Naiara Casagrande
Naiara Casagrande
Investigadora do MARE, Unidade Regional de Investigação da NOVA

No setor dos plásticos, a Avaliação de Ciclo de Vida é amplamente utilizada pela indústria, porém, ainda não é possível quantificar os danos do plástico nos ecossistemas marinhos, porque os modelos para o fazer ainda estão a ser desenvolvidos. Assim, o avanço da metodologia de ACV neste sentido torna-se crucial, dada a imensa quantidade de plástico que chega anualmente ao oceano, estimada em mais de 12 milhões de toneladas, que irão resultar em impactos negativos nos ecossistemas e saúde humana.

O plástico e os estudos de Avaliação de Ciclo de Vida

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As atividades humanas, por serem de natureza dinâmica, originam frequentemente novos impactos negativos no ambiente, para os quais a ciência deve avaliar a sua real dimensão e efeitos. Por exemplo, o aumento do uso de plásticos, em especial os de uso único, tem causado consequências visíveis nos ecossistemas, que necessitam de ser compreendidas, caracterizadas e quantificadas com a maior fiabilidade e urgência possíveis.

Porém, apesar do conhecimento científico produzido nem sempre é fácil comunicar a dimensão destes impactos para outros setores, como a indústria, governo e a sociedade. É aqui que as metodologias de avaliação de sustentabilidade, como a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), são uma mais-valia. Os especialistas em ACV modelam e interpretam impactos ambientais gerados ao longo do ciclo de vida de atividades, produtos ou serviços, e os seus resultados permitem a identificação dos materiais ou processos com maiores impactos. 

Na quantificação dos impactos, a ACV utiliza modelos que são baseados em dados científicos obtidos em testes laboratoriais. Por exemplo, para modelos de caracterização de toxicidade, fazem-se cálculos que transformam a emissão de substâncias químicas em indicadores de impactos nos ecossistemas e na saúde humana. Portanto, quanto mais estruturada estiver a metodologia com estes modelos matemáticos, mais completos serão os resultados para análise das possibilidades de melhoria, a tomada de decisões, e a informação ao público.

No setor dos plásticos, a ACV é amplamente utilizada pela indústria, porém, ainda não é possível quantificar os danos do plástico nos ecossistemas marinhos, porque os modelos para o fazer ainda estão a ser desenvolvidos. Assim, o avanço da metodologia de ACV neste sentido torna-se crucial, dada a imensa quantidade de plástico que chega anualmente ao oceano, estimada em mais de 12 milhões de toneladas, que irão resultar em impactos negativos nos ecossistemas e saúde humana. 

O desenvolvimento de projetos que visam integrar os impactos dos plásticos nos oceanos na metodologia da Avaliação de Ciclo de Vida tem sido encorajado pela indústria e entidades governamentais, e irá ajudar a melhorar o conhecimento e a comunicação sobre a sua dimensão, e trazer conclusões que podem ajudar na definição de estratégias para lidar com esta problemática. Isto facilita a forma de pensar em soluções de redução dos impactos e aumento da sustentabilidade do plástico.

Foto de destaque de Javardh na Unsplash

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