A Tetra Pak anunciou o lançamento da iniciativa de restauração de solos – o Programa de Conservação das Araucárias – no Brasil. A ambição da empresa é gerar benefícios ambientais, económicos e sociais positivos para as comunidades locais, bem como restaurar e proteger a biodiversidade na região.

Desenvolvida em colaboração com a Apremavi, uma ONG brasileira especializada em projetos de conservação e restauro, desde 1987, a iniciativa pretende recuperar, durante um período de dez anos, uma área mínima de 7.000 hectares – o equivalente a 9.800 campos de futebol – da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e o segundo mais ameaçado do mundo.

Anteriormente, esta floresta tropical cobria 17 estados brasileiros, mas, atualmente, apenas 12% da sua área inicial está preservada, colocando em risco milhares de espécies que não existem em qualquer outro local.

O Programa de Conservação das Araucárias incidirá sobre uma área de risco particular, a Floresta das Araucárias, que conta apenas com 3% da sua área original preservada.

Combate às alterações climáticas

A restauração florestal também desempenha um papel vital no combate às alterações climáticas, uma vez que as árvores absorvem e armazenam dióxido de carbono à medida que crescem.

Sendo as florestas responsáveis pela absorção de 30% de todas as emissões de carbono no mundo, projetos de restauração, como o da Mata Atlântica, podem ter um impacto significativo na redução dos níveis de dióxido de carbono na nossa atmosfera e, subsequentemente, ajudar a inverter os efeitos das alterações climáticas.

Relativamente ao projeto piloto de restauração de 80 hectares, o primeiro ano de trabalho centrar-se-á no mapeamento de potenciais áreas para restauração.

Projeto da Tetra Pak será replicado

Após a validação desta fase inicial, o modelo será replicado noutras propriedades rurais, ao longo de dez anos, nos 7.000 hectares da Mata Atlântica, que faz a ligação entre os estados de Santa Catarina e Paraná.

A empresa diz que também irá certificar um território muito mais vasto, de acordo com os padrões internacionais voluntários de carbono e biodiversidade. A certificação medirá a fixação de carbono, o que significa que o projeto desempenhará um importante papel no compromisso da Tetra Pak de atingir zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa nas suas operações, até 2030.

O objetivo é que este território se expanda até 13,7 milhões de hectares – uma área do tamanho da Inglaterra – e encoraje outras organizações a aderir à iniciativa.

Miriam Prochnow, co-fundador da Apremavi, refere que “entre as metodologias propostas estão a plantação de plantas nativas, o enriquecimento ecológico das florestas secundárias e a regeneração natural. A longo prazo, as áreas restauradas serão integradas em corredores ecológicos, contribuindo para reduzir a pressão sobre espécies ameaçadas, tais como o papagaio de peito roxo e o veadeiro-pampeano. Estas ações são fundamentais para a proteção da biodiversidade, a restauração da qualidade dos solos e a manutenção da disponibilidade de água na região.”

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