A Alemanha quer aumentar significativamente a sua capacidade de produção de energia renovável, especificamente eólica, como parte dos seus esforços para descarbonização. Este aumento de energia renovável vai permitir eliminar outras fontes como carvão, gás fóssil e energia nuclear até 2040.

O país quer triplicar a capacidade de produção de energia eólica, mas sem aumentar o seu parque de turbinas. Isto será possível porque vai substituir turbinas eólicas mais antigas e menos eficientes por equipamentos de última geração.

Em abril, a Alemanha desligou os últimos três reatores nucleares da rede elétrica. Estas unidades foram responsáveis por 6% da eletricidade produzida pelo país em 2022. Os planos de descarbonização implicam também eliminar o uso de carvão até 2030. Para alcançar este objetivo, o país necessita de reforçar o investimento em energias renováveis a um ritmo três a quatro vezes mais rápido do que o adotado até o momento.

No entanto, a instalação de novos parques eólicos terrestres tem diminuído. Em 2017, a Alemanha instalou quase 2.000 turbinas eólicas, mas em 2022 esse número não ultrapassou as 500. Este decréscimo prende-se com as projeções do de preço da energia renovável.  

De acordo com o Instituto Fraunhofer, o custo de produção da energia fotovoltaica está a diminuir mais rapidamente do que o da energia eólica, podendo tornar a produção solar tão acessível quanto a eólica, mesmo nas regiões mais a norte do país.

Produzir energia em todas as regiões

A Alemanha já possui cerca de 28.500 turbinas eólicas terrestres, totalizando uma capacidade de aproximadamente 58 GW, além de aproximadamente 8 GW em parques eólicos offshore. A nova lei de energias renováveis estabelece uma meta para 2030 de 115 GW de capacidade instalada.

Até 2040, a Alemanha pode precisar aumentar essa capacidade para 160 GW, quase três vezes mais do que a capacidade atual. Especialistas da Universidade de Leipzig e do Centro Helmholtz de Investigação Ambiental argumentam que esse aumento pode ser alcançado com uma redução no número de turbinas, estimando que cerca de 25.000 turbinas seriam suficientes. Contudo, estes equipamentos seriam maiores e mais visíveis à distância, o que poderia gerar novos desafios de aceitação social.

Para distribuir melhor esse esforço, o Governo alemão está a solicitar que cada região destine cerca de 2% de seu território para o desenvolvimento de energias renováveis até 2032. Até mesmo a Baviera, que por muito tempo resistiu a essas medidas, terá que se comprometer, aumentando em quase 10 vezes a sua capacidade eólica instalada. A regra “10H”, que proibia a instalação de turbinas eólicas a uma distância das habitações inferior a dez vezes a sua altura, já foi flexibilizada na região.

Os especialistas estão otimistas e já estão a realizar simulações para identificar as melhores áreas para a instalação das turbinas, levando em consideração eficiência, preservação da natureza e distância das áreas habitadas.

Paralelamente, o Governo alemão elevou as suas metas para a energia eólica offshore, comprometendo-se a atingir 30 GW até 2030, 40 GW até 2035 (uma meta que a França pretende alcançar até 2050) e até 70 GW até 2045.

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