, a Smartex prevê contratar, em 2022, entre 30 a 40 pessoas.
À agência Lusa, António Rocha referiu que, além do têxtil, a Smartex pondera trabalhar outras indústrias: “Depois do têxtil para outras indústrias, sabemos que há processos em outras indústrias semelhantes à nossa como a do papel ou do plástico, nos metais também, é um mercado que achamos que podemos aportar também muito valor”, concluiu.
As startups ambientais provaram, de resto, ser muito populares na Web Summit deste ano. Com efeito, estiveram presentes no evento mais de 200 startups de Impacto – designação aplicada às empresas que fazem dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas uma parte central de seu modelo de negócios.