A camada de gelo na Antártida atingiu níveis de espessura de inverno nunca antes registados, de acordo com dados de satélite, desafiando a noção de que a região está imune aos efeitos do aquecimento global, avança a BBC.

A quantidade de gelo flutuante na superfície do Oceano Antártico atualmente mede menos de 17 milhões de quilómetros quadrados, ou seja, 1,5 milhões de quilómetros quadrados a menos do que a média registada em setembro do ano passado e consideravelmente abaixo do mínimo recorde do último inverno.

ESPECIALISTAS ALERTAM QUE UMA ANTÁRTIDA INSTÁVEL PODE TER CONSEQUÊNCIAS DE LONGO ALCANCE.

Essa redução equivale a uma área de aproximadamente cinco vezes maior do que o território das Ilhas Britânicas, exemplificam especialistas, alguns dos quais não são otimistas quanto à recuperação significativa da camada de gelo marinho.

Qual o papel da Antártida?

O gelo marinho é formado durante o inverno na Antártida (de março a outubro) e derrete principalmente durante o verão (de novembro a fevereiro), fazendo parte de um sistema interconectado que inclui icebergs, gelo terrestre e vastas plataformas de gelo.

Esta camada de gelo desempenha um papel fundamental na proteção do gelo terrestre e na regulação do aquecimento dos oceanos, explicam os especialistas.

A vasta extensão de gelo na Antártida regula a temperatura global, uma vez que a sua superfície reflete a energia solar de volta para a atmosfera e também mantém a água adjacente mais fria.

O que pode acontecer?

Sem essa camada de gelo para manter o planeta frio, a Antártida poderia deixar de ser um “frigorífico” da Terra para se tornar um “radiador”, advertem os especialistas.

Caroline Holmes, do British Antarctic Survey, referiu à BBC que os impactos da redução do gelo marinho podem tornar-se evidentes à medida que a estação avança para o verão no antártico. Há risco – segundo os cientistas – para um ciclo de “feedback de derretimento de gelo imparável” à medida que mais gelo marinho desaparece, expondo áreas mais escuras do oceano que absorvem a luz solar em vez de a refletir. Isso resulta na soma de energia térmica à água, que por sua vez provoca mais derretimento do gelo.

Este fenómeno pode contribuir significativamente para o aumento do calor global, perturbando o papel tradicional da Antártida como reguladora das temperaturas globais.

Os dados mais recentes indicam que, desde a década de 1990, a perda de gelo terrestre na Antártida contribuiu com 7,2 mm para o aumento do nível do mar. Os cientistas alertam que mesmo pequenos aumentos no nível do mar podem resultar em tempestades perigosamente altas que podem ameaçar comunidades costeiras, com impactos potencialmente catastróficos para milhões de pessoas em todo o mundo.

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