Num cenário onde o lixo eletrónico pode chegar às 75 milhões de toneladas em menos de 10 anos, temos de compreender como é responsabilidade de todos reverter esta situação. Se, por um lado, os consumidores estão atentos e procuram alternativas sustentáveis para o seu dia a dia, então, por outro, as marcas devem continuar a desenvolver processos e produtos que não só respondam a esta procura como inovem, ainda mais, no sentido de um futuro em equilíbrio com o planeta.
Num estudo recente feito pela Kantar, foi surpreendente perceber como metade dos portugueses já está a comprar mais produtos em 2ª mão do que comprava há 5 anos atrás. Há mudanças que levam tempo a operar, mas a preocupação com a sustentabilidade parece estar a acelerar esta transformação nos hábitos de consumo — o que pinta um panorama positivo para um futuro sustentável, feito pelas escolhas mais conscientes de todos os cidadãos.
Entre os principais produtos comprados, estão livros, roupas e mobiliário. Aliando estes dados ao facto de que para 40% dos portugueses a sustentabilidade ser o fator número um para escolher comprar algo em 2ª mão, é percetível como há uma crescente preocupação com um consumo consciente. Agora, é preciso estender esta prática também aos produtos tecnológicos, cuja produção é responsável por 2 a 3% das emissões de gases com efeito de estufa – o mesmo que o setor da aviação, por exemplo, como mostra o Programa do Ambiente das Nações Unidas, em 2021.
A compra e venda de tecnologia usada já é uma realidade, mas nem todo o ciclo é compreendido pelos consumidores. Quando questionados sobre as opções de venda dos seus telemóveis a marcas ou lojas online, 80% dos portugueses diz que nunca o fez ou nem sabia que era possível. Há uma grande oportunidade para as marcas reforçarem a sua presença e participação na economia circular ao disponibilizarem e facilitarem opções para que os consumidores possam devolver os seus aparelhos avariados ou que já não usam. Além de poderem evitar o descarte incorreto desta tecnologia no meio ambiente, têm um papel positivo no prolongamento da vida útil dos aparelhos, que podem ser recondicionados na totalidade ou parte para voltarem a ter uso.
Estamos perante um público mais educado para o seu consumo, mais interessado no que cada produto envolve e mais preocupado com o impacto dos seus hábitos no meio ambiente. Queremos relação mais saudável com o planeta que esta?
É dever das marcas continuar a alimentar esta educação e transformação do panorama de consumo consciente, assumindo responsabilidades sobre toda a cadeia de valor dos seus produtos, investindo e investigando soluções para tornar o ciclo de vida mais sustentável e reforçar, em simultâneo, a economia circular. Há um grande potencial em cada componente tecnológico e o lixo de hoje é, na verdade, o pilar da sustentabilidade do amanhã.
Foto de destaque por Sahand Babali na Unsplash