Para fomentar a reflexão e discussão sobre a urgência de fazer o correto encaminhamento dos equipamentos elétricos e eletrónicos, pilhas em fim de vida e das suas embalagens, bem como, sobre os temas do consumo, economia e sustentabilidade nos dias de hoje, a ERP Portugal, a Novo Verde e a LG Electronics Portugal organizaram ontem, dia 24 de janeiro, no Museu da Eletricidade, em Lisboa, o Waste Summit 2022 – Economia, Consumo e Sustentabilidade.
Uma sessão onde foi possível promover a partilha de conhecimento e best pratices entre vários setores da sociedade para promover a literacia ambiental e despertar a consciência dos portugueses para a adoção de práticas sustentáveis, e que contou com a presença de Bernardo Corrêa de Barros, Presidente da Sailors for the Sea, João Wengorovius Meneses, Secretário-geral da BCSD Portugal, Jorge Cristino, especialista em Sustentabilidade, Carolina Almeida Cruz, Co-founder da C-MORE, e Fernando Leite, Presidente da Lipor.
O Waste Summit 2022 assume-se como mais uma oportunidade para a ERP Portugal, a LG Electronics Portugal e agora a Novo Verde – Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens, S.A, se constituírem como agentes de mudança e promoção de comportamentos benéficos para o ambiente ao nível da separação de resíduos, fomentando a economia circular através da redução, reutilização, reciclagem ou valorização e recuperação de materiais e de energia.
Serão os Equipamentos Elétricos e Eletrónicos, as Pilhas e Acumuladores e as Embalagens em final de vida lixo ou uma oportunidade? Para a ERP Portugal, a Novo Verde e a LG Electronics Portugal são uma oportunidade de fomentar a economia circular através da redução, reutilização, reciclagem ou valorização e recuperação de materiais e de energia desses resíduos, desde que corretamente encaminhados.
“A possibilidade de dar uma segunda vida a estes resíduos, mas também de alertar para a importância da adoção de comportamentos sustentáveis, desde o processo de produção, passado pela compra, utilização, até seu correto encaminhamento, é cada vez mais relevante na sociedade em que vivemos e em que o consumo destes produtos é exponencial. No entanto a sua reutilização tem ficado aquém do expectável e do possível”, sublinham as entidades envolvidas.
Segundo o estudo “Hábitos dos Portugueses em relação ao Lixo Eletrónico”, 59,2% dos portugueses admite que guarda os equipamentos que já não usa, mas que ainda funcionam, porque ainda podem ser úteis mais tarde.
No entanto, a verdade é que este espírito nacional do “ainda vai dar jeito” leva a que a maior parte destes resíduos acabe por ficar em gavetas, armários e caixas tanto em casa como no local de trabalho. Da mesma forma, muitas pessoas optam por guardar as embalagens de equipamentos como televisões ou eletrodomésticos de maiores dimensões, que ficam em garagens ou arrecadações a ganhar pó.
“A sustentabilidade é uma prioridade para a LG, tanto a nível internacional como local, há mais de 25 anos. Desde então, temos vindo a implementar sistemas de gestão ambiental ao longo do ciclo de vida dos produtos, desde o desenvolvimento até ao fim da sua utilização, de forma a reduzir a pegada ambiental da empresa e assim criar um sistema de gestão e um portefólio que assegurem um ambiente melhor. Neste compromisso, a inovação é a característica presente em todos os nossos processos”, sublinhou o Diretor de Marketing da LG Portugal.
Hugo Jorge exemplifica: “Uma das maiores inovações da marca surge no momento da produção dos equipamentos eletrónicos, com uma forte política de eco design a nível mundial que pressupõe um processo de montagem que é executado de forma a que o desmantelamento permita a reciclagem de grande parte dos componentes, o que se estende também às embalagens”.
De acordo com a LG, a empresa “encontra-se a reduzir igualmente as emissões de carbono nas unidades globais de produção de cerca de dois milhões de toneladas registados em 2017 para 960.000 toneladas até ao final de 2030”.
Milhões de toneladas de resíduos de pequenos equipamentos elétricos
Uma estimativa da Organização das Nações Unidas indica que até ao final do ano terão sido geradas, globalmente, cerca de 24,5 milhões de toneladas de pequenos equipamentos elétricos. A mesma entidade, indica ainda que estão atualmente em utilização cerca de 16 mil milhões de telemóveis em todo o mundo. Cerca de 5,3 mil milhões serão transformados em resíduos até final do ano, mas só uma pequena parte será corretamente encaminhada para reciclagem.
Em Portugal, só em 2021, foram colocadas no mercado mais de 232 mil toneladas equipamentos elétricos e eletrónicos e mais de 30% da população ainda não tem o hábito de encaminhar e reciclar o seu lixo eletrónico.
Além de terem um impacto negativo no ambiente, os Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos quando não são corretamente encaminhados são também um risco para a saúde pois contêm aditivos tóxicos ou substâncias perigosas, como o mercúrio, que podem danificar o cérebro e o sistema de coordenação.
No que respeita às embalagens, em 2021, foram colocadas no mercado nacional cerca de 806 153 toneladas de embalagens de Produtos de Grande Consumo, o que equivale a um consumo aproximado de 76 kg de embalagens per capita.
De acordo com a Novo Verde, a tendência crescente na colocação e consumo de embalagens, tem sido acompanhada pela quantidade recolhida, que aumentou todos os anos, desde 2017, a uma média de 7%.
Esta tendência traduz-se na recolha e tratamento em 2021 de 473 974 toneladas de resíduos de embalagens, o que equivale a 45 kg per capita e a uma taxa de retoma (quantidade recolhida em função da quantidade colocada no mercado) de 59%.
Para Ricardo Neto, Presidente da ERP Portugal e da Novo Verde, “a economia circular é uma exigência que o mundo dos negócios tem de passar a considerar como um elemento estrutural da sua atividade. Este conceito traduz-se num modelo de produção e de consumo que tem por base a partilha, a reutilização, a reparação, e a reciclagem dos materiais e produtos, aumentando o seu ciclo de vida e reduzindo o desperdício e resíduos ao mínimo. O atual sistema de produção linear está esgotado, pelo que a transição para a circularidade é uma urgência, embora os números não traduzam essa premência uma vez que a taxa de circularidade média, percentagem dos materiais e recursos reintroduzidos na economia, na Europa é ainda de 12%, e a portuguesa está pouco acima dos 2,2%.”