Um estudo recente, publicado na ACS Publications, revelou que as bactérias isoladas das raízes de uma planta de milho e dotadas de capacidade para quebrar as ligações entre dois átomos de nitrogénio podem ajudar a minimizar o uso de fertilizantes na agricultura.

As bactérias foram desenvolvidas especificamente para a cultura do milho e mostram resultados mais sustentáveis e com boas produtividades quando comparados com os fertilizantes sintéticos. Esta descoberta pode conduzir à redução da utilização de fertilizantes nitrogenados, essenciais para o desenvolvimento das plantas.

A empresa que desenvolveu este métodos, a Pivot Bio, explica que “o objetivo é ter um micróbio que forneça nitrogénio com a mesma segurança e confiança que um fertilizante sintético”.

Os investigadores começaram este estudo a isolar uma bactéria do solo chamada Klebsiella variicola que coloniza seletivamente a superfície externa das raízes das plantas de milho e permite a fixação biológica de nitrogénio. “Normalmente, o micróbio suprime sua capacidade de realizar esse processo quando o nitrogénio fixado já está presente. Mas os investigadores eliminaram um dos dois genes que controlam esse mecanismo e moveram um promotor dentro do genoma para que as capacidades de fixação de nitrogénio permanecessem em tempo integral”, explica a Pivot Bio.

Esta estratégia permitiu que os produtores substituíssem parte do uso de fertilizantes por este micróbio modificado, que, verificou-se, fixa 122 vezes mais nitrogénio do que sua componente natural.

“É uma mudança técnica relativamente simples”, diz Keira Havens, gerente de projetos de sustentabilidade da Pivot Bio. A empresa distribuiu os micróbios aos produtores, que o utilizaram além do fertilizante sintético que já estavam aplicando. Campos suplementados com micróbios da Pivot Bio mostraram um rendimento significativamente maior do que campos usando apenas fertilizante sintético em testes em 48 grandes campos de milho. Como os micróbios não sobrevivem a menos que estejam tocando fisicamente as raízes do milho, há pouco perigo de que eles sejam lavados e bombeem a amônia que persiste no meio ambiente, explica ela.

“Os micróbios não podem substituir todos os fertilizantes sintéticos que os agricultores usam agora”, diz Keira Havens. A principal autora do estudo acrescenta ainda que “a ideia era demonstrar que a a fertilização com estes micróbios poder permitir a redução de utilização de fertilizantes sintéticos”.

Foto de destaque por Christophe Maertens

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