Seja por razões económicas, seja por razões ambientais, os portugueses estão, aparentemente, a apostar no aumento do período normal de utilização dos produtos, através da aquisição de bens em segunda mão.

De acordo com o Barómetro Europeu do Consumo Cetelem 2022, seis em cada dez portugueses declaram ter vendido bens em segunda mão no último ano, um valor igual à média dos europeus, mas que sobe para oito em cada 10 entre os menores de 35 anos.

Ainda segundo esta análise, no último ano, 4% dos portugueses venderam bens com frequência semanal, 12% mensalmente e 45% algumas vezes por ano.

Apesar dos benefícios para o planeta que esta prática tem – dado que evita o fabrico de novos produtos -, obter rendimentos adicionais é a principal razão identificada pelos consumidores para se envolverem neste tipo de práticas de economia circular.

De acordo com o apurado no estudo, os ganhos médios mensais obtidos situam-se nos €77.

Em termos europeus, húngaros, checos e eslovacos ganham menos de 40 euros de rendimento adicional, enquanto o valor quase triplica na Alemanha e no Reino Unido, onde os consumidores-vendedores obtêm em média 115 euros mensais, refere o Barómetro. Em Portugal os consumidores estimam ter ganho 50 euros por mês.

Em termos geracionais, os cidadãos com menos de 35 anos chegam a ganhar 103 euros por mês e os que têm mais de 50 anos geram apenas 42 euros. Já a terceira disparidade está ligada ao género, com os inquiridos do género masculino a ganharem quase o dobro das do género feminino (€98 vs. €58).

Destino a dar

As diferenças geracionais ficam também assinaladas nos comportamentos que os indivíduos adotam quando se trata do destino a dar aos produtos usados ou desnecessários. Entre os maiores de 50 anos, 61% optam por doá-los a uma instituição de caridade ou entregá-los gratuitamente e apenas 24% os veem como uma oportunidade de ganhar dinheiro.

Para os que têm idade inferior, a decisão é bem diferente e muito menos clara. A doação recolhe a adesão de apenas 45% dos inquiridos entre 35 e 49 anos e 44% dos menores de 35 anos, enquanto o desejo de ganhar um rendimento extra é expresso por 36% dos inquiridos na primeira faixa etária e por 38% na segunda.

E que destino dão a este rendimento extra? 49% dos portugueses que venderam bens em segunda mão gastam-no em bens essenciais; 41% poupam, colocando o montante de parte; 10% gastam noutros produtos não essenciais.

Benefícios ambientais

No contexto do Dia da Terra, assinalado a 22 de abril, a Cash Converters, deu também conta de que os portugueses e espanhóis que optaram por comprar produtos tecnológicos usados ou recondicionados em vez de novos contribuíram para uma redução de mais de 4 mil toneladas de emissões de dióxido carbono para a atmosfera, o que representa um aumento da poupança ambiental na ordem dos 23% face ao mesmo período de 2021 (primeiro trimestre).

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