A proporção de eletricidade gerada a partir de fontes de combustíveis fósseis registou uma diminuição para 33% na União Europeia (UE) durante o primeiro semestre de 2023, marcando um patamar histórico de baixa, de acordo com um relatório divulgado pelo grupo de reflexão energética Ember.
No período de janeiro a junho, a contribuição dos combustíveis fósseis foi responsável por 410 TWh (Terawatts-hora) da geração total de eletricidade na UE, o que representa a percentagem mais reduzida já observada no “mix elétrico”, com um valor de 33%.
Em contrapartida, as fontes de energia renovável, incluindo solar e eólica, somaram aproximadamente 36% de quota, com cerca de 27% provindos especificamente destas duas fontes, segundo os dados disponibilizados pelo grupo à agência France-Presse (AFP).
A produção de eletricidade a partir de fontes fósseis, provenientes de centrais a carvão ou gás, registou uma diminuição de 17% durante o primeiro semestre de 2023, comparativamente ao mesmo período de 2022, indica o relatório.
Cinco países membros da UE tiveram uma redução ainda mais significativa, superior a 30% (nomeadamente Portugal, Áustria, Bulgária, Estónia e Finlândia).
Mais especificamente, a produção de eletricidade a partir do carvão decresceu 23%, representando pela primeira vez menos de 10% do mix elétrico europeu em maio, enquanto a geração a partir do gás diminuiu 13%.
A energia solar registou um aumento de 13% (+13 TWh) no primeiro semestre em comparação com o mesmo período em 2022, enquanto a energia eólica cresceu 4,8% (+10 TWh). A geração hídrica aumentou 11% (+15 TWh).
“O declínio das fontes fósseis é um reflexo das tendências atuais. O carvão e o gás estão a tornar-se excessivamente dispendiosos e arriscados, e a UE está gradualmente a reduzir a sua dependência destas fontes”, sublinhou Matt Ewen, analista da Ember.
Produção ainda é insuficiente
Apesar do aumento nas fontes renováveis, a produção atual não é suficiente para compensar o declínio na eletricidade gerada a partir de fontes fósseis, que totalizou 86 TWh, enquanto a produção renovável cresceu pouco menos de 40 TWh durante o mesmo período.
Daí que os autores do relatório fazem um alerta sobre a necessidade de uma expansão significativa na adoção de fontes renováveis, em especial a energia solar e eólica, “para fortalecer uma economia resistente em toda a Europa” e para de forma sustentável compensar a queda na produção de eletricidade proveniente de fontes fósseis.