À medida que a crise ambiental se torna mais concreta para os cidadãos, chegou o momento dos veículos elétricos. A proibição de venda de veículos novos a gasóleo e a gasolina a partir de 2035 aponta igualmente neste sentido, assim como a antecipação de muitos fabricantes da passagem a uma produção 100% elétrica.

No entanto, os dados sobre a propriedade e as dificuldades de compra dos consumidores, agravadas por um período de inflação, mostram que há ainda um longo caminho a percorrer para esta transição, que terá de ocorrer no curto espaço de tempo de uma década.

Esta é uma ideia-chave do mais recente relatório do Observador Cetelem Automóvel 2023.

De acordo com esta análise, apenas 7% dos condutores portugueses afirmava, no ano passado, ter um híbrido ou elétrico, o que faz de Portugal um dos países europeus com menos proprietários deste tipo de veículos a seguir à Polónia (3%). É em países como a Noruega (23%), o Japão (23%) e a China (22%) onde encontramos maior proporção de proprietários de elétricos.

Um dos maiores obstáculos

Apesar de se verificar uma procura crescente por veículos novos 100% elétricos, com os registos de matrículas a assinalarem que, pela primeira vez, foi ultrapassada a fasquia das duas mil unidades em três meses consecutivos, “é preciso ultrapassar aquele que é entendido como um dos maiores obstáculos à adoção da mobilidade elétrica: o elevado custo de aquisição”, aponta esta análise.

Os dados do estudo do Observador Cetelem Automóvel 2023 indicam que o preço elevado deste tipo de veículos já levou muitos condutores, 8 em cada 10, a desistirem da compra, optando antes por uma viatura a gasóleo ou a gasolina.

Ainda segundo este estudo, Portugal é mesmo o segundo país europeu e o terceiro a nível global, em que este critério é indicado pela maior parte dos inquiridos. “Esta questão apenas não recolhe a maior parte das opiniões entre os residentes na Noruega (49%) e na China (46%), países onde a maturidade dos automóveis elétricos é mais antiga e firmada”, diz o Observador.

Perante este contexto, “os consumidores parecem indicar que, para apostarem na mobilidade elétrica, aguardam que as viaturas passem a ser financeiramente acessíveis. Se tal não ocorrer, poderão estar em causa as metas estabelecidas em todo o continente europeu. Uma mensagem que algumas marcas parecem ter já compreendido, fazendo promessas de viaturas com preços mais baixos nos próximos tempos”, conclui o Observador Cetelem.

Foto: Imagem de xb100 no Freepik

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