A Citroën revelou o protótipo Oli (lê-se all-ë), com o qual pretende redirecionar a atual tendência de lançamento na indústria automóvel muito centrada em modelos 100% elétricos sofisticados, de grandes dimensões e caros para viaturas Battery Electric Vehicle (BEV) simples, compactas e acessíveis.

A marca diz que o Oli, que mede 4,20 m de comprimento, 1,65 m de altura e 1,90 m de largura, é “uma inspiração, à imagem do Ami, “para oferecer uma mobilidade alegre, acessível, responsável e extremamente versátil”.

A marca diz que este seu concept contraria “as tendências da indústria para veículos familiares de zero emissões mais pesados, mais complexos e mais caros, mostrando-se apto a ir ao encontro dos desafios sociais e de mobilidade do futuro”.

O fabricante desenvolveu o projeto pautado pela redução do peso e da complexidade, pela utilização de materiais reciclados e recicláveis.

Painéis em cartão ondulado reciclado

Os painéis do capot, do tejadilho e da traseira, do tipo “caixa de carga de uma pick-up”, para além de planos, foram escolhidos para cumprir os objetivos de baixo peso, de elevada resistência e de máxima durabilidade, tendo sido fabricados a partir de cartão ondulado reciclado, formado numa estrutura do tipo sanduíche de favo de mel, entrecortada por reforços de painéis em fibra de vidro e codesenvolvidos com a parceira BASF. São revestidos de resina de Poliuretano Elastoflex, cobertos por uma camada protetora de Elastocoat, dura e texturizada, soluções frequentemente usadas em decks de estacionamento ou rampas de carregamento, depois pintadas com uma tinta BASF R-M Agilis.

De acordo com a marca, os painéis são muito rígidos, leves e fortes – tão fortes que um adulto pode ficar de pé em cima deles – e o seu peso é reduzido em 50% quando comparado com uma construção equivalente num tejadilho em aço. “A sua versatilidade e durabilidade abrem um mundo de possibilidades para que os proprietários possam desfrutar de momentos de trabalho e de lazer”, frisa o fabricante.

Qualquer utilização que se possa imaginar, desde o uso do tejadilho como degrau, até uma plataforma para se montar uma tenda, a utilidade vem sem o peso ou os custos acrescidos do recurso a materiais exóticos. “É difícil acreditar que painéis de 6 kg possam suportar o peso de um adulto, mas é este o caso”, diz a marca.

O Oli, que inaugura, simbolicamente, a nova interpretação do logótipo “deux chevrons”/“duplo chevron” da Citroën, tem um peso de 1.000 kg e disponibiliza 400 km de autonomia.

A velocidade máxima está limitada a 110 km/h para uma máxima eficiência, com o consumo energético médio a ser de 10 kWh/100 km. O carregamento da bateria entre os 20% e os 80% pode ser realizado em cerca de 23 minutos.

V2G e V2L

O concept tem capacidade para devolver eletricidade à rede, à casa ou a acessórios (V2G e V2L). Tendo em linha de conta a sua bateria de 40 kWh e uma potência de 3,6 kW (equivalente a uma tomada doméstica de 230 V / 16 Amp), o Oli poderá, teoricamente, fornecer energia a um dispositivo elétrico de 3.000 watts durante cerca de 12 horas.

O para-brisas é vertical porque essa é a distância mais curta entre o topo e o fundo, usando-se uma menor quantidade de vidro. “Além de reduzir o peso e a complexidade, a superfície mais pequena é mais barata de produzir ou de substituir e também diminui a exposição dos ocupantes aos efeitos do sol. Estima-se, ainda, que ajude a reduzir até 17% a necessidade de energia obtida das suas baterias que o modesto sistema de ar condicionado do oli necessitaria”, aponta o construtor.

