A importância de preservar os ecossistemas não é algo novo. Somente com ecossistemas saudáveis podemos combater as mudanças climáticas que se fazem sentir no planeta, deter o colapso da biodiversidade e melhorar a subsistência humana.
A Década da ONU para a Restauração dos Ecossistemas que se iniciou em 2021 e que se prolonga até 2030, é um apelo à proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o mundo, e espelha a urgência de fazermos algo para reverter o processo das alterações climáticas. Para este processo ser bem sucedido, é crucial olharmos para os ecossistemas marinhos.
Os oceanos são vitais para a vida no planeta, desde o ar que respiramos até à comida que ingerimos. Ecossistemas marinhos saudáveis, limpos, produtivos e cheios de biodiversidade são fundamentais para o bem-estar humano, pois providenciam-nos serviços sem os quais não vivemos.
Os chamados “serviços dos ecossistemas marinhos” são os benefícios diretos ou indiretos que o oceano proporciona à sociedade, como por exemplo alimento, captura de CO2, atividades recreativas ou transporte.
O projeto Marine SABRES (Systems Approaches for Biodiversity Resilience and Ecosystem Sustainability) nasce neste contexto, e visa juntar participantes de áreas bastante distintas como entidades governamentais, da política, de gestão ou da ciência. Estes irão trabalhar em conjunto para desenvolver um Sistema Sócio-Ecológico simples, que promova o processo de restauração dos ecossistemas, implementando ações que conservem a biodiversidade, contribuindo também para o bem-estar humano e para a economia azul.
Entre as áreas de demonstração estão os arquipélagos macaronésicos de Canárias, Madeira e Açores. Estas ilhas oceânicas possuem ecossistemas únicos e uma grande biodiversidade geradora de serviços sócio-ecológicos. Além disso são “hotspots” de turismo, com níveis diferentes de intensidade e pressão.
Este projeto é financiado no âmbito do Horizonte Europa e coordenado pela University College Cork, na Irlanda. É um grande consórcio europeu (22 parceiros), e tem como entidades participantes das três regiões macaronésicas a Universidade de Las Palmas de Gran Canária, o MARE- Centro de ciências do Mar e do Ambiente/ARDITI- Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação e a Universidade dos Açores.
Estas instituições vão, nos próximos quatro anos, trabalhar em conjunto para encontrar um equilíbrio entre a conservação da biodiversidade e o uso responsável das atividades marítimo-turísticas, como um todo na região, contribuindo assim para a capacitação das entidades gestoras para a tomada de decisões sustentáveis.