Os glaciares suíços experimentaram uma diminuição de 10% no seu volume ao longo de apenas dois anos, como resultado do agravamento das condições meteorológicas e das alterações climáticas, de acordo com uma investigação conduzida pela Academia Suíça de Ciências Naturais.
O grupo de especialistas responsável pelo estudo constatou que, nos últimos dois anos, a fusão dos glaciares equivaleu ao que ocorreu entre 1960 e 1990 devido às alterações climáticas.
Essa análise aponta que a perda de 10% do volume dos glaciares ocorreu entre 2022 e 2023, devido à escassez de neve durante o inverno e às temperaturas excessivamente elevadas no verão.
#Tschierva glacier and Piz #Bernina (4049 m a.s.l.) from Alp Ota (2257 m a.s.l.)
1895 | 2004 | 2021 pic.twitter.com/C1VbHTdyE0— Melaine Le Roy (@subfossilguy) September 11, 2021
O ESTUDO OFERECE UMA CONCLUSÃO INEQUÍVOCA: “OS GLACIARES SUÍÇOS ESTÃO, DE FATO, A DERRETER A UMA VELOCIDADE CADA VEZ MAIS ACELERADA”.
Após a redução de 6% do volume em 2022, um ano considerado recorde, os glaciares suíços derreteram mais 4% neste ano.
Essa tendência representa o segundo maior declínio registado desde que começaram as medições, conforme o estudo destaca.
Matthias Huss, diretor da rede suíça de pesquisa glaciológica (Glamos), atribui esse fenómeno a uma combinação de sequências adversas de eventos climáticos extremos e às alterações climáticas.
Huss enfatiza a urgência de implementar medidas para proteger os glaciares.
“TESTEMUNHAMOS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS TÃO DRÁSTICAS NOS ÚLTIMOS ANOS QUE É PLAUSÍVEL IMAGINAR A SUÍÇA SEM GLACIARES”, DIZ MATTHIAS HUSS.
Este especialista sublinha que a ação decisiva para a “estabilização climática” é vital para conter essa tendência alarmante, através da redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) a zero o mais rapidamente possível,
No sul e no leste da Suíça, os glaciares derreteram quase tanto quanto no ano recorde de 2022.
O mês de junho passado, caracterizado por ser seco e excessivamente quente, levou ao derretimento precoce da neve, com duas a quatro semanas de antecedência em relação ao padrão, impedindo assim a regeneração dos glaciares.
Conforme indicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) no seu relatório do ano passado, o derretimento do gelo e da neve figura entre as 10 principais ameaças decorrentes do aquecimento global. Outro estudo, publicado em janeiro na revista Science, alerta que metade dos glaciares da Terra está destinada a desaparecer até ao final do século, a menos que o aumento das temperaturas seja mantido abaixo de 1,5 graus Celsius em relação ao período pré-industrial, que é a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris em matéria climática.
— Melaine Le Roy (@subfossilguy) September 4, 2022