“Pode-se argumentar que um ecrã vertical é menos aerodinâmico, mas não esperamos que as pessoas conduzam este tipo de veículo a velocidades de 200 km/h. Considerámos ser mais útil em zonas urbanas e suburbanas, onde as pessoas reduzem a velocidade e estão conscientes dos aspetos ambientais e de segurança da mobilidade quotidiana. É por isso que limitamos a velocidade máxima do Oli a um máximo de 110 km/h”, explica Pierre Sabas, responsável da área de Design Avançado e Concepts da Citroën.

O Oli é uma diretriz, em que a tendência para “mais e mais” é trocada por uma abordagem mais positiva de “é suficiente”.

“Longe de ser um ‘palácio sobre rodas’ de 2.500 kg, repleto de ecrãs e de gadgets, o Oli prova que, apenas com o suficiente daquilo que os clientes precisam e querem, com um número adaptado de funcionalidades, com o uso inventivo de materiais responsáveis e um processo de produção sustentável, a Citroën pode responder à necessidade de uma mobilidade sem emissões e económica, atrativa e adequada a todos os estilos de vida”, contextualiza a marca.

Vincent Cobée, CEO da Citroën, explica a razão por que é este o momento certo para o Oli: “Três conflitos sociais estão a acontecer simultaneamente: em primeiro lugar o valor e a dependência da mobilidade; em segundo, os constrangimentos económicos e a incerteza dos recursos; e, em terceiro, o nosso sentimento crescente de desejarmos um futuro responsável e otimista. Os consumidores pressentem que a era da abundância poderá ter acabado, e que o aumento das regulamentações, bem como a subida dos custos, podem limitar a sua capacidade de se deslocarem livremente. Ao mesmo tempo, há uma crescente consciência da necessidade de acelerar os esforços para prevenir as alterações climáticas, o que nos está a tornar mais conscientes e exigentes.”

Olhando para o que tem sido a evolução da indústria automóvel, o CEO da Citroën declara: “Um automóvel familiar típico, de meados dos anos 70, pesava cerca de 800 kg e tinha 3,7 m de comprimento e 1,6 m de largura. Os equivalentes de hoje cresceram para mais de 1.200 kg, até mesmo 2.500 kg, têm pelo menos 4,3 m de comprimento e 1,8 m de largura. As exigências legais e de segurança têm impulsionado parte disso, mas se a tendência se mantiver e continuarmos a parar estes veículos 95% do tempo e a fazer 80% das viagens com um único ocupante a bordo, o conflito entre a necessidade de proteger o nosso planeta e a promessa futura de uma mobilidade sustentável e eletrificada não será facilmente resolvido.”

“Ser-se eco-consciente não deve trazer uma punição, limitando a nossa mobilidade. Temos de inverter as tendências, tornando-os mais leves e menos dispendiosos”, defende a Citroën.

Para Cobée, “a Citroën acredita que a eletrificação não deve significar extorsão, e ser-se eco-consciente não deve trazer uma punição, limitando a nossa mobilidade ou tornando os veículos menos gratificantes para desfrutar. Temos de inverter as tendências, tornando-os mais leves e menos dispendiosos, e encontrar formas inventivas de maximizar a sua utilização, e permitir a sua readaptação para os seus futuros proprietários. Caso contrário, as famílias não poderão pagar a liberdade de mobilidade quando os veículos totalmente elétricos se tornarem na única opção à sua disposição.”

Refere a marca que os clientes podem esperar ver muitos dos conceitos e das inovações apresentados no Oli em futuros veículos elétricos familiares da Citroën.

“O Oli é uma plataforma de trabalho para exploração de ideias engenhosas, que são realistas para uma produção futura”, diz Laurence Hansen, Diretora de Produto e de Estratégia da Citroën. “Nem todas estas ideias se irão juntar, nem na forma física que aqui se vê, mas o elevado nível de inovação que está a ser mostrado é inspirador para futuros modelos da Citroën.”

Artigo anteriorExportadores de soja podem transferir até quatro vezes certificados SSAP
Próximo artigoOito novas estações de bicicletas Gira em Lisboa
newest oldest most voted
Notify of
Henrique
Visitante
Henrique

Mas qual o preço??

Adelino Dinis
Admin

Ainda não é conhecido. Aguardemos…