Os ativistas do movimento estudantil que nos últimos dias bloquearam várias instituições de ensino em Portugal em protesto contra o fim dos combustíveis fósseis prometem voltar na primavera.
A ocupação do liceu Camões, em Lisboa, colocou um fim a esta vaga de ocupações que se saldou com a ocupação de duas escolas e quatro universidades no espaço de uma semana.
As reivindicações destes ativistas são de “fim aos combustíveis fósseis até 2030 e fim aos fósseis no governo, a começar pela demissão imediata do ministro da economia e do mar António Costa Silva”.
“Depois de termos fechado pela primeira vez na história dois secundários (a António Arroio e a liceu Camões) pelo clima, depois de quatro alunas da Faculdade de Letras terem sido detidas pela polícia, a pedido da direção, por estarem a lutar pacificamente pelo futuro de todas nós, e depois de termos criado disrupção e parado a normalidade em mais três universidades de Lisboa – o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa – e depois de dezenas de ativistas terem interrompido o ministro da Economia e do Mar no meio de um protesto de centenas contra o fracasso climático, declaramos que estas ocupações foram um sucesso”, refere o movimento.
Uma nova etapa dos protestos do movimento estudantil
As ocupações estudantis que começaram no dia 7 de novembro marcam uma nova etapa no movimento estudantil e no movimento por justiça climática: os estudantes estão a radicalizar-se e a escalar as suas táticas “à medida que a crise climática escala também. Não vamos parar, não vamos ser silenciados”, garantem.
Os organizadores deste movimento ativista elogiam a coragem e a determinação das centenas de estudantes que se juntaram para ocuparem as suas escolas “para lutar por todos nós e pelo nosso direito à vida e à educação. Queremos também agradecer aos pais, membros da comunidade educativa, e centenas de professores e de artistas que apoiaram os estudantes em luta e estiveram do nosso lado”.
“Embora não tenhamos vencido as nossas reivindicações ainda, decidimos dar hoje fim a esta vaga de ocupação”, referem os ativistas, indicando que irão começar já a preparar a próxima vaga de ocupações, “mais fortes e mais capazes na primavera de 2023”.
“Vamos continuar a lutar porque não temos outra alternativa sem ser vencer a luta pelas nossas vidas”, dizem os ativistas pelo clima.
O movimento diz que “o governo não se pronunciou quanto a acabar com o uso de combustíveis fósseis até 2030 – algo que a ciência nos diz que tem de acontecer para termos um futuro”, apontando o dedo ao ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, que “ainda não foi demitido nem se demitiu, permitindo assim a continuação da presença dos interesses fósseis no nosso governo”.
O movimento informou que hoje seis representantes das diversas ocupações serão recebidos no Ministério da Economia. Enquanto decorre a reunião, os estudantes estarão, em conjunto com a campanha “Gás é Andar para Trás”, em protesto em frente ao ministério da Economia e do Mar, às 16h.
Alice Gato, porta-voz do movimento Fim ao Fóssil, enfatiza: “Vamos até ao ministério para mostrar que não somos 6, somos centenas.”