A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 21 de março como o Dia Internacional da Floresta em 2012 para celebrar e sensibilizar para a importância de todos os tipos de florestas. Os países são incentivados a empreender esforços locais, nacionais e internacionais para organizar atividades envolvendo florestas e árvores, como campanhas de plantação de árvores. Já anteriormente este dia estava institucionalizado como o Dia da Árvore.
“A gestão sustentável das florestas e a utilização dos seus recursos são fundamentais para combater as alterações climáticas e contribuir para a prosperidade e o bem-estar das gerações atuais e futuras. As florestas também desempenham um papel crucial na redução da pobreza e na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, realça a associação ambientalista Zero.
No entanto, observam os ecologistas, “apesar de todos esses benefícios ecológicos, económicos, sociais e de saúde inestimáveis, as florestas estão ameaçadas por incêndios, pragas, secas e desmatamento sem precedentes”.
O tema do Dia Internacional das Florestas para 2023 é “Florestas e saúde”.
“As florestas dão muito à nossa saúde – purificam a água, limpam o ar, capturam carbono para combater as alterações climáticas, fornecem alimentos e medicamentos que salvam vidas e melhoram nosso bem-estar. As florestas são ecossistemas cruciais para a sobrevivência do planeta e prestam-nos serviços inestimáveis. Conservar e usar as florestas de forma sustentável é uma das melhores formas de proteger o nosso planeta e a nós mesmos. Florestas saudáveis são vitais para todos os aspetos de um planeta saudável, desde os meios de subsistência e nutrição até a biodiversidade ao ambiente, mas estão sob ameaça”, enfatizam os ecologistas.
A Zero faz o retrato aos principais problemas da floresta em Portugal:
Problemas da floresta em Portugal
Mau uso do fogo (98% dos fogos têm causa humana)
- Mais de 10 mil incêndios em 2022;
- 1,2 milhões de pedidos para a realização de queimas e queimadas (comprova que esta permissividade com o mau uso do fogo não é um problema de gestão florestal, mas sim um problema social; ambientalmente é um desastre – emissões e destruição de nutrientes e matéria orgânica necessária aos nossos solos pobres).
Insuficiência de fundos para a floresta
- Novo Plano Estratégico da Política Agrícola Comum 2023-2027 (PEPAC) tem menos fundos para a floresta que o anterior quadro de apoio;
- Verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) – só menos de metade dos 615 milhões são para investir na floresta – Vale Floresta para pequenos proprietários só tem 3 milhões do Fundo Ambiental;
- Comprova-se assim que existe uma contradição entre o discurso político de transformação da paisagem num momento da ocorrência de grandes incêndios e a alocação dos meios financeiros necessários para o fazer.
Insuficiência de dados estatísticos
- À semelhança do que acontece noutras áreas da política pública, ou não existem dados ou, quando existem, encontram-se dispersos por várias entidades e não sistematizados;
- A situação é grave quando em presença de aplicação de fundos nacionais e comunitários – por exemplo, não existem dados fiáveis sobre áreas rearborizadas por espécie (comprova que o país necessita de melhorar muito na coleta de dados fiáveis que ajudem a monitorizar e avaliar o impacte das políticas públicas).
Soluções para os problemas
De acordo com a Zero, as soluções já são conhecidas e estão aceites, sendo agora preciso passar à sua implementação/concretização:
- Gestão colaborativa da floresta, principalmente em áreas de minifúndio, com remuneração dos pequenos proprietários;
- Mais investimento em espécies autóctones (carvalhos e outras espécies)
- Operacionalização urgente de mecanismos de pagamento dos serviços de ecossistema.
- Recurso ao que pode parecer paradoxo, mas é relevante, de maior uso do fogo controlado, para criar descontinuidade de combustível na paisagem com baixos custos.