O Rali Dakar é uma das provas mais exigentes do desporto motorizado e a Audi Sport fará a sua estreia na competição na próxima edição, a partir de 1 de janeiro de 2024, com um modelo eletrificado: pelos desertos da Arábia Saudita irão estar três novos Audi RS Q e-tron.

Se o nome RS Q e-tron sugere que é um veículo 100% elétrico, desta feita este RS Q e-tron não é. É, sim, um veículo híbrido. O novo Audi RS Q e-tron utiliza três motores elétricos (Audi MGU05, um para cada eixo herdado do FE-07 da Fórmula E da última temporada e uma parte do sistema de conversão) com uma potência total de 680 cv (500 kW).

O Dakar apenas conserva o nome já que não se disputa em África desde 2009, quando foi transferido para a América do Sul. E desde a edição do ano 2020, que o Dakar vive a sua aventura nas dunas da Arábia Saudita, onde a Audi irá fazer a sua estreia oficial no mítico rali maratona. A aventura da Audi no Dakar começou em 1985 com um Quattro não oficial equipado com um motor V10, inscrito e desenvolvido por uma equipa francesa, a Roc Compétition.

Isso permite uma aceleração dos 0-100 km/h em 4,5 segundos quando circula em terreno de baixa aderência, enquanto a velocidade máxima é de 170 km/h (limitado pelos regulamentos do Dakar). Um terceiro MGU, de conceção idêntica, faz parte do conversor de energia, e serve para recarregar a bateria enquanto se conduz. Além disso, a energia é recuperada durante a travagem. Os sistemas de energia elétrica deste veículo funcionam com três tensões diferentes: 12V, 48V e 800V.

A bateria tem 52 kWh e pesa 370 kg.

Sabia que…
a cablagem instalada dentro Audi RS Q e-tron tem um comprimento total de 4 km, enquanto o carro inteiro é composto por mais de 6.000 componentes diferentes?

Era mesmo necessário um motor de combustão?

Por ser uma prova extremamente complexa e longa, sem paragens intermediárias durante cada troço cronometrado (algumas etapas chegam a ter mais de 800 km num só dia), a marca explica que foi necessário integrar um motor de combustão interna TFSI para fornecer energia para a bateria. É um motor turbo a gasolina de quatro cilindros e 2 litros derivado do R5 campeão no DTM em 2020. A rotação varia de 4500 rpm a 6000 rpm, onde se consegue a gama mais eficiente de binário e potência. Parte da energia para recarregar as baterias é recuperada durante a travagem de forma a aumentar ainda mais a autonomia.

Em comparação com o Campeonato do Mundo de Fórmula E, que a Audi disputou oficialmente pela última vez na temporada de 2021 com um monolugar 100% elétrico, os padrões no Rali Dakar são diferentes: etapas diárias de muitas centenas de quilómetros, a enorme resistência à condução na areia do deserto, além de altas temperaturas climatéricas e um peso mínimo do veículo, definido pelos regulamentos, em duas toneladas são dados a ter em especial atenção nesta prova de off road.

O percurso desta 44ª edição do Dakar, que se realiza pela terceira vez na Arábia Saudita entre 1 (dia do prólogo em Haʼil) e 14 de janeiro de 2022 (em Jeddah, nas margens do Mar Vermelho), inclui 12 etapas num total de 8.375 km, dos quais 4.258 km em 12 setores cronometrados.

“Não é possível, com a atual tecnologia de bateria, conceber um veículo todo-o-terreno BEV 100% elétrico para o Rali Dakar sob essas condições”, sublinha Lukas Folie, engenheiro da bateria de alta tensão.

O conjunto das baterias tem 52 kWh de capacidade e pesa 370 kg (o RS Q e-tron tem um peso inferior a 2000 kg). Este sistema garante menos de 200 g/km emissões de CO2. Os dois eixos não possuem nenhuma ligação mecânica entre si, mas o “software” de distribuição de binário assume o mesmo papel de um diferencial central convencional.

Os pilotos da Audi Sport serão Mattias Ekström, Stéphane Peterhansel e Carlos Sainz.

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