A Organização Meteorológica Mundial (OMM) está preocupada com impacto do calor no continente europeu associado ao desaparecimento da neve.

As temperaturas “alcançaram novos patamares” no ponto em que a água congela na atmosfera, segundo a OMM.

Ou seja, o calor é de tal ordem que o ponto de congelamento está cada vez a uma altitude maior.

A agência revela que o novo recorde nos Alpes Suíços é de 5.298 metros, bem acima dos picos mais altos da Europa, incluindo o Mont Blanc, com 4.811 metros de altitude.

A informação foi dada a jornalistas, em Genebra, pela porta-voz da agência. Clare Nullis contou que o novo valor está 115 metros acima do registo de 25 de julho de 2022, sendo o mais alto desde o início das medições em 1954.

A medição do ponto de congelamento foi feita por um balão meteorológico da Suíça, no pico do Payerne, no cantão de Vaud.

Temperaturas na Suíça desde 1864. Cada ano é mostrado numa cor diferente. Os anos com código de cores vermelho são mais quentes e os com azul são mais frios do que a média de 1961-1990. Fonte: Meteo Swiss

A OMM alerta sobre o impacto do calor observado este ano nas geleiras. No continente europeu, continua a tendência de congelamento “num nível dramático”, acompanhada pelo desaparecimento da neve, tal como foi observado em 2022.

Para Matthias Huss, chefe da rede de monitorização de glaciares da Suíça e membro da comunidade Global Cryosphere Watch da OMM, este é “outro golpe para os glaciares que já sofreram fortemente este ano. A cobertura de neve só está presente nas altitudes mais elevadas”.

Em grande parte da Europa foram ativados sistemas de alerta de nível três ou vermelho de risco alto na semana passada.

As previsões para metade das áreas do sul da França eram de temperaturas “acima de 37°C” que acabariam “atingindo um pico de 40°C a 42°C na região de Drome, no sudeste.”

Os serviços de meteorologia do país decretaram alerta em 49 departamentos e o nível mais alto em outros quatro.

Portugal, Itália e Croácia também emitiram alertas precoces devido ao calor.

A agência da ONU destaca “um período de clima quente estatisticamente incomum que persiste por vários dias e noites”. A linha de base atual usada para avaliar o nível extraordinário das atuais condições é o período de 30 anos, de 1991 a 2020.

Níveis de precipitação fortes noutras regiões

Por oposição, em regiões como a Escandinávia, os níveis de precipitação foram extremamente fortes. Na passada terça-feira, a Noruega emitiu mais um alerta vermelho devido às chuvas intensas num nível que representa “um risco de vida na parte sul do país”.

Fora da região europeia, grande parte do centro e sul dos Estados Unidos está sob alertas de calor excessivo que foram emitidos em regiões de planícies centrais e no estado do Texas.

A atividade dos ciclones tropicais no Atlântico também tem “aumentado” e há preocupação com os sistemas tropicais Gert, Franklin e Harold.

A tempestade Franklin é acompanhada de um risco de inundações para o Haiti e a República Dominicana. O Harold deverá chegar ao sul do Texas com chuvas muito fortes e o risco de inundações repentinas, após ondas de calor extremo e secas.

Já o furacão Hilary dissipou-se, mas atingiu partes do sul da Califórnia que raramente passaram pelos altos níveis de chuva agora registados.

Na cidade de Los Angeles foram quebrados todos os recordes de precipitação. O chamado “Vale da Morte” teve o dia mais chuvoso de todos os tempos, com 55,88 mm de chuva, quebrando o recorde de agosto de 2022.

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